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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Crítica: Thor

Mais uma empreitada da Marvel Studios em direção a um conjunto filmográfico baseado em seus quadrinhos, Thor estreia com hype e a missão ingrata de ser mais um arrasa-quarteirão do estúdio, com expectativa semelhante à do sucesso Homem de Ferro. Além disso, é mais um projeto que aponta para o projeto-mor do estúdio, Os Vingadores – que terá seu caminho completamente aberto com a estreia de Capitão América, em julho próximo.

Thor é baseado nos quadrinhos que, por sua vez, são inspirados na mitologia nórdica dos asgardianos, seres imortais que foram confundidos com deuses. O personagem-título (Chris Hemsworth) é o “deus do trovão”, herdeiro do trono de Odin (Anthony Hopkins). Após demonstrar despreparo para ser rei e provocar uma guerra com os Gigantes do Gelo, o heroi possuidor do poderoso martelo Mjolnir é destituído de seus poderes pelo pai e exilado por ele na Terra, até que aprenda a ser humilde.

Mas a história não seria hollywoodiana se não tivesse o irmão traidor e a mocinha, certo? Por isso, temos como outros personagens centrais Loki (Tom Hiddleston) e Jane Foster (Natalie Portman).

Hemsworth emprega toda a força (em dedicação e músculos), arrogância, brutalidade e coragem para seu Thor, mas é vítima de uma necessidade inexplicável da fotografia em captá-lo exarcebadamente através de closes e cenas sem camisa, o que fazem dele apenas um objeto de histeria feminina (às vezes masculina), futura capa de revistinhas de adolescente.

Natalie Portman paga de mocinha apaixonada – apesar de carismática e linda como sempre – num papel que nem merecia tanto destaque quanto teve – assim como os seus companheiros terráqueos, um cientista desconfiável e uma amiga piadista sem a menor graça. Tom Hiddleston tem seus momentos de boa atuação, mas nem precisa de closes fotográficos para se queimar. Ele mesmo exagera nas caras e bocas.

Assim, sobra espaço para Anthony Hopkins esbanjar sobriedade e competência. Mas, apesar da má dosagem dosagem do elenco, é bom que se diga que eles pelo menos têm a vantagem de não transparecerem aquela sensação comum em filmes do gênero, de que o elenco não se leva a sério e está ali para fazer o pé-de-meia. Aqui, eles nunca parecem estar rindo de si mesmos por dentro.

Kenneth Branagh (da versão de Hamlet, de 1996) dirige o filme tomando cuidado com a mitologia que envolve a história, deixando Fúria de Titãs e Percy Jackson no chinelo, inclusive no quesito diversão. Os efeitos sonoros são um excepcionais e boa parte dos efeitos visuais são de babar – exceto aqueles que constroem a tal da “ponte de arcoiris” e os interiores exagerados do palácio de Odin. E nem precisava de efeitos 3D, que apesar de bons, não acrescentam nada ao filme.

A quantidade de ouro e um figurino tosco (como quase sempre acontece em filmes com deuses mitológicos) fazem de muitas cenas um grande Cavaleiros do Zodíaco, que só cedem espaço quando surge a Sociedade do Martelo, de integrantes apagadíssimos – dentre eles as versões mitológicas de Xena e Jackie Chan, segundo zomba o próprio roteiro.

Apesar de seus defeitos, Thor é um bom passatempo, recheado de ação e aparições anunciativas dos próximos projetos da Marvel – algo que os fãs de quadrinhos irão adorar – e abre caminho para boas sequências, além da participação do personagem em Os Vingadores, como evidencia a cena pós-créditos. 

Trailer:

(idem, EUA, 114 minutos, 2011)
Dir.: Kenneth Branagh
Com Chris Hemsworth, Anthony Hopkins e Natalie Portman
Nota 6,0

terça-feira, 26 de abril de 2011

Curta: Eu Não Quero Voltar Sozinho


Eu já tinha postado aqui o Café com Leite, curta que o Daniel Ribeiro dirigiu em 2007 e arrecadou prêmios mundo afora, inclusive o Urso de Cristal no Festival de Berlim.

