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domingo, 29 de novembro de 2009

Cidadão Boilesen: comentários sobre o filme e relato de uma experiência



 (Aviso: o post ficou grande, mas peço a paciência de vocês para que leiam-no até o final).




Você impressiona-se com sensacionalismos? Assista Cidadão Boilesen. Não gosta deste modelo de persuasão à la Michael Moore? Abra uma exceção e assista este filme, mesmo assim.

O filme, do diretor carioca (!) Chaim Litewiski, (re)constroi a memória sobre a vida de Henning Boilesen, empresário bem-sucedido que até hoje causa controversas sobre seu comportamento duvidoso na época da ditadura militar brasileira. Alguns o têm na memória como um sujeito dedicado, pai de família exemplar e trabalhador de índole inquestionável. Outros o têm como um dos principais empresários que tinham ligação política e econômica com o regime ditatorial, cabeça de muitas barbáries cometidas naquela época. A verdade é que Henning é, até hoje, a própria imagem da dualidade.

O documentário foi o vencedor do prêmio de Melhor Filme no festival “É Tudo Verdade” deste ano, um dos principais festivais de documentários do mundo.

O diretor se utiliza de uma farta variedade de fotos de arquivo do retratado, além de contar com cenas de filmes de ficção e seriados que já contaram alguns pedaços da história militar no Brasil, como Lamarca, Batismo de Sangue, Anos Rebeldes e Pra Frente Brasil. Mas a imagem mais utilizada (à exaustão, diga-se de passagem) é a imagem de um sujeito assassinado, caído à beira de uma sarjeta. Desde o início do filme a foto é mostrada e mais pra frente será explicada, da maneira mais sensacionalista possível. Tal postura incisiva diante do tema eu falarei logo mais.

O filme inicia-se com um questionamento aos moradores da Rua Henning Boilesen, em São Paulo. Quem foi este sujeito? Alguns tinham ideia, mas a maioria não. O questionamento fica no ar e parte-se para a exposição dos fatos. A construção da persona de Boilesen é feita através do mesmo bombardeio de informações que Michael Moore utiliza em seus filmes, sem dar muito tempo para o espectador pensar. A reflexão só vem no final. Até lá, Chaim (o diretor) constroi – ou destroi – a imagem do empresário que trabalhou na Ultragaz, Petrobrás, FIESA, teve envolvimento com o Banco Mundial e uma suposta relação com a CIA e com a OBAN (Operação Bandeirantes). Ao mesmo tempo em que ele recebeu comendas do Brasil e da Dinamarca (seu país de origem), foi nele, por exemplo, que foi inspirado o nome da famosa Pianola Boilesen (que não vou explicar o que é; assistam o filme).


De início, revoltei-me, pois tive a impressão que o filme exaltava a figura de uma pessoa perversa. Aos poucos, vi que a revolta causada era só a entrada para o prato principal que estava por vir. Comecei a construir, na minha cabeça, a imagem de uma pessoa muito parecida com o ditador ugandês Idi Amin Dada, que escondia um sujeito monstruoso atrás da carapaça de um homem bom e que lutava pelos interesses da sua nação. Assustou-me perceber que, se alguém quisesse, poderia ter feito um filme exaltando Henning Boilesen, de tão paradoxal que ele era.

Para mim, uma coisa ficou clara: um sujeito que frequentava (e gostava de assistir) sessões de tortura, não poderia, definitivamente, ser bom. Não era preciso um monte de flashes avermelhados com a foto do tal cara assassinado na sarjeta, mostrados a todo momento, como em um filme de terror.

Pois bem, agora falarei sobre a tal “postura incisiva” citada no começo do texto. Assisti a Cidadão Boilesen durante o Festival Internacional de Cinema de Brasília, no início do mês. A sessão contou com a presença do produtor e montador do filme, Pedro Oleg.

Ao término da sessão, uma questão veio-me à mente e eu explico antes o porquê: o filho do Boilesen foi entrevistado e exalta, a todo momento, a figura do pai. As suas falas são estrategicamente posicionadas no filme, de maneira que ele também pareça um monstro, no mínimo um sujeito hipócrita que insiste em dizer o pai foi um cidadão exemplar. A utilização dessas imagens, para mim, fere a ética dos documentaristas, ao pegar um depoimento de um “desavisado” e inserí-lo num contexto diferente, de forma a denegrir a sua imagem.

Uma pessoa fez a pergunta que eu queria: “vocês avisaram à família do Boilesen que eles seriam retratados da forma como o foram, quando os procuraram para dar o depoimento para o filme?” O produtor, Pedro Oleg, disse: “Deixamos clara a nossa intenção e ele topou ser entrevistado. Depois, enviamos o filme a ele e o procuramos para saber o que ele achou, mas ele nunca mais quis falar conosco”. Ora, por que será? Sinceramente, não acredito que o cara foi avisado sobre como sua imagem seria utilizada. Ninguém aceitaria “colaborar” para ter sua imagem ferida daquela maneira. Que fique claro que não estou defendendo ninguém, mas o filho do Boilesen não é o Boilesen, ou seja, talvez não merecesse ser pintado como um monstro, pois aparentemente, ele (o filho) nunca teve envolvimento com as ações cruéis do pai. Apenas é um filho que acha (e tem o direito de achar) que o pai foi um herói. Não defendo-o, só critico a declaração do produtor, que poderia ser muito mais sincero na sua resposta.


Outra coisa: Oleg disse que o diretor tentou ser imparcial o tempo todo, deixando para o público a interpretação se Henning Boilesen foi ou não um asqueroso comandante de ações militares, na ditadura. Ora, depois de tudo que relatei sobre o filme, preciso dizer mais alguma coisa? Desde quando a imparcialidade é elemento de um documentário? Ainda mais de um como este...

