Linkbão Oi Torpedo Click Jogos Online Rastreamento Correios Mundo Oi oitorpedo.com.br mundo oi torpedos mundo oi.com.br oi.com.br torpedo-online Tv Online torrent Resultado Dupla Sena Resultado Loteria Federal Resultado Loteca Resultado Lotofacil Resultado Lotogol Resultado Lotomania Resultado Mega-sena Resultado Quina Resultado Timemania baixa-facil Link-facil Resultado Loterias

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Crítica: Brasil Animado


Olha, tem umas coisas que eu não consigo entender no cinema nacional – e que sim, me irritam. Este tal de Brasil Animado, por exemplo: numa época em que já está mais que comprovado que animações em 2D não chamam mais públicos e que filmes bobinhos demais só servem para passar na tevê, o que resolvem fazer? Uma propaganda institucional do Brasil, disfarçada de animação e o que é pior, ainda ousa em ser feito em um 3D sem o menor sentido. A maior dó é saber que este filme vai ficar na história do cinema nacional como a primeira animação 3D.

O roteiro é algo inacreditável de tão bobo. Por quase 80 minutos, acompanhamos a dupla Stress e Relax na busca pelo jequitibá rosa, uma espécie arbórica rara, a mais antiga do Brasil. O intuito é ficar rico vendendo ingressos para observá-la. Assim, os dois vão do Oiapoque ao Chuí, num esquema excessivamente didático que estabelece que, a cada parada, um novo passeio turístico dar-se-á pelos seus pontos clichês, guiados pela dupla.

No começo ainda dá para relevar a propaganda, mas chega um momento em que já não se aguenta mais tanta repetição – ainda mais sem possuir um fator gracioso sequer. A impressão é de que estamos pagando para assistir a uma propaganda da Embratur. Algo que não me saía do pensamento era a ideia de que tal roteiro, na verdade, seria o roteiro perfeito. Pensem bem: num país dependente de leis de fomento e editais governamentais para se produzir cinema, quer maior facilitador do que ser uma propaganda do governo? Melhor ainda: tendo em mãos uma proposta que, dentre outros pontos, também exija passar pelas cidades para filmar seus pontos turísticos e inserí-los no filme em live-action, pode-se também rodar o Brasil de graça! Quem não gostaria de uma produção assim?

Maurício Ricardo, que produz suas charges com técnica semelhante, a toque de caixa e numa velocidade impressionante – com a diferença que de vez em quando acerta na piada – estaria dando bobeira em perder uma mamata destas. A zombaria é tanto que, durante os créditos finais, aparecem dois elementos da equipe tomando banho de mar e a dublagem dizendo: “ei, não era para estes dois aí estarem trabalhando? O que eles estão fazendo no mar?”.

Acho ótimo que se tente expandir os gêneros e produzir animações também no Brasil - até porque temos profissionais super talentosos, só à espera de incentivo financeiro -, mas não me conformo que façam isso com tamanha displicência, sem sequer pensar em mercado, principalmente num projeto assim, que deveria ser voltado para... o mercado. Ou vai dizer que o intuito era artístico e que não importa que não seja visto por muita gente?

Para não dizer que tudo são espinhos, é preciso exaltar pelo menos a dublagem de Eduardo Jardim, que confere um pouquinho de credibilidade não só à dupla protagonista, como uma penca de outros pequenos personagens.

No fim das contas, pelo menos como uma ferramenta didática em substituição às insossas cartilhas de estudos sociais este longa poderia servir.

Eu duvido que, num esquema industrial, algo assim seria produzido, com um orçamento de 3 milhões de reais, que dificilmente seria pago nas bilheterias – a arrecadação total não chegou nem a 800 mil reais. Aí quando o público brasileiro prefere ver Toy Story, reclamam.

Trailer:

(idem, Brasil, 75 minutos, 2011)
Dir.: Mariana Caltabiano
Dublagem de Eduardo Jardim
Nota 3,0

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dicas: Religulous; A Matter of Size

Longo tempo sem postar, então seguem aí duas dicas pra vocês:


A Matter of Size (2009)

Filme israelense inusitado e muito divertido, sobre quatro amigos gordos que, saturados de tentarem fazer dieta numa espécie de Vigilantes do Peso ditatorial, resolvem assumir-se felizes como são e encontram na prática do sumô uma diversão e válvula de escape que nunca imaginaram poder ter.

O elenco é ótimo, as piadas e a trilha sonora são sutis e tem nas peculiaridades do sumô e da cultura israelense uma forma de escapar dos clichês que uma comédia assim poderia ter. É um filme extremamente simples, mas um ótimo programa.




Religulous (2008)

Larry Charles já era odiado por todo e qualquer religioso fervoroso, por conta de seus shows de stand-up comedy, nos quais ele fazia piada em cima dos costumes de várias religiões. Depois de Religulous, definitivamente virou persona non grata em muitos lugares tidos pelos seguidores como sagrados.

E não foi por menos. É incômodo quando alguém chega com questionamentos acerca do que acreditamos – não só no que tange às crenças religiosas – e nos deixa sem resposta ou coloca em xeque aquilo que se é pregado.

Visitando inúmeros chefes religiosos pelo mundo, Larry tenta levar um papo mais racional com todos eles, com civilidade, tentando entender o porquê de tanto fervor e tentando também convencer-nos de que a religião é o pior mal que a humanidade já teve. Para tal ele assume uma coragem impressionante e não tem medo de colocar o dedo nas feridas e de ser polêmico. O melhor é que ele faz isso com bastante estudo prévio e argumenta com coesão.