Em 2010, Daniel estreou Eu Não Quero Voltar Sozinho, no Festival de Paulínia, que de lá para cá já foi exibido em outros 21 festivais, levando para casa 27 prêmios. Todos prêmios merecidos.

O tema da homossexualidade é até hoje muito mal explorado e retratado no cinema brasileiro e não será nenhuma surpresa se Daniel for o responsável pelo primeiro grande longametragem GLBT brasileiro.

Leonardo (Guilherme Lobo) é um adolescente cego, cuja vida muda completamente com a chegada de um novo aluno em sua escola. Ele terá que lidar, ao mesmo tempo, com os ciúmes da amiga Giovana (Tess Amorim) e entender os próprios sentimentos, despertados por este novo amigo, Gabriel (Fabio Audi).

É revigorante o talento que Daniel demonstra ter para dirigir obras densas, mas com uma leveza incrível. O atenção e a importância dada ao elenco se reflete na tela: o trio de adolescentes está impecável, super à vontade e parecem encarar com maturidade um assunto difícil, especialmente entre adolescentes.

O roteiro é uma pequena pérola, não só por ser bem escrito, mas pela ideia inovadora. O fato de ter um personagem cego como protagonista desvio todo o clichê de que a pessoa se descobre gay pela atração pelo mesmo sexo. Leonardo é desprovido do recurso visual, então o processo de se apaixonar por um outro garoto diz respeito apenas ao coração. E isso o diretor retrata com muito sentimento e simplicidade.

Não é difícil se emocionar com esta pequena e preciosa obra. O final só deixa um gostinho de “quero mais” e uma vontade de que esta linda história possa se tornar um longa um dia.




sábado, 23 de abril de 2011

Preview: Kaboom


Depois de mais de vinte anos de iniciada a sua carreira, Gregg Araki continua obcecado com o mesmo tema. Entre filme, sai filme, lá estão as doses altas de drogas (ou simplesmente alucinações) e o sexo multi-inter-sexual. Isso já rendeu extremos, como Mistérios da Carne (excelente) e Smiley Face (péssimo). Kaboom fica no meiotermo dos títulos de Araki.

Exibido em grandes festivais, como Cannes, Sundance e Toronto, tem sido figurinha carimbada mesmo é nos festivais cool alternativos de filmes de fantasia. O motivo é o seu teor altamente delirante, com pitadas de Donnie Darko e dos filmes de David Lynch. Mas pode ser também classificado como um American Pie despudorado. Ou por vezes como uma novela mexicana com pitadas almodovarianas.

A história gira em torno de Smith (Thomas Dekker), 18 anos, recém-chegado na faculdade. Ele sente tesão pelo desneurado colega de quarto, que vive experimentando novas aventuras (heteros)sexuais no dormitório. Tem como melhor amiga Stella (Haley Bennett), lésbica sem papas na língua que se envolve com uma sexy bruxa (!). Numa festa conhece London (Juno Temple), com quem inicia um tórrido relacionamento, baseado somente em sexo. Estes e mais uma outra penca de personagens se envolverão numa trama que envolve morte, bruxaria e claro, sexo e alucinógenos.

Instável do começo ao fim, alterna constantemente cenas grotescas com ótimas sacadas – especialmente de edição. Esta inconsistência é o grande problema, pois quando se está prestes a relevar os erros passados e entrar de vez no filme, vem então uma injeção de péssimos diálogos e situações. Nem mesmo os atores parecem se levar a sério. Há uma necessidade absurda de se explicar tudo freudianamente que faz o filme se limitar a uma bomba de sexo e surrealismo.

Apesar de seus muitos defeitos, o filme prende a atenção até o final, pelo puro escapismo. Sua montagem multifacetada e acelerada, bem como a bem amarrada relação entre todos os seus personagens (resolvida em minutos finais à Hitchcock) são algumas de suas qualidades.

Talvez o maior problema seja a direção relaxada de Gregg Araki, meio que “nem aí”, querendo mais é que o mundo “se exploda”. No fim, não é nenhum boom, mas pelo menos também não é kaboom (ou não).