O Oleg pode até ter tido boas intenções no debate, mas eu acho que ele foi infeliz nas suas declarações. Pena que o “debate” acabou muito rápido e não pude indagar o produtor sobre estas questões. Ficaram todos apenas com declarações de amor ao filme, por parte do público, que parece ter acreditado em tudo o que viram. É um direito deles, assim como é direito meu filtrar aquele bombardeio de informações.

Enfim, gostaria de ter conhecido o diretor do filme, Chaim Litewiski. Talvez ele tivesse declarações menos infelizes e mais sinceras para dar.

Achei Cidadão Boilesen um documentário excelente, mas o debate pós-sessão fez o filme cair no meu conceito. Uma pena. Mas recomendo mesmo assim.

E desculpem-me pelo desabafo, mas não podia deixar passar em branco a minha experiência.

Trailer

  




Cidadão Boilesen

(idem, Brasil, 92 minutos, 2009)

Dir.: Chaim Litewiski


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Julie & Julia


Depois de tantos dias assistindo a filmes alternativos, durante os festivais aqui de Brasília, foi um choque voltar ao circuito comercial. Impressionante como o ritmo, a montagem, a narrativa, trilha, atores, é tudo muito diferente. Pelo menos o filme da vez não era ruim, mesmo não sendo uma preciosidade.

Julie & Julia é o novo filme de Nora Ephron (Mensagem Para Você), que conta as histórias de Julia Child, uma famosa chef de cozinha, autora do livro Mastering the Art of French Cooking, e Julie Powell, uma atendente de SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), que resolve criar um blog, no qual relataria o desafio autoimposto de fazer, em 365 dias, as 524 receitas constantes no livro de Julia Child, seu ídolo.

As duas tiveram histórias parecidas (o filme é baseado em fatos reais) e isso fez com que a diretora resolvesse contar as histórias com uma montagem paralela e linear, como se comparasse a trajetória das duas mulheres. Ambas envolveram-se com a culinária como forma de sair da rotina tediosa, mesmo não tendo muito jeito com a cozinha. Aprenderam tudo com força de vontade e determinação em alcançar seus objetivos.

O roteiro baseia-se em dois livros: a história de Julia Child foi inspirada pelo livro My Life in France e a de Julie, pelo livro Julie & Julia, escrito pela própria Julie Powell.


As histórias separam-se por uma diferença de 40 anos e é interessante que Nora Ephron optou por não usar efeitos de fotografia para distinguir as duas épocas. O espectador percebe nitidamente que se tratam de décadas diferentes apenas pelos figurinos e cenários, que são obviamente bem cuidados, senão tal distinção seria dificultada.

O início do filme é recheado de cenas forçadas, diálogos clichês e personagens fake (os coadjuvantes). Nada de espantoso, em se tratando de um filme de Nora Ephron. A Julie é tida como uma coitada, as ações mostram isso, mas quer algo mais chato do que você estar vendo toda a situação explicitamente e ainda ter que ouvir pessoas te explicando tudo, como se os seus neurônios não fossem capazes de entender tudo? Esta necessidade absurda que os americanos têm de colocar tudo em palavras torna os filmes redundantes. Irrito-me com isso. Sinto minha inteligência subestimada.

Outra coisa que me deu agonia: a sonoplastia. Ninguém merece ouvir barulhos de pessoas comendo, um shlep-shlep sem fim. Mas isso passa depois de um terço de filme.

A história fica mais divertida quando as duas, cada qual em sua época, começam a aprender a cozinhar e vão cumprindo o desafio de fazer receitas cada vez mais elaboradas. Ao mesmo tempo, cada uma passa pelas crises emocionais de quem almeja ser um escritor reconhecido, uma com as recusas de publicação do seu livro e a outra com as incertezas e o desânimo que dá em todo blogueiro em começo de “carreira”, sem saber se o projeto vai chegar a algum lugar, se as pessoas estão lendo o blog (e gostando), se tanto trabalho para manter o projeto de pé vale a pena.


Meryl Streep está bem engraçada (apesar de caricata) no papel de Julia Child e Amy Adams parece, aos poucos, conseguir se livrar do estigma de fragilzinha, no papel da Julie Powell. O filme seria a coisa mais sem graça do mundo, não fosse o talento dessas duas atrizes.

Julie & Julia é um filme muito divertido, clichê, mas alguns respiros de originalidade. Eu esperava um filme excelente. Não foi, mas gostei mesmo assim.

Quem for assistir, reparem em como eles filmaram o planossequência que encerra o filme, no trabalho de movimentação de câmera e de mudança de iluminação. Muito bom!

Trailer 



(idem, EUA, 123 minutos, 2009)
Dir.: Nora Ephron
Com Meryl Streep, Amy Adams, Stanley Tucci, Chris Messina
Nota 7,6


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Giuseppe Tornatore vem ao Brasil para apresentar a V Semana Veneza de Cinema



De 27 de novembro a 02 de dezembro, Brasília receberá seis filmes imperdíveis. Tratam-se de produções italianas aclamadas no último "Festival Internacional de Cinema de Veneza", que fizeram parte das atividades da 66ª Bienal de Veneza.


Padrinho do evento, o diretor italiano Giuseppe Tornatore vem à Brasília na abertura da mostra, no dia 27, apresentar sua última película, Baarìa. A produção é a escolhida pela Itália para representar o país no Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010. Em 1990, o diretor conquistou o prêmio por Cinema Paradiso. Grandes paixões, arrebatadoras utopias e uma lenda plena de heróis compõem a história de Baarìa, que conta a trajetória de três gerações de uma família siciliana entre os anos de 1930 e 1980. A película será exibida na abertura da mostra, às 20h30.