É claro que o documentário possui uma visão extremamente parcial e unilateral, mostrando apenas a influência negativa que as religiões exercem na sociedade. Por vezes, até faz piada quando não deve e usar de claros artifícios de montagem - antiéticos, que se diga - para ridicularizar alguns dos entrevistados.

Mas por mais que seja manipulado, Religulous é um documento extremamente válido para que as pessoas (re)pensem o quanto vale a pena ser religioso e o quanto isso é caro para a humanidade. Recomendado para ateus, agnósticos e principalmente, para os religiosos que conseguirem deixar um pouco o fervor de lado e entrar para o debate.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Crítica: Griff The Invisible


Quando se quer fazer um filme de super-herois e não se tem dinheiro para efeitos especiais, simplificam-se as cenas, usa-se a imaginação e investe-se no desenvolvimento dos personagens. Foi assim que o australiano Griff The Invisible conseguiu todo o seu êxito.

Sua história é prima de Kick Ass, só que, com orçamento e hype bem menores, a criatividade precisou entrar em cena e o resultado foi ainda mais bacana que o do primo rico.

Griff (Ryan Kwanten) trabalha num escritório durante o dia. Lá é sempre objeto de gozação dos colegas. É tido como um banana, ideal para ser saco de pancadas. Em casa, ele faz experimentos estranhos, que ele acredita que podem transformá-lo num superheroi. Todas as noites, sai pela cidade com a intenção de combater o crime. Seu único amigo é seu irmão mais velho, Tim (Patrick Brammal). Mas a única pessoa em quem Griff encontrará apoio para seus experimentos é Melody (Maeve Dermody), namorada de Tim. Só que Melody também acha que consegue ter poderes especiais, caso treine-os com dedicação – ela acha que pode atravessar paredes, um dom que provocará gargalhadas no público.

O mais interessante é que o diretor Leon Ford conseguiu desenvolver uma história de superheroi com o mínimo de efeitos visuais possíveis, sem por isso diminuir a fantasia na cabeça das pessoas. Ainda melhor, ele cria uma história de amor entre dois renegados pela sociedade, superherois mais comuns na vida real do que se possa imaginar. Por isso, a fantasia cria imediata identificação com o público e o envolvimento com os personagens graciosos é fácil. É, acima de tudo, uma história de pessoas que sentem-se isoladas por não serem compreendidas e que por isso, se conectam e se protegem. Para eles, não importa se ninguém acredita no que eles acreditam; o que importa é que aquela verdade os move e os faz felizes. É piegas, mas é sincero.

Ryan Kwanten é uma revelação. Sua mistura de patetice juvenil com a maturidade de quem já se sustenta sozinho é bem equilibrada. Fora isso, o ator dota de uma expressão corporal incrível – leia-se estabanado – e um timing afiado para comédia. Sua química com Maeve Dermody é imensa, assim como a interação com Patrick Brammal – os dois parecem irmãos na vida real, tamanha semelhança e introsamento. Este trio sustenta o filme, faz rir e apaixonar.

A trilha sonora engraçadíssima complementa o êxito desta comédia cute indie, que só peca um pouco pela técnica, especialmente a fotografia, muitas vezes embaçada (e não era defeito da projeção) e outras excessivamente pixelizada.

O cinema australiano já mostrou potencial para atravessar oceanos com a emocionante animação Mary & Max e agora confirma que tem potencial para mais, com esta comédia romântica de humanidade visível e fantasia invisível.

Trailer:

(idem, Austrália, 90 minutos, 2011)
Dir.: Leon Ford
Com Ryan Kwanten, Patrick Brammal, Maeve Dermody
Nota 8,5


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Crítica: Paul


A dupla Simon Pegg e Nick Frost já brindou o público com filmes divertidíssimos, como Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso, ambos infelizmente lançados diretamente em dvd no Brasil. Com a nova parceria, Paul, eles entram em cartaz nos cinemas.

Paul é o nome de um alienígena que volta à Terra cinquenta anos após sua primeira incursão, agora a fim de reencontrar a menina que o salvou. Quem ajudará o ET serão os nerds Clive e Graeme, que sairam da Inglaterra para realizar o sonho de participar da Comic-Con, maior feira de cultura pop do mundo, que acontece anualmente na Califórnia, EUA.

A química entre Pegg e Frost é evidente e o timing afiado de ambos gera momentos hilários, complementados ainda por diálogos sarcásticos de autocrítica e críticas sociais, especialmente no que tange as questões religiosas e científicas. A dupla foi também responsável pelo roteiro, escrito no melhor estilo Sessão da Tarde e só não será exibido à exaustão na tevê como tal, por causa da quantidade desenfreada de piadas sexuais e a sanguinolência inesperada – e por vezes chocante – da sua segunda metade.

Mais um filme da panelinha de novos comediantes estadunidenses, tem em sua equipe nomes como Seth Rogen (Ligeiramente Grávidos), Bill Hader (Superbad), Jason Bateman (Ressaca de Amor) e Joe Lo Truglio (Superbad), além do diretor Gregg Motolla (Superbad). Outros nomes conhecidos do grande público também povoam o filme, na intenção de fazer piadinha e conexão com outros filmes de alienígenas, mas nenhuma destas participações funciona e é justamente no momento em que elas surgem, que o filme perde a graça.