Trailer:

(idem, EUA/França, 82 minutos, 2010)
Dir.: Gregg Araki
Com Thomas Dekker, Haley Bennett
Nota 5,5

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Brasileiros selecionados para Cannes 2011

Depois da divulgação dos filmes que compoem a Seleção Oficial do Festival de Cannes 2011, em 14 de abril último, hoje foi a vez da Semana da Crítica divulgar seus selecionados.

Fiquei feliz quando vi que o médiametragem “Permanências”, coproduzido pelo meu querido Marcelo Caetano, foi selecionado para a Mostra, que já revelou importantes nomes do cinema mundial como Bertolucci, Jean-Marie Straub, Philippe Garrel, Amos Gitai e Wong Kar Wai.

Já tive a oportunidade de trabalhar com o Marcelo e sei que ele faz por onde ser reconhecido festivais afora e tomara que não seja diferente com este trabalho.

Permanências” é dirigido pelo mineiro Ricardo Alves Junior, de curtas premiados, como “Material Bruto” e “Convite para jantar com Camarada Stalin”. Trata-se de uma obra poética construída a partir da vivência do diretor no conjunto habitacional IAPI, um “navio naufragado no centro de Belo Horizonte.”

A produção foi vencedora do prêmio de melhor filme brasileiro na Janela Internacional do Cinema do Recife.

Além de “Permanências”, o Brasil tem também outros dois representantes em Cannes: o curta “Duelo Antes da Noite”, de Alice Furtado, na mostra Cinefondation; e o longa “Trabalhar Cansa”, de Juliana Rojas e Marcos Dutra, na mostra Un Certain Regard.

O Festival de Cannes acontece entre os dias 11 e 22 de maio e será presidido por Robert DeNiro. As listas completas dos selecionados podem ser conferidas no site do Festival e no site da 50ª Semana da Crítica.

domingo, 17 de abril de 2011

Os maiores públicos no Brasil - Animação

O FilmeB, site que reune dados sobre cinema no Brasil, divulgou – por ocasião do altíssimo público que prestigiou o primeiro fim de semana de estreia da animação Rio no país – o ranking dos 20 maiores públicos para filmes no formato de animação, lançados no Brasil entre 1992 e 2010.

Em termos de abertura de animação, Rio fica atrás apenas de Shrek Terceiro. O filme do diretor brasileiro Carlos Saldanha facilmente alcançará público para entrar para o ranking já no próximo final de semana. A expectativa é de que o filme encerre carreira numa das duas primeiras posições do ranking.

Caso abrangesse também os lançamentos de 2011, a lista já teria um novo integrante: Enrolados, da Disney, com mais de 3,9 milhões de espectadores em território brazuca.

Da lista, Carlos Saldanha detém, pela sua direção da trilogia A Era do Gelo, a primeira, terceira e décima sexta posição. Outra franquia de peso é Shrek, cujos três últimos capítulos figuram no ranking. Metade dos títulos tem seus direitos detidos pelos estúdios Disney/Pixar. Também têm destaque os dois filmes Madagascar – quem já tem uma terceira parte a caminho, para 2012.

Confira abaixo o ranking completo:

1º- A Era do Gelo 3 (2009)
Dir.: Carlos Saldanha
Espectadores: 9,2 milhões

Dir.: Mike Mitchell
Espectadores: 7,3 milhões

3º- A Era do Gelo 2 (2006)
Dir.: Carlos Saldanha
Espectadores: 5,8 milhões

4º- Madagascar 2 – A Grande Escapada (2008)
Dir.: Eric Darnell e Tom McGrath
Espectadores: 5,1 milhões

5º- Procurando Nemo (2003)
Dir.: Andrew Stanton e Lee Unkrich
Espectadores: 4,9 milhões

6º- Shrek Terceiro (2007)
Dir.: Chris Miller e Raman Hui
Espectadores: 4,6 milhões

7º- Shrek 2 (2004)
Dir.: Andrew Adamson, Kelly Asbury e Conrad Vernon
Espectadores: 4,6 milhões

8º- Toy Story 3 (2010)
Dir.: Lee Unkrich
Espectadores: 4,3 milhões

9º- Madagascar (2005)
Dir.: Eric Darnell e Tom McGrath
Espectadores: 4,3 milhões

10º- Os Incríveis (2004)
Dir.: Brad Bird
Espectadores: 4,2 milhões

11º- O Rei Leão (1994)
Dir.: Roger Allers e Rob Minkoff
Espectadores: 4,2 milhões