Novata em longas metragem, Susanna Nicchiarelli dirige o romance Cosmonauta, em que dois irmãos seguem juntos uma crônica de corrida ao espaço.


Também dirigindo seu primeiro longa, Valério Mieli apresenta Dieci Inverni, história de amor contada em quadros, onde cada inverno é uma janela que se abre para investigar a vida das pessoas que nunca se perdem por completo, mas crescem marcadas pelo difícil início da vida adulta.


O veterano Michele Placido escreve e dirige Il Grande Sogno, inspirado em sua autobiografia. Três jovens vivem um triangulo amoroso, em que um deles é Nicola, um agente policial que opta pela recitação, o grande sonho de Michele.

Giuseppe Capotondi é responsável pela direção do dramático romance La Doppia Ora. Um rápido encontro se tranforma em um paixão arrebatadora e, logo em seguida, em um luto sem sentido. Após a morte do amado, uma arrumadeira revive seu passado e enfrenta diversos questionamentos. Francesca Comencini dirige o visionário musical Lo spazio bianco, em que trata das diferentes experiências que a maternidade traz.

De acordo com Antonella La Francesca, embaixatriz da Itália no Brasil e organizadora da mostra, os filmes serão apresentados em primeira mão ao público do evento. "As produções selecionadas serão exibidas pela primeira vez no Brasil durante a mostra. São filmes excelentes, que retratam a atual produção cinematográfica italiana", afirma Antonella.

A V Semana Veneza de Cinema acontece também, de 25 de novembro a 1º de janeiro, em São Paulo, e de 30 de novembro a 5 de dezembro, no Rio de Janeiro.


Confira a programação:


São Paulo
De 25 de novembro a 1º de dezembro de 2009
Teatro FAAP-(Portão 1, Rua Alagoas 903) Núcleo de Artes Cênicas


Abertura: 25/11 - 19h00 Baarìa
Espaço Bombril - Av. Paulista 2073
26/11 - 18h00 Baarìa
27/11 - 18h00 Cosmonauta
28/11 - 18h00 Il grande sogno
29/11 - 18h00 Lo spazio bianco
30/11 - 18h00 La doppia ora
1º/12 - 18h00 Dieci inverni


Brasília
De 27 de novembro a 2 de dezembro de 2009
Cine Brasília (EQS 106/107)


Abertura: 27/11 - 20h30 Baarìa
28/11 - 19h30 Dieci Inverni
29/11 - 19h30 Cosmonauta
30/11 - 19h30 Il grande sogno
1º/12 - 19h30 Lo spazio Bianco
2/12 - 19h30 La doppia ora


Rio de Janeiro
De 30 de novembro a 5 de dezembro de 2009
Cinema Odeon (Pça. Floriano, 7, Cinelândia)


Abertura: 30/11 - 19h30 Baarìa
2/12 - 21h00 Cosmonauta
3/12 - 21h00 Il grande sogno
4/12 - 21h00 Dieci Inverni
5/12 - 21h00 Lo spazio bianco
6/12 - 21h00 La doppia ora


*A entrada é franca nas três cidades. Não percam!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Polícia, Adjetivo


Estreou nesta semana o longa-metragem Polícia, Adjetivo, escolhido da Romênia para representar o país no Oscar 2010.

Dirigido por Corneliu Porumboiu (À Leste de Bucareste), conta a história de Cristi, um policial que investiga um jovem que foi pego oferecendo haxixe a dois colegas de escola. Cristi tem receio de prender o rapaz, já que a lei está para mudar e o ato não seria mais condenável. Ele entrará numa crise ética. O que fazer: obedecer a lei ou a sua consciência?

É isso. São 115 minutos de “perseguição” (não entenda isso como um filme de ação), com muita calma e quase nada acontecendo. É o tipo de filme no qual várias pessoas sairão no meio da sessão. Coitadas dessas pessoas. Perderão o melhor do filme.

Quando nada mais parecia poder acontecer (além do nada que predominava até então), em sua última meia hora o filme entra numa discussão quase que filosófica e paradoxalmente muito objetiva sobre o sentido da palavra e da profissão “polícia”, numa cena longuíssima, mas sensacional, na qual o protagonista confronta-se com o seu chefe, que o obrigará a decidir, após a conversa, o futuro da rapaz investigado.

Vinte minutos. Um único plano. Nada de trilha. Uma conversa somente. E que conversa! De tão incrível, só esta cena já vale todo o preço do ingresso. Além de ter conteúdo, possui um toque de humor negro que quase matou uma senhora de tanto rir, na minha sessão.

Uma pena o desenvolvimento do longa não ser tão incrível quanto o final.

Sinceramente, não acredito na indicação deste filme ao Oscar, mas isso não quer dizer que não seja um grande filme.

Vencedor do Un Certain Regard, de Cannes, além do prêmio especial do júri para o diretor Corneliu Porumboiu. Injustamente, porque À Deriva, do Heitor Dhalia, merecia bem mais...

Trailer:


Polícia, Adjetivo

(Politist, Adj.; Romênia, 115 minutos, 2009)

Dir.: Corneliu Porumboiu

Com Dragos Bucur

Nota 7,8


Saiba se o filme está em cartaz na sua cidade!

sábado, 21 de novembro de 2009

Explicações, notícias e críticas sobre o 42º Festival de Brasília


Acho que devo explicações sobre o meu sumiço. Muitos perguntaram-me porque eu resolvi não cobrir o 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Aconteceu que, ao término da cobertura do FIC Brasília, tive que pôr a vida nos eixos novamente. Contas a pagar, casa para cuidar, trabalho a ser reposto, além dos compromissos com a universidade, na qual estou prestes a me formar. Para aumentar a correria, estou às vésperas de filmar mais um curta-metragem, no qual assino a produção executiva.