Como efeitos visuais já não são mais fatores revolucionários, a composição do alienígena fica quase banal, mas é preciso ressaltar a evolução no trabalho de movimentação de boca deste bicho, bem próxima do natural humano. Sua dublagem, por Seth Rogen, soa estranha no começo, pois o tom grave da voz do ator parece incompatível com um corpo tão mirrado como o de Paul. Depois de um tempo acostuma-se com o fato, principalmente porque Rogen também faz rir um bocado.

Longe ser intelectual e muito próximo da atual onda cômico-nerd que vira-e-mexe entrega títulos divertidos para o cinema, Paul é uma boa opção para um programa vespertino de fim de semana ou uma válvula de escape após um dia cansativo de trabalho. 

Trailer:

(idem, EUA/Inglaterra, 106 minutos, 2011)
Dir.: Gregg Motolla
Com Simon Pegg, Nick Frost, Seth Rogen
Nota 7,0




domingo, 9 de outubro de 2011

Crítica: Que Pena Tu Vida


Se existe uma grande vantagem no cinema digital essa é o barateamento dos custos e a produção ao alcance de mais gente. Não fosse isso, talvez o orçamento desta produção chilena não seria viável. Com um roteiro simples, mas muito simpático nas mãos, o diretor Nicolás López rodou esta deliciosa comédia romântica, que assumidamente não precisa de recursos fotográficos grandiosos para funcionar. A intenção aqui é só cativar e divertir.

Bem ao estilo de 500 Dias com Ela, Que Pena Tu Vida tem como casal protagonista Sofia e Javier, que através de uma entrevista em estúdio contam como foi que terminaram. Outros personagens também depõem, como a melhor amiga e a mãe de Javier, contando como o sujeito chegou ao fim do poço depois que a relação terminou.

Ariel Levy, o ator protagonista, confere a patetice deprimente que o personagem pede e leva ao riso sem ser forçado. O restante do elenco também é ótimo, com destaque ainda para Andrea Velasco, que faz a amiga de Javier, tendo com ele uma química perfeita para retratar como a amizade é mais forte e duradoura do que a maioria dos relacionamentos amorosos.

Incorporando vários meios de comunicação entre os jovens atuais numa montagem no melhor estilo universitário, o longa é quadrado em sua concepção de comédia romântica, mas eficaz no que se propõe. Bem leve, possui umas cenas ótimas a até comoventes – é impressionante como o apagar de fotos do celular podem doer no espectador como se aquilo estivesse acontecendo consigo, na realidade. Uma boa surpresa, ainda mais vinda de um país do qual pouco se espera cinematograficamente.

Um projeto que deu tão certo que a continuação já está encaminhada e deve ser lançada ainda em 2011, sob o título de Que Pena tu Boda.

Trailer:

(idem, Chile, 93 minutos, 2010)
Dir.: Nicolás López
Com Ariel Levy, Andrea Velasco
Nota 7,0

domingo, 2 de outubro de 2011

Crítica: Contra o Tempo


Em time que está ganhando, não se mexe. Foi seguindo essa máxima que Duncan Jones – o filho de David Bowie – resolveu continuar sua carreira como diretor, depois do (merecidamente) aclamado Moon.

A relação homem-máquina e as situações hipotéticas e surreais que regiam o primeiro longa do diretor estão de volta em Contra o Tempo, só que agora com mais dinheiro, para fazer mais barulho – na tela e nas bilheterias. Como em Moon, aqui também o protagonista não sabe se é ele mesmo ou se é uma cópia ou se está no corpo de outro. Até que descobre que faz parte de algum programa/experimento/associação secreta com missões éticas duvidosas.

O capitão Stevens (Jake Gyllenhall) acorda e se vê na pele de um outro homem, que ele desconhece. Descobre então que passou a fazer parte de um programa do governo norteamericano, chamado “Código Fonte”. O programa possibilita que ele assuma a identidade de outra pessoa que se encontre nos últimos oito minutos de vida. É assim, em várias doses de reencarnação de oito minutos que ele terá que encontrar os responsáveis por um atentado num trem, que deixou milhares de vítimas.

Outra máxima que se encaixa para este filme é “se queres conhecer um homem, dê a ele poder”. Aqui, o poder veio através do dinheiro, que hollywoodizou todo o charme criativo de Duncan Jones e tornou seu projeto em apenas mais um no meio das ações pseudo para o grande público.

Assim como ele, Jake Gyllenhall se engessou e já não tem o mesmo brilho de quando fazia películas independentes. Pior mesmo só Michelle Monaghan, repetindo as mesmas falas o filme inteiro, uma vez mais sem expressão que a outra. Nem a excelente Vera Farmiga (Amor Sem Escalas) consegue sair do nível morno de interpretação.

As informações a conta-gotas fornecidas pelo roteiro do estreante Ben Ripley deixam a trama arrastada, que começa a engrenar já tarde, mas nunca decola de vez. É, de certa forma, egoísta, pois esconde informações demais do espectador, que não tem nem pistas para tentar desvendar os mistérios junto com o protagonista. O público, aqui, não passa de... reles público.

É verdade que em seus momentos finais a trama se torna mais interessante, mas no nicho de entra e sai de sonhos e realidades paralelas encontra parâmetros de comparação como Matrix, A Origem e até o independente , todos com êxitos artísticos muito acima do que este tenha alcançado.