12º- Kung Fu Panda (2008)
Dir.: Mark Osborne e John Stevenson
Espectadores: 3,8 milhões

13º- Tarzan (1999)
Dir.: Chris Buck e Kevin Lima
Espectadores: 3,4 milhões

14º- Dinossauro (2000)
Dir.: Eric Leighton e Ralph Sondag
Espectadores: 3,3 milhões

15º- Carros (2006)
Dir.: John Lasseter e Joe Ranft
Espectadores: 2,8 milhões

16º- A Era do Gelo (2002)
Dir.: Carlos Saldanha e Chris Wedge
Espectadores: 2,4 milhões

Dir.: Pierre Coffin, Chris Renaud
Espectadores: 2,4 milhões

18º- Monstros S.A. (2001)
Dir.: Pete Docter, David Silverman e Lee Unkrich
Espectadores: 2,3 milhões

19º- Vida de Inseto (1998)
Dir.: John Lasseter e Andrew Stanton
Espectadores: 2,2 milhões

20º- Ratatouille (2007)
Dir.: Brad Bird e Jan Pinkava
Espectadores: 2,2 milhões

Em tempo: Rio estreou neste fim de semana nos EUA e registrou a maior abertura do ano, até então, com cerca de 40 milhões de dólares arrecadados. Somando este montante aos resultados mundiais, Rio já possui 168 milhões de dólares em caixa. Nada mal para uma nova franquia. 

Fontes: FilmeB e BoxOfficeMojo

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Crítica: Bebês

No fim de semana de estreia de Homem de Ferro 2, nos EUA, em maio de 2010, outro filme chamou a atenção: era Bebês, documentário sobre... bebês, oras. O filme estreou em nono lugar, com surpreendentes US$ 2,1 milhões arrecadados, o que é raro de acontecer quando o gênero em questão é o documentário.

Assistindo-o, percebe-se que ele poderia ter sido um fracasso: não possui voice over, quase não possui falas e não possui uma história bem definida. Apenas a observação cronológica e a evolução e descoberta dos bebês em seu primeiro ano de vida, quando ainda estão todos na fase oral.

Mas seu sucesso é compreensível, pois apesar de
poucos gostarem de filmes sem fala, muitos se derretem por bebês e foi por isso (muito provavelmente) que o filme ganhou o público.

O diretor Thomas Balmes acompanhou por mais de um ano quatro recém nascidos: Ponijao, da Namíbia; Bayarjargal, da Mongólia; Mari, do Japão; e Hattie, dos EUA. Provavelmente, ele fez um trabalho prévio de acompanhamento das mães, que se mostram muito à vontade frente à sua câmera, mesmo no momento crucial e íntimo do parto. Em alguns momentos, a impressão é de que a câmera estava escondida ou estática e sem nenhum profissional por perto, a fim de captar os chamados “espaços vazios”, momentos em que aparentemente nada acontece, mas que possuem a síntese e a beleza da vida.

Além do crescimento e descobertas das crianças, o fator cultural é um ponto de observação muito forte e talvez o mais interessante. Vemos as diferenças de criação entre as quatro nações, assim como identificamos os pontos em comum entre qualquer mãe, o tal instinto materno.

A sessão do longa é das que mais causam reações no espectador, que involuntariamente e constantemente deixa escapulir um “óunn” ou um “eca!”, assim como muitas vezes dá vontade de acodir o bebê em apuros ou ajudá-lo a se virar, literalmente.

O fato é que observar bebês é uma das práticas favoritas de muita gente. Quem fizer parte deste grupo, adorará assistir este filme. Quem não se derrete com crianças, dificilmente terá paciência para ir até o fim.

Bebês se mostra como um bom exemplar para se discutir, a posteriori, psicologia infantil ou antropologia, mesmo não oferecendo nenhuma inovação de linguagem ou grandes curiosidades. Mas, com tanta fofura exposta, quem liga para isso?