Tudo isso, unido ao fato de que a organização do Festival de Brasília recusou-me a credencial, fez com que eu decidisse não cobrir o festival.

Infelizmente, isso deixou-me um pouco por fora do que tem acontecido nos bastidores do evento. Inclusive, só hoje fui avisado de que um dos curtas que produzi, o 32 Mastigadas: 16 N e 16 S, passou ontem no Hotel Nacional, dentro da programação do Seminário Imagens e Imaginários de Brasília, realizado pela professora doutora Tânia Montoro, através do Festival. Fiquei feliz em saber que o curta foi super bem recebido pelo público presente, mas triste pela falta de organização do festival, que sequer avisou aos realizadores do filme sobre a sua exibição.

Apesar de todos esses probleminhas, consegui ir, na quinta-feira, assistir a um dos dois longas que realmente interessaram-me na Mostra Competitiva: o documentário Filhos de João – Admirável Mundo Novo Baiano.

Nunca havia experimentado assistir um filme deste festival num dos locais alternativos ao Cine Brasília. Assistir aos dois curtas e ao longa no Centro Cultural Banco do Brasil foi bem interessante. Lá, não há a usual aglomeração absurda de pessoas e a disputa enlouquecida por um lugar, como acontece no tradicional Cine Brasília, todas as noites.

A reação do público, durante a exibição, também é mais contida. Talvez por ser uma sala bem menor, onde todos podem identificar de onde vêm as reações. Isso intimidou, mas não impediu os espectadores de baterem algumas palmas comedidas ou darem boa risadas com os filmes.

Primeiramente, assistimos ao curta carioca O Homem-Bomba, sobre a relação de dois pequenos amigos num dos morros do Rio de Janeiro. Particularmente, não gostei do curta. Tem uma fotografia azulada que intenciona deixar o clima constantemente nublado, inclusive camuflando o sol nas cenas diurnas. Um tom sombrio que julgo ser desnecessário. Além disso, o fato de as duas crianças terem sido selecionadas do Nós do Morro – grupo de teatro de Guti Fraga, que revela grandes artistas do morro constantemente – implicitava que elas seriam boas ou que seria melhor ensaiadas, o que não aconteceu. O Homem-Bomba é um curta bem irregular, sem grandes atrativos. É o chamado filme “whatever”.

Em seguida, iniciou-se o curta gaúcho Amigos Bizarros de Ricardinho, sobre a história de Ricardinho, um sujeito tipicamente palerma, mas cheio de histórias bizarras para contar, sobre seus amigos. Ricardinho vai em busca do seu sonho: ser um arte-finalista numa empresa de publicidade, assim como foi o seu pai.

O diretor Augusto Canani é escancaradamente influenciado por uma penca de gente, especialmente por outro gaúcho, o cineasta Jorge Furtado. A semelhança de edição e narrativa com o curta Ilha das Flores é evidente. Além desta, percebi outras claras influências, como a forma de mostrar os amigos bizarros, bem parecida com a forma utilizada por Tim Burton em Peixe Grande. O personagem central tem suas semelhanças com a empregada (não sei o nome dela) de Pato Branco do seriado Toma Lá Dá Cá e até os papéis de parede que servem como cartelas introdutórias às sequências do curta são quase idênticas às utilizadas em O Cheiro do Ralo. Um caldeirão de influências que impede o diretor de se mostrar como inovador, mas que pode garantir-lhe um caminho parecido com o de Jorge Furtado, podendo dirigir comédias na Globo ou filmes de apelo popular. Não que eu ache isso negativo, só acho que não demonstra nada de novo.

Apesar disso, o curta é bem divertido e arrancou boas gargalhadas do público. Dois destaques: o protagonista Ricardo Lilja (cujas histórias reais serviram de base para o roteiro) e a ótima trilha sonora. Um mérito da produção: o filme foi rodado em abril deste ano. Há que se parabenizar a equipe pela organização de cronograma, que conseguiu finalizá-lo em 35mm há tempo de inscrevê-lo no festival, algo difícil de acontecer, já que o processo de finalização nesta bitola é demorado, pela quantidade absurda de etapas burocráticas pelas quais o filme passa na pós-produção.

Como o post ficou enorme, publicarei a crítica do Filhos de João mais tarde, num post único.

Abraços a todos!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Balanço do FIC e seus premiados


Ontem foi o último dia de FIC Brasília, que, para mim, terminou próximo à meia-noite.

Como hoje foi dia de volta à labuta oficial, não tive tempo de escrever sobre o encerramento do festival.

Quero apenas não deixar passar em branco o sentimento que tive com relação ao evento.

Foram doze dias de uma maratona maluca, muito filmes, muita socialização e muito neurônio queimado em prol de uma cobertura decente para vocês, leitores.

Pois eu digo que valeu a pena. O Festival Internacional de Cinema de Brasília tem peculiaridades dificilmente encontradas em outros festivais. O espaço único de exibição dos filmes faz com que todos se misturem: público, produção e convidados. É possível esbarrar com Lírio Ferreira, que convida-te a tomar uma cerveja ou conversar a Miss Simpatia do festival, a atriz francesa Elsa Amiel, que além de linda e bem-humorada, ainda fez questão de aprender textos inteiros para falar com o público em português.

Convidados como Victoria Tate ou Sebastian Hulk, que entraram no clima de festa e foram só sorrisos com o público. Fora os jovens Henrique Larré e Samuel Reginatto, de Os Famosos e os Duendes da Morte.