Desta vez não deu para Duncan Jones, mas pelo menos o dinheiro entrou – que o diga a quantidade enorme de propagandas de Donkin Donuts, Bing e Nokia que lotam o filme. Como se dinheiro fosse algo que o filho do bom e velho Bowie precisasse...

Trailer:

(Source Code, EUA/França, 92 minutos, 2011)
Dir.: Duncan Jones
Com Jake Gyllenhall, Vera Farmiga, Michelle Monaghan
Nota 4,0


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Crítica: También la Lluvia


Paul Laverty, roteirista de quase todos os filmes de Ken Loach – inclusive do hilário e surreal À Procura de Eric, trabalhou durante anos numa história sobre os primeiros anos de Colombo na América, até perceber que poderia fazer algo mais interessante e novo, trazendo o tema da exploração das terras por terceiros e a resistência dos nativos indígenas para os tempos recentes.

Encontrou na Guerra da Água em Cochabamba, em 2000, o perfeito exemplo de resistência civil à privatização do bem mais valoroso à população. O resultado do esforço de criatividade foi um roteiro complexo, de trama intrincada e multifacetada.

Uma equipe de filmagem chega à região de Cochabamba para filmar uma adaptação da história da chegada de Colombo às Américas e como a produção intenciona ser realista, precisam formar o elenco com moradores locais. Por insistência do diretor Sebastian (Gael Garcia Bernal), o produtor Costa (Luis Tosar) contrata Daniel (Juan Carlos Aduviri) para um dos papéis principais do filme. O espírito de liderança de Daniel poderia ajudar a equipe a lidar com os muitos amadores do elenco, mas o problema é que Daniel não é líder só no set de filmagens. Ele é também o líder (arisco) de uma revolta civil prestes a estourar na cidade, contra a tal privatização da água.

O diretor teve de lidar com três filmes em um: o filme sobre a privatização da água em Cochabamba, o filme que reconta a história da chegada de Colombo analogicamente e o filme sobre o filme. Para este último caso, ele ainda utiliza de meta-metalinguagem, ou seja, um making of sobre o filme do filme, utilizado para explicar os personagens. Complicado, mas fácil de entender quando se assiste.

Complicado talvez tenha sido para Eva Leira e Yolanda Serrano, as diretoras de elenco, ter de lidar com tantos atores sociais, mas ou elas fizeram isso muito bem ou deram muita sorte, porque os moradores da região atuaram excepcionalmente bem, ao lado de duas grandes atuações profissionais como a do Gael Garcia Bernal e principalmente de Luis Tosar, incrível como o produtor Costa.

Costa que é, na verdade, o coração do filme. Não à toa é o produtor. É ele quem tem que tomar as decisões mais difíceis, assim como tem a relação mais próxima com a população e, por isso, também se envolve mais nos conflitos e com as pessoas, emocionalmente. Pode até ser estereotipado, mas aqui cada um exerce a sua função e Icíar Bollaín (o diretor real) o faz com fidedignidade.

Com suas semelhanças com a saga épica do Fitzcarraldo de Werner Herzog, Também a Chuva é uma megaprodução espanhola, merecedora da escolha daquele país para ir ao Oscar deste ano e, apesar de contar com concorrentes fortes, não deixou de merecer também o prêmio do público no Festival de Berlim.

Trailer:

(También la Lluvia, Espanha/França/México, 103 minutos, 2010)
Dir.: Icíar Bollaín
Com Gael Garcia Bernal, Luis Tosar
Nota 8,5

sábado, 3 de setembro de 2011

Crítica: Um Conto Chinês


É difícil acreditar que uma história é baseada em fatos reais, quando sua sequência inicial trás uma vaca caindo do céu, mas isso é só o começo e Um Conto Chinês se faz crível (quase) do começo até (quase) o fim.

O maior sucesso argentino do ano – com mais de um milhão de espectadores naquele país – tem como protagonista Ricardo Darín, o figurinha carimbada nos filmes dos hermanos – assim como o Brasil tem Wagner Moura e Selton Mello, a França tem Gerard Depardieu e por aí vai. Mas Darín tem uma vantagem em relação a seus equivalentes: o bom gosto aliado à sorte nas escolhas dos roteiros. Ele dificilmente erra o tiro e desta vez não foi diferente.

O dono de uma casa de ferragens (Darín) leva uma vida pacata, até que sua rotina (e seus nervos) é alterada com a chegada de um chinês desconhecido. As situações que se sucedem deixam o ferreiro sem escolha. Ele precisará ajudar o oriental a encontrar o tio, que mora há alguns anos em Buenos Aires.

A premissa do choque de culturas e aprendizado através da convivência forçada é surrada e há que se dizer que já foi melhor utilizada em outros filmes, como os recentes Goodbye Solo e O Visitante. A linha narrativa é quase a mesma, só que com menos graça e simpatia. É bem verdade que o longa obtém êxito na transferência da sensação de incomunicabilidade, especialmente pela opção em não legendar as falas em mandarim, mas esta opção acarretou na desvantagem de se construir um personagem que deveria ser o contraponto do argentino ranzinza num personagem apático, irritante e, por vezes, burro.

Mesmo assim, existem pontos que prendem a atenção. Seja a história leve e despretensiosa, sejam os quesitos técnicos bem cuidados, como a fotografia de enquadramentos variados e a trilha harmônica, que só entra em cena em momentos oportunos, a concentração é mantida até um momento crucial, no qual uma única cena nos arrebata e nos faz entender o porquê da escolha por filmar esta história. Amolece o coração para as sequências restantes, cheias de suavidade e bons sentimentos.