Trailer:

(Babies, França, 80 minutos, 2010)
Dir.: Thomas Balmes
Nota 7,0

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Crítica: Homens e Deuses

O cinema francês, apesar de ser algumas vezes intelectualoide, frequentemente presenteia o público com filmes de conteúdo humanista e com categoria, faz pensar. E sabe tocar, como poucos, em temas religiosos sem tomar partidos ou criar polêmicas – exceto em casos raros, como “Je Salue Marie”, do Godard.

Homens e Deuses” é ambientado nos anos 90, durante a Guerra Civil, na Argélia. Oito monges franceses viviam para ajudar a população, fazendo-lhes consultas e oferecendo-lhes medicamentos. Após o massacre de estrangeiros por um grupo fundamentalista islâmico, inicia-se uma onda de violência no local e os monges terão de decidir se voltam para a França ou se ficam e correm o risco de serem alvo dos fundamentalistas.

O filme foi vencedor do Grande Prêmio do Festival de Cannes e tem como protagonista Lambert Wilson, que interpreta com serenidade e discrição o frade líder dos monges, Christian. Ao seu lado, um ótimo elenco, que inclui ainda um simpático Charles Herin, esbanjando sabedoria como o mais velho dos monges, Amédée.

Com pouquíssima trilha sonora e elenco de apoio que parece ter sido escolhido no local, suas (pouco mais de) duas horas funcionam quase que integralmente como tempo de reflexão, mas sem soarem piegas ou como lavagens cerebrais religiosas. É algo mais próximo da reflexão do modo de vida que Kim Ki-Duk fez em “Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera”.

O diretor Xavier Beauvois utiliza com inteligência questões que envolvem política, para além da simples decisão dos monges de ficar ou partir. Envolve também pensar no próximo antes que em si – e isso é algo duro de se colocar em prática. E como a sabedoria na maior parte das vezes utiliza de poucas palavras para se fazer entender, Xavier também o faz através dos diálogos enxutos do roteiro.

Homens e Deuses” une o silêncio do cinema de arte francês com elementos neorrealistícos iranianos, resultando numa obra calma, densa e extremamente bem realizada. Feito para extrapolar as fronteiras daquele país e ganhar o público (que admira o cinema engajado e que gosta de uma boa história) mundo afora.

Trailer:

(Des Hommes et Des Dieux, 122 minutos, França, 2010)
Dir.: Xavier Beauvois
Com Lambert Wilson
Nota 9,0

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Crítica: Rio

É de dar orgulho quando um brasileiro representa tão bem o nosso país mundo afora e ainda mais quando ele consegue gastar seu cartucho divulgando nossa cultura. Carlos Saldanha até hoje não é um nome famoso no Brasil, mas já recebeu o indireto reconhecimento quando dirigiu a trilogia de animação A Era do Gelo, sendo o terceiro da série o maior sucesso de 2009, com público de mais de 9 milhões de espectadores – além de ter se tornado a maior bilheteria para uma animação em território não-estadunidense de todos os tempos (690 milhões de dólares).

Uma das pessoas-chave da Blue Sky Studio, Saldanha teve a ideia de Rio enquanto pré-produzia A Era do Gelo 3. A vontade de “fazer uma carta de amor” para sua cidade natal tomou forma no argumento que tinha uma arara azul como protagonista. Blu seria uma representação “papagaiada” de um nerd “adotado” desde criança por uma norteamericana, em Minnesota (EUA). Quando adulto, é descoberto por um pesquisador brasileiro, que procurava incessantemente por um exemplar macho da espécie (ameaçada de extinção), a fim de levá-lo a um instituto de preservação animal no Rio de Janeiro, onde a última fêmea da espécie era guardada, à espera de um companheiro reprodutor. O roteiro definitivo ficou a cargo de Don Rhymer, responsável por outra animação acima da média, Tá Dando Onda (2007).

A cidade maravilhosa virou palco para uma profusão de cores, ainda mais ressaltada pelos efeitos 3D. Ao contrário da decepção tridimensional do terceiro filme dos bichinhos glaciais, aqui a tecnologia estereoscópica funciona e tudo o que há de belo no Rio – o Corcovado, o Pão de Açúcar, o sambódromo – fica ainda mais ressaltado.