Num dos momentos mais singelos e inusitados, eu, ao sair de uma das salas, deparei-me com ninguém menos que Ryuichi Hiroki, um dos diretores de maior sucesso de público no Japão, sozinho, escutando atrás da porta da sala que passava o filme dele, ouvindo a reação do público. Isso é o que eu chamo de humildade. Lindo.

Outro ponto positivo neste festival é o público, com uma educação e um respeito pela sétima arte raros de encontrar-se hoje em dia. Fora o clima amistoso. Era só ficar sozinho que logo vnha alguém querendo trocar ideias sobre os filmes. A abordagem é comum no FIC.

Obviamente, nem tudo são flores: as muitas sessões canceladas em cima da hora ou as sessões que acontecerão no Academia Hall (cuja acústica é péssima) irritaram muita gente. A (quase) ausência de pipoca também foi sentida, já que nos anos anteriores a dita cuja era grátis, fazendo a festa dos espectadores. Este ano, voltou a ser paga.

Mas há que se destacar o esforço da produção em trazer para o público brasiliense um evento de qualidade. Fui testemunha ocular do trabalhão que aquele pessoal teve e digo que eles são dignos de todo elogio. Quero, inclusive, agradecer o tratamento que toda a produção dispensou a mim, mostrando o respeito que eles têm para com os blogueiros, sem conceder tratamento diferenciado a qualquer outro veículo de comunicação. Ali, éramos todos apaixonados por cinema, dando o sangue pelo amor à sétima arte.

O FIC evoluiu muito dos anos anteriores para cá, fixando-se como o terceiro maior festival de cinema internacional do país.

Mas, vamos ao que realmente importa: os vencedores.


MOSTRA COMPETITIVA


Melhor filme: Prince of Broadway (EUA, 2009) de Sean Baker

Menção honrosa concedida pelo júri: Tulpan (Cazaquistão, 2008), de Sergei Dvortsevov

Menção honrosa pela atuação: Elsa Amiel (Nulle Part, terre promisse)


PRÊMIO TV BRASIL


Melhor filme: Insolação, de Felipe Hirsch e Daniela Thomas

Menção honrosa concedida pelo júri: Os famosos e os duendes da morte, de Esmir Filho

Menção honrosa para melhor ator: Marcio Vito (No meu lugar)

Menção honrosa para direção: Lucía Puenzo (El niño pez)

Prêmio de excelência técnica: Mauro Pinheiro Júnior (pela fotografia dos filmes Insolação, No meu lugar e Os famosos e os duendes da morte)


Como eu também gosto de palpitar, aqui vai o meu Top do festival, não necessariamente nesta ordem:

  • Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo

  • El Último Verano de la Boyita

  • Tokyo!

  • La Nana

  • O Homem que Engarrafava Nuvens

  • Parque Vía

  • Mother

  • À Procura de Eric

  • À Procura de Elly

  • Tulpan

  • Os Famosos e os Duendes da Morte


É isso, pessoal. Obrigado a todos que fizeram este blog “bombar” nestes doze dias. Ano que vem terá mais!

Ryuichi Hiroki; Elsa Amiel; Samuel Reginatto & Henrique Larré

domingo, 15 de novembro de 2009

Termina hoje o XI FIC Brasília


O XI Festival Internacional de Cinema de Brasília (FIC Brasília), que começou no dia 4 de outubro, termina neste domingo. A cerimônia começa às 19 horas, com o oferecimento de um coquetel ao público. Em seguida, os mestres de cerimônia, a jornalista Renata Caldas e o ator Orã Figueiredo, dão os números do festival. Um desfile inspirado em Coco Chanel, organizado pelos alunos do curso de moda da Unieuro, antecede a exibição de “Coco Chanel & Igor Stravinsky”, de Jan Kounen. Na ocasião acontece a premiação dos vencedores da Mostra Competitiva, que elege o melhor filme estrangeiro, e do Prêmio TV Brasil, concedido ao melhor filme nacional.


Outros prêmios podem ser concedidos de acordo com a deliberação dos jurados. No ano passado, por exemplo, o cineasta Nelson Pereira dos Santos recebeu menção honrosa pelo conjunto da obra e Vicente Amorim recebeu o prêmio de melhor diretor, por “Um homem bom”.


Marco Farani, diretor do FIC Brasília, está satisfeito com o saldo desta edição. “No balanço que será divulgado na segunda-feira, dia 16 de outubro, teremos boas notícias para o público que ama o cinema. O FIC Brasília cresceu e galgou mais um passo para se tornar cada vez mais reconhecido em todo o mundo”, afirma.


As sessões dos filmes “Anticristo”, de Lars Von Trier, e “500 dias com ela”, de Marc Webb, tiveram público superior a 400 pessoas. Poucos festivais no mundo conseguem este feito.


O júri que escolhe o vencedor do Prêmio TV Brasil é formado por Marco Ricca, Renato Barbieri e José Eduardo Belmonte. Os filmes concorrentes são “Os Famosos e os Duendes da Morte” (Esmir Filho), “A fuga da Mulher Gorila” (Felipe Bragança), “Insolação” (Felipe Hirsch e Daniel Thomas), “No meu lugar” (Eduardo Valente), “Um romance de geração” (David França Mendes) e “Viajo porque preciso, volto porque te amo” (Marcelo Gomes e Karine Ainouz). O vencedor leva o prêmio de R$ 30 mil e um contrato de exibição na tv pública brasileira.