Por mais que não se trate de uma obraprima, os nossos vizinhos podem se orgulhar de ter um filme bacaninha como o seu grande sucesso do ano. 

Trailer:

(Un Cuento Chino, Argentina/Espanha, 93 minutos, 2011)
Dir.: Sebastian Borenzstein
Com Ricardo Darín, Ignacio Huang
Nota 7,0

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Crítica: A Fuga da Mulher Gorila


O que mais admirou-me ao assistir A Fuga da Mulher Gorila foi o fato de o filme ter sido rodado com apenas 10 mil reais, orçamento tão baixo que, em alguns casos, não dá para fazer nem curta-metragem, que dirá um longa.
O diretor e roteirista Felipe Bragança já trabalhou com Karim Aïnouz na minissérie Alice, da HBO, e no belo O Céu de Suely, cujo roteiro foi coassinado por ele. Este é seu primeiro longametragem como diretor.

Filmado em apenas oito dias, em pontos da BR-101, que liga o Rio de Janeiro a Campos, o longa conta a história de duas irmãs que partem numa van – a mesma usada pela equipe do filme para transportar os equipamentos –, apresentando seu show, o famoso truque da Mulher Gorila (já explorado antes em Lisbela e o Prisioneiro).

Trata-se de um road movie, dividido em vários capítulos, que exploram os cenários de interior e de beira de estrada, praia, boates de quinta e a amizade feita com alguns pelo caminho, sem deixar de lado as histórias pessoais e o autoconhecimento das duas irmãs.

É claro que, com um orçamento tão baixo, não dava pra ter um cuidado técnico tão bom, por causa dos poucos equipamentos (e nem sempre de alta tecnologia) que a equipe dispunha. Talvez por isso a fotografia seja ruim, escura demais à noite e estourada demais nas cenas em que contava-se com a forte luz do sol. Mas alguns deslizes poderiam ter sido evitados. Há planos embaçados, com cores desreguladas, coisa que a simples técnica de “bater o branco” resolveria.

Outro ponto fraco é a captação de som direto. Seria preciso legenda para entender alguns diálogos dos personagens.

O elenco atua direitinho, exceto em alguns momentos de interpretações excessivamente teatrais. Mesmo assim, rende bons momentos, especialmente nas cenas em que as irmãs cantam, com vozes suaves, músicas singelas de letras bonitinhas.

Sem grana e com muita vontade de fazer cinema, Felipe Bragança e sua parceira de produção e montagem Marina Meliande entregam um filme enxuto, cheio de sutilezas e muito agradável de se assistir.

Um bom representante da cena independente nacional. Prova de que nem sempre o dinheiro vem em primeiro lugar no cinema.
Teaser:

(idem, Brasil, 86 minutos, 2009)
Dir.: Felipe Bragança
Com Morena Cattoni, Flora Dias, Pedro Freire
Nota 7,0

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Dicas de Cinema


Com vontade de ir ao cinema, mas não sabe o que escolher, dentre as opções em cartaz? Aqui vão algumas dicas:
Amor à Toda Prova – não se deixe afastar por conta do título em português. Esta nova comédia da dupla John Requa e Glenn Ficarra (Eu Te Amo, Philip Morris) pode até possuir os clichês que o título sugere, mas é muito mais que isso. Com elenco afiado, liderado pelo ótimo Steve Carrell (O Virgem de 40 Anos), o longa trás momentos antológicos – como a cena da conquista ao som de Time of My Life e o encontro das histórias até então paralelas – e além de fazer rir, emociona pela veracidade com que sua história é contada. Emma Stone rouba a cena como a recém-formada advogada e Ryan Gosling convence como o galã dono de técnicas infalíveis de conquista. Completam o elenco uma apagada Julianne Moore e o inexpressivo Kevin Bacon.

Nota: 8,0

Planeta dos Macacos: A Origem – e não é que este reboot com cara de lasanha de micro-ondas deu certo? A história da origem do macacos que dominaram o planeta em outros tantos filmes é contada em tom de thiller, com um suspense de cravar as unhas na cadeira e prende a atenção com inteligência, só descambando um pouco com a introdução das batidas cenas de ação e corre-corre sem conteúdo do final. Mesmo assim e mesmo sem o impacto dos super efeitos que a versão de Tim Burton causou, o longa empolga, faz uma ótima troca de protagonistas com relação à última versão – sai Mark Wahlberg e entra James Franco – e deixa aberto várias pontas para boas sequências. E é bom deixar claro que os efeitos visuais são impecáveis e só não impressionam porque trabalhos visuais assim já não são mais exceção à regra.

Nota 7,5

Super 8 – esta bela homenagem de JJ Abrams ao mestre das aventuras e da emoção Steven Spielberg – que entra como produtor do filme – é também um presente aos fãs de filmes de aventura inocente da década de 80, como ET e Os Goonies. Sem a pretensão de revolucionar em quaisquer aspectos ou contar uma trama complicada, ganha pontos por sua simplicidade e elenco juvenil super afiado, com destaque para a talentosa Elle Fanning.

Nota: 8,0

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Crítica: o primeiro 3D pornô não é pornô


No Fantasy Film Festival que aconteceu em Berlim entre os dias 16 e 24 deste agosto e agora segue em outras seis cidades alemãs, umas das maiores atrações é o rotulado “primeiro filme pornô em 3D” no mundo, "3D Sex and Zen - Extreme Ecstasy". A curiosidade do público ficou ainda maior por causa do seu país de produção, a China. Oras, um dos países com censura mais pesada no mundo ser pioneiro num gênero que dá arrepios em pudicas e repressores da liberdade de expressão é no mínimo inusitado.