Para a saúde do filme – e um pouquinho de vergonha perante o público mundial – Saldanha usou de bom senso e não deixou de ressaltar todos os problemas que assolam o Rio de Janeiro atual. Estão lá macacos-trombadinhas, o pássaro-traficante-sequestrador e a violência nas favelas. Assim como não poderiam faltar as mulatas no carnaval, o futebol, o churrasco e o samba escutado à exaustão – com um único momento de exceção, quando a alegre batucada dá lugar a uma romântica bossanova. Só faltou o funk, que foi substituído pelo hip-hop de Will.i.am (do Black Eyed Peas).

A representação tupiniquim não se limitou à direção e à história. Os nossos dedos também tocam a trilha sonora, que tem participação de Bebel Gilberto e Carlinhos Brown e produção musical executiva de Sérgio Mendes; a direção de fotografia, assinada por Renato Falcão (Diário de Um Novo Mundo); e a dublagem de Rodrigo Santoro, que participa tanto da versão brasileira quanto da versão original, dando voz ao pesquisador Túlio.

Santoro, na versão original, mostra que já domina a interpretação em inglês e não deixa em nada a desejar aos nomes da moda Anne Hathaway e Jesse Eisenberg, que dublam as duas araras azuis, Linda e Blu. O trio, assim como o restante do elenco, imprime personalidade aos personagens e divertem bastante.

Aliás, diversão é a palavra-mote desta produção, que só deve desagradar aqueles que se incomodam com o estereótipo do Rio ou quando uma produção estrangeira critica o Brasil. Esses fatores poderiam mesmo depor contra o filme, mas há que se entender que comédia se faz com crítica social e também através do realce das características latentes de um lugar ou pessoa. E nem é preciso dizer que é preciso encarar este filme com bom-humor, não é?!

Mesmo com seus exageros, Rio é talvez o filme de gringo mais lúcido já feito sobre a cidade maravilhosa, assim como o mais divertido e bonito – que o diga o incrível sobrevoo de paraquedas sobre a Baía de Guanabara. Na contramão da tendência de muito filme juvenil que acha que precisa ser sombrio e emocionar para arrebatar o público, Rio tem como maior trunfo o fato de não querer em momento algum ser profundo ou apelar para as lágrimas. Seu potencial é tão grande que não será surpresa nenhuma se for novamente a maior bilheteria do ano no Brasil – quiçá no mundo – e também dar a Carlos Saldanha novamente o posto de diretor da animação mais lucrativa da história, podendo tomar este lugar de Toy Story 3.

A palavra de ordem aqui é ser feliz e fazer feliz. Uma declaração de amor que Saldanha confirma com a última fala do filme: “Rio, eu te amo”.

Trailer HD legendado:

(idem, EUA, 96 minutos, 2011)
Dir.: Carlos Saldanha
Dublagem original: Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Jamie Foxx, Rodrigo Santoro
Nota 8,5

terça-feira, 5 de abril de 2011

Crítica: Contracorrente


Contracorrente foi o escolhido do Peru para concorrer a uma vaga no Oscar de filme estrangeiro deste ano, mas foi eliminado logo na primeira etapa de seleção – junto com Lula, o Filho do Brasil. Sem uma campanha maciça como a de um Brokeback Mountain, seria muita ousadia a academia selecionar um típico representante GLBT independente.

O filme tem como protagonista Miguel, um pescador prestes a ter o primeiro filho. Ao mesmo tempo que está feliz por construir uma família com a esposa, Mariela, vive um romance com um pintor que aportou há algum tempo na região.

Usando de fantasia à Jorge Amado e se aproximando às histórias deste também pelas locações praianas, Contracorrente funciona um pouco como um Dona Flor e Seus Dois Maridos às avessas. O diretor e roteirista Javier Fuentes León constroi uma grande metáfora do sentimento gay, de só se sentir à vontade ao lado do parceiro, perante à sociedade, quando se está a sós. A possibilidade da sociedade reagir a um casal homossexual com naturalidade e almejada indiferença é bem explorada pelo fator fantástico, que clichê ou não, piegas ou não, neste caso é útil.

