Dois palhaços, que fazem espectáculos de rua durante a dinastia Chosun, são presos quando representam uma peça que satiriza o rei. São levados para o palácio e ameaçados de execução, a menos que consigam fazer o rei rir-se dessa mesma peça. Obtém êxito e são então “contratados” pelo rei, para que o entretenham com suas peças. Mas as coisas fogem do controle quando as peças começam a ser usadas em detrimento dos interesses políticos do rei e quando o mesmo apaixona-se por um dos palhaços.
Baseado em fatos reais, o filme foi o maior sucesso de público na Coréia do Sul em 2006 e a segunda maior bilheteria da história daquele país.
A primeira metade de O Rei e o Palhaço é cômica, concentrando-se nas peripécias do grupo de palhaços malandros que se forma para agradar ao rei. Depois, torna-se um drama épico, com inspiração shakesperiana e com ótimos diálogos, cheios da sabedoria oriental.
A parte cômica é a mais instável, com piadas ingênuas que nem sempre funcionam. Ainda assim, é bem agradável, em parte por conta do fascínio que os belos cenários causam nos espectadores.
As interpretações são bem exageradas, algo comum no cinema oriental.
A fotografia é bonita, mas convenhamos: a estética plástica e colorida que estes filmes costumam imprimir não combina em nada com câmera na mão e movimentos de câmera bruscos. Ainda bem que esses planos são usados poucas vezes aqui.
O filme trata do tema da homossexualidade, mesmo que de maneira sutil, num contexto extremamente opressor (Coréia do Sul do século XVI), deixando as insinuações de lado numa única e breve cena.
É muito bem sucedido quando entra em sua fase dramática. No fim, percebe-se o quanto a ambição e o deslumbre os fizeram esquecer o quanto era boa a vida simples de “plebeus”, mas não os fazem esquecer o valor de uma grande amizade.
O Rei e o Palhaço nunca estreou no Brasil. Uma pena, pois trata-se de um filme lindo, um drama forte e bem diferente do cinema tradicional que estamos acostumados a ver.
Quem estiver participando da maratona do FIC tem a oportunidade única de assistí-lo. E a entrada é franca. Não percam!
(The King and the Clown, Coréia do Sul, 120 minutos, 2005)
Dir.: Jun-Ik Lee
Nota 7,8
Veja o trailer aqui e saiba os horários do filmes no FIC Brasília, aqui.
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