Pois hei que fui conferir a tal sessão do filme que já é o maior sucesso de público na China e tem conseguido artigos no mundo inteiro. Que algo tosco vinha pela frente, isso era esperado. Mas a expectativa de que a experiência poderia ser no mínimo interessante desceu ladeira abaixo já nos primeiros 10 minutos. Ali já dava para perceber que o filme não tem, na verdade, nada de pornô. Perde feio pra qualquer porno-soft Emmanuelle.

O orçamento gigantesco de 4,5 milhões de dólares de nada serviu. A sincronização e áudio é horrorosa, não existe um “ator/atriz” que se safe da interpretação medíocre, os cenários pavorosos e o roteiro – que na verdade não existe – são de arrepiar até os cabelos do pé.

Mas a grande causa de aborrecimento naqueles que pagaram caro – cerca de 30 reais o ingresso – esperando ver a inovação pornô em 3D é a falsa propaganda em torno do filme. Ele simplesmente não é pornô, nem soft nem explícito! Não há sequer uma cena erótica, apenas piadas grotescas em nível de Casseta e Planeta acerca de impotência e tamanho de órgãos sexuais. É uma comédia das mais bizarras, com alternâncias com o terror tipo Z, cheio de sangue, pernas, peitos e pintos de borracha sendo cortados a todo instante, acompanhados por gritinhos histéricos das chinesinhas e as caras e bocas irritantes dos aspirantes a ator.

Não fosse o marketing extremamente picareta, talvez o público não sairia frustrado. Os elementos cômicos existem – poderiam ser muito mais – e é possível dar umas risadas em momentos em que o filme só se preocupa em ser besteirol. Mas isso dura pouco. Depois de meia hora de película, o sangue toma conta e aí não sobra ponto positivo para ser ressaltado.

Se você aí quer assistir ao primeiro pornô 3D da história, espere então por Calígula, que está sendo refilmado pelo diretor Tinto Brass, o mesmo responsável pela versão original com Malcolm MacDowell e também pelo clássico Monella – a Travessa.

Por ora e se por acaso este tal chinês chegar ao Brasil, é melhor poupar o seu rico dinheirinho.

Trailer:

Dir.: Christopher Sun
Nota 3,0

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Crítica: Hanna


Depois de dirigir três dramas seguidos (Desejo e Reparação; Orgulho e Preconceito; O Solista), o diretor Joe Wright resolveu incluir um thriller de ação no currículo, experimentando aplicar seus conhecimentos teóricos do gênero.

O roteiro escolhido foi Hanna, escrito pelos estreantes Seth Lochhead e David Farr, cuja personagem-título é uma menina de 16 anos criada escondida na floresta pelo pai para ser uma exímia assassina, desde que a mãe fora morta - numa situação a ser explicada no filme. Capturada pela polícia, a menina foge e inicia-se então e famosa caçada de gato e rato que todos já viram centenas de vezes nos cinemas.

Na verdade, a trama é só mesmo a velha desculpa para o correcorre que interessa ao público em busca de escapismo descerebrado. O fiapo de roteiro não deixa dúvidas disso e o tempo (mínimo) dedicado ao desenvolvimento de personagens também não.

Mas se há algo que compensa em filmes assim é quando a ação funciona e o elenco convence. O primeiro elemento é aqui impulsionado por uma trilha sonora empolgante (assinada pelos The Chemical Brothers) e uma montagem extremamente ágil, além das tomadas em inúmeras locações na Alemanha, Finlândia e Marrocos – por mais que sejam interligadas sem nenhuma explicação plausível.

Já o segundo elemento é liderado por Saoirse Ronan, menina que tem se especializado em estar sempre um nível acima dos seus filmes, que geralmente são bons, mas nunca avançam para o “excelente” - vide Desejo e Reparação, Um Olhar no Paraíso e o mais recente O Caminho da Liberdade.

Outra que dá o ar graça é Cate Blanchett (Elizabeth), como sempre carismática, mas desta vez longe do brilhantismo que geralmente demonstra. Em Hanna, a consagrada atriz cede, em alguns momentos, às clichês caras e bocas de vilã teatral que descreditam a interpretação para o cinema.

Completando o trio de protagonista, Eric Bana (Hulk) é o lado fraco da corda. Ele parece não acreditar no próprio papel e ainda participa das (únicas) piores cenas de ação do longa, com lutinhas coreografadas que dão vergonha alheia.

Um vômito de elementos da cultura pop com pitadas rúdicas, Hanna tem seus defeitos, mas é incrivelmente divertido, infame, bobo, cheio de ação e com uma jovem que carrega a responsabilidade de gente grande. Saoirse “Lola Run” é tudo que o filme precisava para dar certo.

Resta torcer para que ele se sobressaia, junto ao público internacional, ao seu marketing fraco e equivocado, que fez com que o filme não fosse tão bem quanto poderia nos EUA.

Trailer:

(idem, EUA/Inglaterra/Alemanha, 111 minutos, 2011)
Dir.: Joe Wright
Com Saoirse Ronan, Cate Blanchett, Eric Bana
Nota 6,5

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Crítica: The Troll Hunter


Legal demais este tal de The Troll Hunter (Trollgeren, 2010), filme norueguês que tem rendido ótimas críticas e feito bastante sucesso nos festivais de fantasia por aí.