Admira-se a ousadia de Cristian Mercado e Manolo Cardona em protagonizarem tórridas cenas entre si, mas infelizmente não é sempre que convencem. As coisas vão muito bem, mas só até o ponto em que a emoção precisa aflorar e tomar o público e são nestes momentos cruciais que eles falham. Ainda assim, no frigir dos ovos e com um pouco de boa vontade, releva-se.

É bom saber que o gay no cinema, ao contrário da tevê, já deixou de ser tratado estereotipadamente há algum tempo e é ainda melhor ver que bons produtos têm vindo até de terras de pouca tradição em cinema. E que bom saber que nem só de Claudia Llosa vive o cinema peruano. 

Trailer:

(Contracorriente, Peru, 100 minutos, 2009)
Dir.: Javier Fuentes-León
Nota 7,0

sábado, 2 de abril de 2011

O Enigma de Kaspar Hauser

Vocês não ouvem os assustadores gritos
ao nosso redor que habitualmente
chamamos de silêncio?

É difícil encontrar uma história singular para ser filmada. Ainda mais raro é uma destas histórias ser encontrada pelo diretor certo, na hora certa.

O Enigma de Kaspar Hauser é baseado na história real do jovem Kaspar Hauser, encontrado numa praça em Nuremberg, Alemanha, em 1828, com idade e identidade desconhecidas, sem saber falar e andar, apenas com uma carta na mão, que explicava o motivo de seu abandono naquele local.

Acredita-se que ele tenha crescido em uma cela, isolado de qualquer contato com a natureza, sendo alimentado a pão e água por alguém que deixava o alimento em sua cela, enquanto o mesmo dormia. Depois de anos, foi encontrado por um homem, que o ensinou a escrever seu nome e a repetir uma única frase. Depois deste pequeno tempo de preparação, o homem teria abandonado Kaspar na tal praça.

O caso já foi amplamente discutido, em cerca de 3 mil livros e 14 mil artigos científicos, especialmente ligados à psicologia, que o usa como ilustração de como a privação do contato social pode levar ao retardo mental. Felizmente, ao ser transposto para o cinema, o foi feito pelas mãos do alemão Werner Herzog.

Bruno S. (esq.) e um desenho do verdadeiro Kaspar (dir.)
Herzog seguiu o feliz caminho de respeitar as especulações da história real e expor as diferentes teorias sobre o personagem, sem tomar nenhuma delas como verdade absoluta. Foi ainda mais feliz quando resolveu não escalar um ator profissional para o papel principal, já que julgava (corretamente) que seria muito difícil um ator passar por um retardado mental sem parecer caricato e/ou inverídico.

O diretor encontrou em Bruno S o alterego de Kaspar. Bruno também sofreu privação de contato social, ao ser internado aos três anos de idade numa instituição para doentes mentais, sem no entanto sê-lo – a verdade é que a mãe o espancava, o que o deixou temporariamente surdo. Aos trinta anos, foi diagnosticado como esquizofrênico, devido aos maltratos que sofreu durante os 23 anos de cárcere privado a que fora submetido. Era artista de rua quando foi descoberto por Herzog, que também o escalou como protagonista de outra obra sua, Stroszeck (1977).

Assim, com um ator que deu um tom semidocumental ao personagem principal, Herzog realizou uma de suas obras-primas. Mas, diferentemente de muitos outros filmes seus, que trazem uma certa severidade nos sentimentos, Herzog tratou Kaspar e Bruno com um nítido carinho e respeito, que refletem na sensibilidade que injeta em cada pequeno momento nos quais a inocência de uma pessoa – que sempre fora rejeitado e incompreendido por todos, por não ter noções desenvolvidas de comportamento, religião, lógica ou ciência – é o fator mais explorado. Isso tudo a despeito da gana da sociedade por dissecar o personagem real como se fosse um bicho de laboratório.

Estátua de Kaspar Hauser, em Nurenberg
Enquanto uma simples constatação científica – que gerou um “perfeito relatório” pelo escrivão da época – aquietou os ânimos da sociedade contemporânea a Kaspar, Herzog foi para outro lado e focou no lado humano, cheio de dificuldades de integração – mas preenchido com muita pureza – da persona central. Uma escolha que só podia ser pensada por um mestre que, calculadamente ou não, leva às lágrimas com suas lindas passagens.