Os filmes da Mostra Competitiva são Defamation (Yoav Shamir), El niño pez (Lucía Puenzo), Francia (Adrián Caetano), Good Morning Aman (Claudio Noce), Hiroshima (Pablo Stoll), Nulle Part Terre Promise (Emmanuel Finkiel), Prince of Broadway (Sean Baker), Tulpan (Sergei Dvortsevoy), Tyson (James Toback), Wakaranai (Masahiro Kobayashi). O júri internacional é composto Jean Thomas Bernardini, Tânia Montoro e Jo Takahashi.


Sinopses, fotos e a programação completa, com os dias e os horários das sessões, estão disponíveis em www.ficbrasilia.com.br. Os ingressos para a noite de encerramento do XI FIC Brasília custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Os ingressos para as demais sessões custam R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia). Os bilhetes podem ser comprados na bilheteria do Cine Academia. Os ingressos para a Mostra de Filmes da Coreia do Sul são gratuitos.


Quem não quiser/puder acompanhar a cerimônia de encerramento, terá ainda a oportunidade de assistir alguns filmes, que estarão em exibição pela última vez, no Festival. Filmes excelentes, como Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (às 15:00); À Procura de Eric (às 17:10); Prince of Broadway (às 17:20, com a presença da atriz Victoria Tate); The Blessing (às 18:10); April Bride (às 19:30); Tokyo! (às 17:00); El Último Verano de la Boyita (às 21:50, sessão extra); e Apology of an Economic Hitman (às 21:00).


Portanto, corram para o Academia de Tênis que hoje o FIC Brasília promete terminar em grande estilo.


sábado, 14 de novembro de 2009

Sugestões de filmes para hoje, no FIC Brasília


Então, pessoal!

O FIC entra hoje no seu penúltimo dia, com uma programação cheia de filmes bons. Alguns não virão para o Brasil, outros só estrearão daqui alguns meses, então não percam a oportunidade de assistir esses filmes.

Seguem as dicas do que ver e do que evitar, hoje (para ler as críticas, clique nos links).


Para ver

  • Petitiondocumentário sobre a situação dos peticionários chineses e os desrespeitos aos direitos humanos, sofridos por eles (sessão às 14:30, no CCBB);

  • Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo – novo filme do Karim Aïnouz, um dos melhores filmes do festival (sessão às 18:00);

  • Os Famosos e os Duendes da Mortegrande vencedor do Festival do Rio (sessão às 19:50);

  • Tulpanbelíssimo filme cazaquistanês, pré-selecionado ao Oscar deste ano (sessão às 19:40);

  • Vibrator – filme pornô-soft romântico, muito bonito, do Ryuichi Hiroki (sessão às 17:10);

  • Motherfilmaço do coreano Jong-Boon Ho, provável concorrente ao Oscar estrangeiro em 2010 (sessão às 21:20);

  • À Procura de Ericcomédia delirante deliciosa, do Ken Loach (sessão às 21:50).


Sessões Especiais

  • Rua dos Bobosmédia metragem de fantasia, com a presença da diretora Júlia Martins (sessão às 21:00, com entrada franca);

  • Nulle Part, Terre Promisesessão seguida de debate com a atriz Elsa Amiel, super simpática, às 21:30;

  • Prince of Broadway – dramédia bem legal. Sessão com a presença da atriz Victoria Tate, às 21:50;

  • Os Famosos e os Duendes da Mortesessão extra, com a presença dos atores Henrique Larré e Samuel Reginato, às 19:50;

  • Boca a Boca - ouvi bons comentários sobre este filme. A sessão terá a presença do diretor e da roteirista, às 20:40.


Para evitar

  • Secret Sunshinefraquíssimo filme coreano, religioso à exaustão;

  • Hiroshima – musical silencioso (!), tem sido mal falado pelos corredores do festival;

  • Amor Extremo – outro filme não muito bem recebido pelo público e pela crítica. Romance arrastado;


Alguns horários aí de cima foram divulgados apenas pelo twitter do festival ou na própria bilheteria, pois tratam-se de sessões extras, como a sessão do Vibrator e do Famosos e os Duendes da Morte. Portanto, não estranhem se por acaso vocês não viram esses horários na programação. Podem confiar, elas acontecerão.

Um aviso: por causa da sessão extra do filme Os Famosos e os Duendes da Morte, a sessão do filme El Último Verano da la Boyita foi transferida para amanhã (15/11), às 21:50.

Boas escolhas a todos e um tenham um ótimo sábado de festival!

1º Festival IESB de Cinema Universitário tem inscrições abertas até o dia 26 de novembro


Esta é para os universitários do Distrito Federal, que tenham produzido algum vídeo em curta-metragem de 2006 para cá.

Acontecerá, entre os dias 02 e 05 de dezembro, o 1º Festival IESB de Cinema Universitário. 

As inscrições foram prorrogadas até o dia 26 de novembro e podem ser feitas através do site www.iesb.br

O Festival premiará os filmes nas categorias: Melhor Direção; Melhor Animação; Melhor Ficção; Melhor Documentário; Melhor Roteiro; Melhor Filme Realizado com Novas Mídias. Cada categoria dará o prêmio de R$ 500,00.

O prêmio será divulgado e entregue no dia 08 de dezembro numa sessão especial que ocorrerá no Embracine, no Casa Park.

As categorias de Melhor Ficção e Melhor Direção também serão contempladas pelo prêmio MOVIECENTER que destinará R$ 10 mil em equipamentos cinematográficos para as próximas produções dos realizadores dessas categorias.

Esta é uma excelente oportunidade para os produtores de filmes universitários do DF. Não percam!