É mais um representante do cinema de fantasia atual, que usa das artimanhas do mockumentary para impressionar o público. Mais claramente, tem suas influências em A Bruxa de Blair, Cloverfield e [REC], mas também tem um quê de Distrito 9, Monsters e até Onde Vivem os Monstros.

A desculpa é a mesma de [REC]: grupos de estudantes de jornalismo resolvem seguir um suposto caçador de ursos descredenciado para tal atividade, a fim de saber porquê e para quem ele está fazendo aquilo. Descobrem que o sujeito é, na verdade, um caçador de trolls, seres fantásticos que todo nerd conhece, de quase todo livro do gênero lançado depois de O Senhor dos Anéis.

Depois de convencer o caçador a deixá-los acompanharem uma das caçadas, o grupo se infiltra em florestas e cavernas, em busca de encontrar os tais seres que, diferentemente de Cloverfield, não ficam só na promessa e aparecem diversas vezes, num trabalho espetacular da equipe de efeitos visuais, que teve peito suficiente para encarar o desafio e construir inúmeras cenas com uma perfeição capaz de concorrer com os efeitos multimilionários hollywoodianos – e olha que estamos falando aqui de uma produção que custou o equivalente a apenas 3,5 milhões de dólares.

Ao contrário do que muito crítico tem escrito, esta não é a estreia de André Ovredal na direção – ele já havia dirigido um outro longa em 2000, chamado Future Murder. Mas é bem verdade que esta aqui pode servir como sua revelação; não só como diretor, mas também como roteirista. Mesmo partindo de premissas batidas e utilizando recursos igualmente batidos, ele leva o filme a sério, se preocupa em elaborar as motivações e explicações da história e em não idiotizar os seus personagens.

Tudo bem que o elenco não é uma maravilha, mas pelo menos os tremeliques da câmera na mão e as inúmeras cenas noturnas ou de imagens que simulam visão esverdeada (para filmar no escuro) nos poupam da aproximação das suas expressões pobres.

Trata-se de uma iniciativa corajosa, vinda de um país cujo cinema não tem nem tradição e nem dinheiro. Felizmente, sua bilheteria em casa já foi suficiente para pagar as contas e o êxito do falatório já foi suficiente para garantir distribuição em mais alguns outros países. Que sirva de estímulo para outros criativos mundo afora.

Trailer:

(Trolljegeren, Noruega, 100 minutos, 2010)
Dir.: André Ovredan
Nota 8,5

Crítica: A Árvore da Vida


O hypado diretor Terrence Malick estreou em Cannes o seu (apenas) quinto longa, em mais de três décadas de carreira. Conhecido pelas excentricidades, por ser antissocial e genioso, não compareceu ao festival, que mesmo assim não deixou de agraciá-lo com a Palma de Ouro. Mas desta vez o diretor não foi unanimidade. Agraciado fervorosamente por uns e depredado por outros, levou o prêmio na base da polêmica. Ou talvez pelo medo do júri em dizer que o filme é simplesmente ininteligível. Sim, porque é de duvidar que todos tenham entendido a mensagem.

Feito para poucos, frustará aqueles que irão ao cinema por se tratar de um filme com Brad Pitt. Estes sairão logo no início da sessão. Talvez felizmente, porque são os primeiros trinta minutos os melhores do filme. É quando Malick explora imagens em alusão ao Big Bang e ao paraíso ou à dor dos pais pela perda de um filho.

Os pais, no caso, são interpretados por Brad Pitt e Jessica Chastain. Jessica é uma revelação, além de ser dona de uma beleza ímpar. Pitt é regular, como um pai extremamente autoritário, que dá aos filhos uma educação calcada em dois princípios: o religioso e o machista. Sua mulher e seus filhos têm para com ele uma relação de submissão, que beira a humilhação, nos padrões de um império do medo. Assim, os filhos têm no aconchego da mãe (e só durante a ausência do pai) a sua válvula de escape.

Além deste tempo e da atemporalidade das imagens abstratas, acompanhamos, por mais que infimamente, um dos filhos do casal, já mais velho, vivido por Sean Penn, ainda tentando cicatrizar as feridas do passado. O que pode frustrar a maioria é que os três tempos não tem, na verdade, amarras. São independentes entre si e podem ser interpretadas ao gosto do espectador. Isto pode ser bom, para quem não se incomode com o fato.

A cinematografia do sublime, dotado de um experimentalismo calculado e as visões apocalípticas plásticas e conceituais são o grande trunfo do longa. Um espetáculo que só poderá ser realmente apreciado numa (boa) sala de cinema. A câmera, nas sequências que acompanham a família, é completamente livre, quase desgovernada e o que impressiona é que nem por isso são menos belas.

Confesso que pelo menos através destas cenas pude sentir – mais do que refletir sobre – esta angústia dos pais. Pensando assim, tive uma ótima experiência sensitiva. Não tão impactante quanto o Koyaanisqatsi de Godfrey Regio, mas ainda assim válida. Só agradeceria se uns tais sussuros fossem retirados, pois os mesmos têm o efeito de um arranhar de quadronegro, com umas unhas bem compridas. E, apesar de ser a favor de histórias abertas, desta vez eu senti falta de uma explicação. Com um espírito filosófico talvez eu pudesse encontrar a mesma.