E os momentos de comoção e riqueza de significados não são poucos: uma conversa com a empregada, no qual questiona a limitação das mulheres em só poderem cozinhar e fazer crochê; a recusa à aceitação da religião, alegando que antes precisa aprender a ler e escrever; o não-entendimento de que maçãs não são seres humanos; até a genial sequência em que é indagado por um “especialista” sobre raciocínio lógico.

É a profusão de cenas antológicas e perfeita condução técnica e criativa do roteiro que fazem deste um filme de muita importância na história do cinema. Tão rico que a busca por maiores informações após a sessão é tarefa certa.

Uma Questão de Lógica:

Trailer:
(Jeder für sich und Gott gegen alle, Alemanha Ocidental, 110 minutos, 1974)
Dir.: Werner Herzog
Com Bruno S.
Nota 10

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Crítica: A Última Estação


A Última Estação não é e nem pretende ser a cinebiografia de Léon Tolstói, um dos maiores escritores de todos os tempos e principal pacifista russo do fim do século XIX.

O diretor Michael Hoffman (Sonhos de Uma Noite de Verão), trouxe às telas a adaptação do romance de Jay Parini, sobre os últimos anos de Tolstói. O roteiro foi escrito pelo próprio Hoffman, que só conta, no filme, os feitos do escritor em duas breves cartelas introdutórias. O que ele quis mostrar foi a relação de amor devastadora entre o escritor e sua mulher Sofya, casada com ele por 48 anos. Em seus últimos anos de vida, Tolstói entrara em conflito com a mulher, que queria fazer fortuna com os trabalhos do marido, a fim de deixar uma herança maior para os 13 filhos.

Tolstói nunca gostou da vida luxuosa que levava e, com a ajuda do amigo Vladimir Chertkov, planejava escrever um testamento, tornando todas as suas obras sob domínio pública, pois acreditava que eles as escrevera para o povo e, portanto, não poderia fazer fortuna com aquilo.

A relação entre a esposa, ele e o amigo Chertkov era explosiva e levaria todos eles a tomarem atitudes de amor e ódio constantemente. O livro de Jay Parini tem como personagem principal Valentin Bulgakov, um jovem seguidor das doutrinas tolstoianas e que tornou-se amigo da família em seus anos mais críticos. É ele quem observava tudo com cautela no filme e possui um certo distanciamento da história toda.

Valentin não fazia questão alguma de tomar partido do que acontecia. Apenas estava ali para ajudar no que pedisse o seu mestre. Desta forma, ele serve no filme não como um conselheiro ou como um personagem essencial para o desenvolvimento dos fatos. Chega a ser apático. Mas observa bem e não tem a intenção de defender esta ou aquela parte, pois – como os espectadores do filme – percebia que cada qual tinha seus fortes motivos e agia como achava que devia. E Valentin não fazia juízo de valores. Afinal, não havia lado certo ou errado, bom ou ruim na história.

Christopher Plummer e Helen Mirren exercem com vigor os papéis de marido e mulher, enquanto que Paul Giamatti e James McAvoy lhes dão o suporte necessário, na pele de Chertkov e Valentin, respectivamente.

Na tentativa de contar uma história de amor extremamente forte e comovente, Michael Hoffman saiu-se bem. Mas pecou imensamente ao transformar o Império Russo na Inglaterra e Tolstói em cidadão britânico. Além de todos os personagens falarem em inglês, os ambientes não poderiam ser mais britânicos, com suas regras e chás e formalidades. Até os cenários aspiram à Inglaterra daquela época. Se não houvessem legendas para nos dizer que aquilo se passa no antigo Império Russo, certamente haveria confusão na cabeça do espectador.

E isso, pelo menos para mim, é fatal num filme que pretende retratar personagens e culturas de determinados países. Neste sentido (e em todos os outros), David Lean saiu-se muito melhor com o seu inesquecível Doutor Jivago (1965).

Trailer:

(The Last Station, Alemanha/ Rússia/ Inglaterra, 110 minutos, 2009)
Dir.: Michael Hoffman
Com Helen Mirren, Christopher Plummer, James McAvoy, Paul Giamatti, Anne-Marie Duff
Nota 6,5
 
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