Regulamento e ficha de inscrição, no site www.iesb.br

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Os Famosos e os Duendes da Morte


Estar perto não é físico”, diz o adolescente protagonista do filme, em seu blog. A internet é seu único contato com o mundo. O universo real em que vive é uma comunidade rural alemã, no interior do Rio Grande do Sul. Mr Tambourine Man, como ele se denomina na internet, é fã de Bob Dylan e tem o sonho de assistir o seu show. O pequeno vilarejo começa a tornar-se pequeno para o seu crescimento e as suas descobertas como homem, até que surge na cidade um sujeito misterioso, que o fará reviver lembranças que o atormentam e o ajudará a abrir seus horizontes.

Diretor do vídeo-hit de youtube “Tapa na Pantera”, Esmir Filho foi uma das grandes apostas da produtora Sara Silveira para este ano. E deu certo. O filme estreou no Festival de Locarno e ganhou o prêmio de melhor filme no Festival do Rio.

Esmir é um cara antenado, que conseguiu colocar elementos de muita identificação com os jovens no seu filme, como a interação dos personagens em blogs, youtube, flickr e msn, a forma de colar nas provas da escola, o cabelo de emo, além das características emotivas, de jovens “sozinhos” à procura de um rumo e de encontrar um lugar de identificação na sociedade.

Os Famosos e os Duendes da Morte tem uma produção parecida com a de Houve Uma Vez Dois Verões, do Jorge Furtado (inclusive com o mesmo sotaque, gaúcho), só que com a densidade e a angústia permanente de Paranoid Park, do Gus Van Sant.

A trilha sonora escolhida para o filmeé toda em inglês, o que demonstra a visão dos produtores, de pegar um filme independente, mas muito bem cuidado, para distribuir para o mercado externo. Tomara que consiga, porque o filme é digno de todos os prêmios e boas críticas que tem recebido.

Algumas pequenas falhas de continuidade, como a cena do carro atravessando uma pequena ponte, que ali parecia interminável, ou incoerente do conjunto fotografia/maquiagem, que faz questão de frisar as espinhas do protagonista nos momentos de florescer da adolescência (momentos oportunos), mas esconde-os na maioria das cenas, deixando o menino com a pele de neném. Tudo bem que filmar com adolescentes é um problema porque, num belo dia, o rosto amanhece cheio de espinhas, mas das duas uma: ou assumia as acnes ou as escondia por todo o filme.

Mas são falhas muito pequenas diante da delicadeza do tema, do roteiro, da direção e das interpretações encantadoras, tanto dos jovens (Henrique Larré e Samuel Reginatto) quanto dos avós do protagonista, naturais e tímidos. Até o mistério, foco da primeira metade de filme, é revelado com naturalidade, numa conversa ótima entre o Mr Tambourine Man e seu amigo Diego.

Os Famosos e os Duendes da Morte é uma das melhores surpresas deste ano. Muito bonitinho.

E para quem perdeu as sessões do FIC Brasília, uma ótima notícia: o filme ganhou uma sessão extra, neste sábado (14/11), às 19:50, com a presença dos atores Henrique Larré (o Mr Tambourine Man) e Samuel Reginato (o Diego).

Os Famosos e os Duendes da Morte

(idem, Brasil, 95 minutos, 2009)

Dir.: Esmir Filho

Com Henrique Larré, Ismael Caneppelle, Tuane Eggers, Samuel Reginato

Nota 8,4

The Blessing


Com um nome forte, desses que parece que já conhecemos de obras conceituadas, Heidi Maria Faisst é, na verdade, uma diretora estreante. Formada em 2003, na Escola Nacional de Cinema da Dinamarca, dirigiu dois curtas metragens e tem em Velsignelsen (The Blessing) sua estreia no formato de longa metragem.

The Blessing, exibido no Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires, conta a história de Katrine, que acabou de dar à luz. Mas algo estranho acontece entre ela e o bebê. A aceitação mútua não acontece de imediato e a insegurança toma conta dela, que terá ainda que conviver com a ignorância do marido e da própria mãe, que virá morar com ela, na tentativa de ajudá-la.

A cena inicial já representa um pouco do que estamos prestes a presenciar: é Katrine dando à luz, numa cena de parto cujo realismo impressiona. Nesta cena, uma luz forte é utilizada, adequando-se ao momento divino.

Após a introdução, praticamente todas as cenas são registradas com uma fotografia cheia de grânulos e avermelhada, recurso simples de revelação de filme que a diretora encontrou para simbolizar um momento de extrema pulsação de sentimentos, de muito coração, mas de muita incompreensão e tristeza dos personagens. Poeticamente falando, é como se eles jorrassem sangue. Estão à flor da pele. O momento pode tornar-se sufocante.

A única personagem que está sempre iluminada com um branco estourado é o bebê e não preciso explicar o porquê.

Toda a trilha sonora é construída com sons que lembram infância. À esta ingenuidade, acrescenta-se a emoção que vem dos violinos e do piano. Uma trilha linda.

Impressiona saber que, nem em um país de primeiro mundo como a Dinamarca, as pessoas escapam da falta de informação e que por isso, podem agir com uma estupidez absurda.

Heidi Maria Faisst inicia sua carreira com um filme de tema deprimente, mas muito bem desenvolvido e com cenas fortes. Mostra que, com poucos recursos, o que impera é a criatividade e a emoção.

The Blessing é um filme simples, mas muito bonito.


The Blessing

(Velsignelsen, Dinamarca, 75 minutos, 2009)

Dir.: Heidi Maria Faisst

Com Lærke Winther Andersen

Nota 7,8

Horários do filme no FIC Brasília: domingo 15/11, às 18:10.

Arranca-me a Vida


Arranca-me a Vida. O que você pensa quando escuta uma frase como essa? Dramalhão mexicano?

Acertou. Não que isto seja ruim, mas é a realidade.