O diretor de fotografia Émmanuel Lubezki declarou à Cahiers du Cinema que a versão em blu-ray pode trazer um corte do diretor, com seis horas de duração. Isso porque Malick tinha inicialmente oito horas de filmagens nas mãos e teve que cortar seis delas para a versão dos cinemas. Com elas foi-se também a história do personagem de Sean Penn, que originalmente teria a mesma atenção que a do personagem de Brad Pitt, mas que no fim ficou com cerca de dez minutos. Das duas uma: ou as partes que faltaram para entender qual era a intenção do diretor estarão nesta nova versão ou confirmar-se-á que o projeto não tem realmente um nexo. Agora é pensar se ainda valerá a pena pagar para tirar a prova.

Trailer:


(The Tree of Life, EUA, 138 minutos, 2011)
Dir.: Terrence Malick
Com Brad Pitt, Jessica Chastain, Sean Penn
Nota 7,0
Estreia no Brasil: 12 de agosto

domingo, 7 de agosto de 2011

Curta: Cowboy


Como forma de conhecer melhor onde vou estudar a partir de setembro, resolvi assistir algumas produções dos alunos da Academia de Cinema Alemã, em Berlim. Assisti um longa bem interessante chamado Headshot (2010) e também descobri que este média também é produção da casa.

Cowboy mostra um agente imobiliário interessado em comprar umas terras ermas, mas por lá ele só encontra um suposto peão da fazenda, que no auge de sua (pouca) simpatia deixa que o homem espere pelos donos do local. Desenvolve-se então uma estranha relação entre os dois, cujo mistério só será descoberto no final.

É um curta ótimo, com som, edição, roteiro e produção muito bem cuidados. Peca um pouquinho nas atuações e na fotografia que por vezes lembra novela, mas nada que prejudique o resultado final. Foi vencedor na categoria de melhor médiametragem no Festival Internacional Lésbico e Gay de Milão, em 2009.

Vale a pena tirar meia horinha para conferí-lo. As legendas são em inglês, mas é bem fácil de entender.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Crítica: Incêndios

Os primeiros dez minutos desta coprodução Canadá-França já prendem a atenção de cara e expõe exatamente a situação do que veremos a seguir. Os irmãos gêmeos Jeanne e Simon estão em frente a um notário amigo da família, que em seguida lerá o testamento da mãe deles, que morrera há pouco tempo. Os desejos não são como o esperado. A mãe só gostaria de ser enterrada em caixão, com lápide e etc depois que os filhos cumprirem seu último desejo.

É então que o notário entrega uma carta para cada um dos filhos. A primeira deve ser entregue ao pai, que eles nunca conheceram. A segunda, a um outro irmão, que eles nunca souberam da existência. A intenção da falecida é que, desta forma, os filhos a ajudem a cumprir sua tarefa no mundo e que, através disso, tomem consciência do passado da mãe. Os filhos precisam, então, sair do Canadá e partir para o Líbano, onde a mãe viveu no período da Guerra do Líbano.

Através do simples recurso de subtítulos garrafais em vermelho, a história é dividida e contada, passo-a-passo, alternando presente e passado, revelando a vida trágica daquela mulher, cujo mote para continuar era exclusivamente o amor pelos filhos.

A mãe é interpretada por Lubna Azabal, uma atriz belga que vem se destacando por seus últimos papéis, em filmes como Coriolanus e Here, ambos exibidos no Festival de Berlim deste ano. Lubna é destas atrizes que passam segurança e é dona de uma expressão incrível.

O fato dos filhos terem que sair do Ocidente para conhecer o passado da mãe no Oriente possibilita o desenvolvimento de um choque de culturas e histórias, de expor os motivos da imigração de libaneses para o Canadá – sem ser generalista – e expor a inocência ignorante dos jovens “livres” com relação a uma realidade e cultura totalmente diferente da deles, de um país que ainda luta para ser livre, cujas raízes societárias ainda são repressoras.

Mas críticas diretas às religiões – católica e islâmica, em questão – são evitadas, como um sinal até mesmo de respeito por ambas, fazendo-as como apenas mais uma característica cultural dos povos. O mesmo acontece com a guerra, exclusivamente um pano de fundo. Não existe a intenção de explicá-la. Ela é, também, só mais uma coadjuvante diante da história do núcleo familiar, que é o que realmente importa para o diretor Dennis Villeneuve (Polytechnique).

O roteiro não poderia ser mais comum, pois não é de hoje que vemos tramas em que filhos vão em busca do passado dos pais. Mas há algo de muito forte e especial neste caso que, se não fosse tratado com muita dedicação do diretor, poderia parecer uma novela mexicana. O final, arrebatador, só vem para confirmar o que já se suspeitava no decorrer da projeção: existe algo de extremamente forte e absurdo na vida daquela mulher e que mesmo assim o sendo, é extremamente verossímil. O choque é inevitável e demora a passar.

Trailer:

(Incendies, Canadá/França, 130 minutos, 2010)
Dir.: Dennis Villeneuve
Com Lubna Azabal, Rémy Girard
Nota 9,0

 
Linkbão Oi Torpedo Click Jogos Online Rastreamento Correios Mundo Oi oitorpedo.com.br mundo oi torpedos mundo oi.com.br oi.com.br torpedo-online Tv Online torrent Resultado Dupla Sena Resultado Loteria Federal Resultado Loteca Resultado Lotofacil Resultado Lotogol Resultado Lotomania Resultado Mega-sena Resultado Quina Resultado Timemania baixa-facil Link-facil Resultado Loterias