Mais um documentário musical nacional, O Pequeno Burguês – Filosofia de Vida retrata o cotidiano de Martinho da Vila, um dos maiores sambistas brasileiros.
Na mesma linha de Coração Vagabundo (documentário sobre Caetano Veloso), O Pequeno Burguês não tem a intenção de contar a história de Martinho. Conta um pouco, mas sem ter essa obrigação.
O grande lance é mostrar o Martinho em sua intimidade. Não no formato de programa de fofocas, mas no sentido de acompanharmos Martinho pelos lugares onde ele viveu, sempre tendo-o como “filósofo-guia”.
Ele apresenta o lugar onde nasceu – que hoje virou o Instituto Martinho da Vila – a fazenda onde se refugia, o contato que tem com a natureza. Tudo sempre no ritmo dele: devagar, devagarinho. Sem pressa de chegar, mas sempre chegando lá.
Martinho representa muito bem o Brasil no exterior e fez trabalhos exemplares na África, particularmente na Angola. Algo que nunca fez questão de divulgar e que o filme traz à tona.
Algo que favoreceu o filme em alguns momentos foi o fato de ter sido filmado no formato digital, o que, unido aos cenários íntimos, põe o público mais perto da persona Martinho, como se estivessem assistindo vídeos de família.
Mas nem tudo são flores. O diretor Edu Mansur comete alguns erros, como o de colocar o Martinho para narrar a própria história... e lendo! Tirou-lhe a naturalidade.
O documentário é simples, mas em alguns momentos confunde-se com simplório. Há pouquíssimas imagens de arquivo e imagens dos shows de Martinho. De arquivo, apenas o show em Montreaux, em 1988. De novo, só o show em Portugal. Ambos usados mais de uma vez, como se não tivesse outro material disponível. Até a música que introduz algumas seqüências é a mesma, em vários momentos do filme. Cadê o repertório imenso do cantor? Por que não usá-lo?
O cara vai pescar e ao invés de tocar uma música relaxante, toca-se uma música... fúnebre!
O filme termina e... cadê o Martinho? Apenas a voz de Ana Carolina, cantando uma música dele.
Martinho é a tradução da simplicidade, um ser humano incrível e é muito bom poder conhecê-lo melhor através do filme. Mas de simples, bastava ele.
O Pequeno Burguês - Filosofia de Vida
(idem, Brasil, 70 minutos, 2008)
Dir.: Edu Mansur
Nota 5,0
Para saber os horários do filme no FIC Brasília, clique aqui.
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