Apology of an Economic Hitman

Economic Hitmans eram os “assassinos econômicos” que trabalhavam para a CIA, que usava os empréstimos do Banco Mundial para chantagear os recém-eleitos governantes de países do terceiro mundo, de modo que estes fossem subordinados à política imperialista norteamericana.

Resumidamente, seria assim: o sujeito era eleito presidente e imediatamente recebia a visita de uma desses Hitmans, que lhe dava a opção de colaborar com a política dos EUA ou a opção de morrer. Seria esta a explicação para a morte “acidental” de políticos que prometiam regimes revolucionários, como Jaime Roldós, Salvador Allende e Martin Torrijos, presidentes de países emergentes da América Latina.

Em casos mais delicados, como o do Iraque, era (por razões explicitadas no filme) mais complicado matar o governante e por isso, pela falta de cooperação de Saddam Hussein, explodiu a Guerra do Iraque.

Soaria tudo muito a filme de Michael Moore, não fosse o impactante depoimento, ao longo de todo o filme, de um desses Hitmans, John Perkins, que após os acontecimentos de 11 de setembro de 2003, resolveu contar tudo em um livro e no documentário, como forma de pedir perdão pelo que fez. Ele protagoniza cenas tensas, de uma apresentação que resolveu fazer no Equador, numa arena lotada de gente ressentida, principalmente, pelo assassinato de um dos seus melhores presidentes, Jaime Roldós e posterior endividamento ad ethernum que o país foi (praticamente) forçado a mergulhar.

John Perkins esculhamba com todo o sigilo da CIA e joga m... no ventilador com uma coragem incrível. Ele faz a sua mea culpa, mesmo que isso não exima da responsabilidade pelos seus atos. Suas declarações trazem dados tão novos e sérios que chega a ser assustador. Fica difícil não alimentar o certo ódio dos norteamericanos que reside em quase todos os povos de terceiro mundo.

À parte uns inserts toscos à la Programa de Igreja Universal, para encenar alguns fatos, o filme impressiona pela densidade dos problemas apresentados e abre uma polêmica enorme sobre a forma de governo dos EUA.

Eu tiro o chapéu para a coragem do diretor Stelios Koul em realizar um filme assim. Um grande filme, que deveria ser assistido por todos.

Apology of an Economic Hitman

(Confessions of an Economic Hitman, Grécia, 90 minutos, 2007)

Dir.: Stelios Koul

Nota 8,0

P.S.: o título do filme no FIC Brasília indica o termo “apology”, enquanto o IMDB indica “confessions”, o que acho mais adequado. O filme não faz apologia a ninguém.

Saiba os horários do filme no festival, aqui.