Arranca-me a Vida, o filme, é a adaptação do romance “Arráncame la Vida”, de Ángeles Mastretta.

Catalina, uma jovem inocente, é apresentada pelos pais ao general Andrés Asensio, candidato a governador do estado de Puebla. Obrigada pela família, Catalina casa-se com o general, mas as barbáries, trapaças políticas e traições amorosas do general a fazem discordar daquele modo de vida e ela começará, então, a busca por um verdadeiro amor.

Piegas, mas é assim mesmo. O diretor Roberto Sneider extraiu da história o que havia de mais interessante, retratando no filme não só o drama pessoal de Catalina, como também o contexto histórico.

Com uma produção impecável, Arranca-me a Vida contém cenários grandiosos e figurinos muito bem cuidados, fazendo uma boa caracterização das décadas de 1930 a 1950.

A narração da história pela protagonista dá o tom de confissão, trazendo o espectador para mais perto de Catalina. Além de tornar tudo mais pessoal, isso imprimiu leveza a uma história que poderia ser ainda mais dramática, descambando para o excesso.

A minha surpresa foi que, quando a história parecia tomar rumos shakesperianos, vem à tona um “espírito tarantinesco” que faz com que o filme não caia no lugar comum.

Arranca-me a Vida agradará principalmente as mulheres, mas tem uma trama suficientemente envolvente para prender a atenção dos homens de coração sensível.

Não deixa de ser um dramalhão mexicano, mas é um bom filme, ainda assim.


Arranca-me a Vida

(Arráncame La Vida, México, 110 minutos, 2009)

Dir.: Roberto Sneider

Com Ana Cláudia Talancón

Nota 7,6

Infelizmente, não haverão mais sessões do filme no FIC Brasília, mas ele estreou hoje em algumas cidades do país e deve chegar a Brasília em breve.

Saiba se o filme está em cartaz na sua cidade!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo


Sem maiores expectativas, fui assistir o novo filme do Karim Aïnouz, em codireção com Marcelo Gomes. Karim é responsável por dois dos melhores filmes nacionais da década (Madame Satã e O Céu de Suely) e Marcelo dirigiu o cultuado Cinema, Aspirinas e Urubus (que eu não curti tanto). Se o filme fosse só do segundo, talvez eu nem tivesse assistido. Ainda bem que a escolha pesou por causa do primeiro nome.

Numa sessão cheia, o que aconteceu só tem uma explicação: a mágica do cinema. Os créditos finais subiram e ninguém levantava das cadeiras ou sequer faziam comentários com pessoas do lado. A reação era de total perplexidade. Aconteceu, naquele momento, um respeito mútuo entre a tela e os espectadores que eu nunca presenciei. Fez-me reafirmar o quanto eu amo o cinema. Foi de arrepiar.

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (que título lindo) mistura a linguagem do documentário com a linguagem da ficção.

Um geólogo viaja e durante os sessenta dias de estrada percorrida, escreve para a amada deixada para trás, contando sobre as pesquisas que fez, as pessoas e os lugares que conheceu e principalmente, fazendo um relato sobre o profundo processo de autoconhecimento pelo qual ele passou.

Os relatos são ilustrados com imagens que imitam o poético formato de Super 8, que traz consigo a atmosfera de filme caseiro ou de registros documentais que se fazia na década de 60.

O protagonista sequer aparece em tela. A leitura dos escritos é feita por Irandhir Santos (de Besouro) com tanta emoção que a impressão que ficou foi a de que conhecemos o personagem, sem nunca tê-lo visto. Em momentos emocionantes, ele entrevista moradores da região, perguntando-lhes qual o ideal de vida deles. Os sonhos almejados são medíocres, mas demonstra a humildade daqueles moradores e o quanto eles pedem pouco para se considerarem felizes. A definição de “uma vida de lazer” é tocante.

Os depoimentos são como memórias, crônicas e declarações de amor do povo, sem o rebusco de Marisa Monte. Em alguns momentos, tive a sensação de estar ouvindo Roberto Carlos a 200 Km por hora. Mas a música que toca é ainda mais brega que isso, mas que, no contexto, fica bonita, melancólica.

Numa sequência, o geólogo relata uma de suas aventuras amorosas, oriundas de enorme carência e solidão, na qual só há fotos e sons de lugares. Nem ele ou a prostituta aparecem, mas eu podia jurar que vi toda a situação acontecer.

Os diretores mesclaram ficção e realidade com tamanha maestria e sutileza que não se sabe onde termina um e começa o outro. Ousaram na experimentação de linguagem, na montagem de sequências justapostas, no jogo de composição de sons e sensações, no tratamento arriscado das imagens e na confiança de que tinham um roteiro maravilhoso em mãos. Fizeram um filme que traduz em som e imagens tudo o que o cinema é capaz de fazer, com poesia e inventividade.

Com a chegada dos planos finais, a sensação era de alma lavada. A mensagem foi passada. A imersão naquela jornada e todas as experiências e dificuldades que o protagonista passou foram válidas, para ele e para todos que o assistiram.

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo é uma aula de narrativa e de composição de imagens.

Isso é o que eu chamo de originalidade. Isso é que eu chamo de arte.


Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo

(idem, Brasil, 75 minutos, 2009)

Dir.: Karim Aïnouz e Marcelo Gomes

Nota 9,6


Horários do filme, no FIC Brasília: sábado 14/11, às 18:00; domingo 15/11, às 15:00.

ERRATA: no meu post sobre o filme Parque Vía, eu havia dito que a sinopse fornecida pelo FIC entregava o filme. Na verdade, as sinopses divulgadas são de responsabilidade dos produtores do filme. Então, lá está feita a correção.

 
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