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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Crítica: Temple Grandin


Não sou nada ligado no que se passa na tevê. Não costumo assistir novelas, séries e nem desenhos. Não é porque eu não goste. Simplesmente tenho pouco tempo para estes programas e sei que se eu começar a assistir vou querer acompanhar até o final, ou seja, perderia um tempo em que eu poderia assistir mais filmes, que acho muito mais interessante.

Ainda assim, de vez em quando me deparo com algum filme que produzido apenas para a televisão e me surpreendo com sua qualidade. Em meu vôo de vinda para Berlim, escolhi um dos únicos filmes da lista que eu ainda não tinha visto. Também nunca tinha ouvido falar, mas dias depois tive a notícia de ele estava indicado a nada menos que 15 Emmys, o “Oscar televisivo”.

Ontem aconteceu a cerimônia de premiação nas principais categorias e Temple Grandin, que havia ganhado dois prêmios no anúncio dos vencedores das categorias técnicas, no dia 21 passado, ganhou mais cinco prêmios: melhor filme, melhor atriz de minissérie ou filme (Claire Danes), melhor ator coadjuvante de minissérie ou filme (para David Strathairn), melhor atriz coadjuvante de minissérie ou filme (para Julia Ormond) e melhor diretor de minissérie, filme ou especial dramático (para Mick Jackson).

A cinebiografia de Temple Grandin, mostra como ela – um dos casos mais famosos de autismo do mundo – conseguiu driblar os preconceitos da doença e mostrar que era possível ser muito bem sucedida profissionalmente, desde que houvesse um tratamento adequado para pessoas que portam o autismo. Ela tornou-se uma das mais reconhecidas cientistas da atualidade, lançou vários livros – dois deles, “Uma Menina Estranha” e “Na Língua dos Bichos”, disponíveis no Brasil – e hoje ministra inúmeras palestras sobre sua doença.

Não vou contar os feitos específicos dela, porque isto é o mais interesse de assistirmos: como ela desenvolveu seus métodos e como ela enxerga o mundo. Este crescente de descobertas é mostrado com delicadeza de direção e uma montagem linear que conta a história com calma, mas prendendo a atenção o tempo inteiro, ajudada por ilustrações matemáticas ótimas.

Mas a grande responsável pelo sucesso qualitativo do filme é, sem dúvida, Claire Danes. A atriz entregou-se totalmente ao papel e incorporou impressionantemente a Temple Grandin, com todos os seus trejeitos, maneira de impostar a voz, jeito de andar e olhar distante. Tudo poderia parecer exagerado a princípio, mas depois não há como não se encantar com sua interpretação memorável. E depois isso é confirmado durante os créditos finais, quando então surge na tela um depoimento da Grandin da vida real.

É claro que todo o mérito não é só da atriz, que foi também ajudada pelo trabalho de maquiagem e pelo suporte do elenco coadjuvante, que conta com Julia Ormond, Catherine O'Hara e David Strathairn.

Este é um drama agradável de assistir que, apesar de terminar bruscamente – poderia ter um final melhor desenvolvido – possui uma história cativante, merecedora dos prêmios e de ser assistida.

Teaser:

(idem, EUA, 104 minutos, 2010)
Dir.: Mick Jackson
Com Claire Danes, Catherine O'Hara, Julia Ormond, David Strathairn
Nota 8,5

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crítica: Karatê Kid (2010)


Época de pouca criatividade é época de trazer à tona velhos sucessos em novas roupagens, a fim de que se criem novos sucessos. O caso mais recente é este Karatê Kid, que se aproveita da popularidade do título do filme de 1984, para iniciar uma nova franquia.

Estranhamente, de karatê este longa nada tem. O filme começa com o garoto de 12 anos Dre (Jaden Smith) e sua mãe (Taraji P Henson) se mudando dos EUA para a China, onde ela conseguira um emprego. Com dificuldades de integração com os garotos do local, que o intimidam como se fossem gangues mirins, Dre faz amizade com Meying (Wenwen Han), uma dedicada aluna de violino. Eles enfrentam vários impecilhos para serem amigos e Dre encontra no kung fu (!) a única arma para ser aceito e se impor naquela comunidade. Para concorrer num campeonato regional, ele contará com a ajuda de Han (Jackie Chan), teoricamente apenas o “cara da manutenção” do prédio onde o menino mora, mas que discretamente omite suas habilidades na citada arte marcial – que não é o karatê, lembrem-se, é o kung fu.

O longa é dirigido por Harald Zwarts (A Pantera Cor-de-Rosa 2), um especialista em pieguice técnica. Ele enche o filme de cenas desnecessárias – como a patética e surreal cena de luta entre Jackie Chan e um bando de crianças, com direito a efeitos “Matrix” e talquinho nas blusas, para fazer poeira quando levam um soco – e abusa dos clichês e da paciência do público com um mínimo de exigência.

Jaden Smith, o filho do Will, sai do patamar de “promessa de talento” (o que aparentava ser quando ainda garotinho, em À Procura da Felicidade) para ser uma “promessa de sucesso”. Dois títulos que não necessariamente andam de mãos dadas. A fase mais criancinha dele era, pelo menos, mais encantadora do que esta fase “olha-como-sou-uma-criança-adulta”.

O grande (e talvez o único) destaque do filme é Jackie Chan, que demonstra serenidade e maturidade na atuação. Ainda assim, nem ele atinge o nível de simpatia do Pat Morita na versão de mais sucesso da franquia (a de 1984). Os tempos eram outros e talvez por isso esta refilmagem não encontre o mesmo lugar no coração do público como a outra encontrou.

Com um primeiro terço arrastado e sem graça, o filme assume um ritmo mais dinâmico no segundo terço – apostando em uma trilha sonora que vai de Lady Gaga a uma versão chinesa do Gorillaz – e fica mais divertido, mas perde novamente o ritmo no final e termina da maneira mais boboca possível. Nem mesmo aquela que seria a sequência apoteótica da história empolga.

A expectativa de que uma nova roupagem poderia ser bem feita e de que a nostalgia poderia agradar o espectador da geração de 80 se esvaiu em uma infeliz imitação, na qual todo chinês fala inglês e a moral de perseverança e dedicação que as artes marciais tanto pregam dá lugar ao sentimento de revolta e busca pela vingança. Uma lástima.

Trailer:

(idem, EUA/China, 140 minutos, 2010)
Dir.: Harald Zwart
Com Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P Henson
Nota 3,5

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

He Dies At The End


Ele morre no final.
Outro curta que encontrei na internet, dentre os que assisti no Fantasy Film Festival. Chama-se He Dies At The End, que brinca com o suspense feito sobre o óbvio explícito no título.

Este não tem legenda, mas não possui falas, somente cartelas em inglês, bem fáceis de entender. Para ter o efeito desejado, aumentem o volume e assistam em tela cheia.


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Assassino Terrivelmente Lento com a Arma Extremamente Ineficiente


Não resisti. Encontrei um dos curtas que havia assistido no Fantasy Film Festival, em Berlim, e resolvi disponibilizá-lo para vocês.

The Horribly Slow Murderer With The Extremely Inefficient Weapon é um terrir (terror cômico) sobre um vilão que mata lentamente suas vítimas... com uma colher! O curta fez tanto sucesso que já foi exibido mais de 7 milhões de vezes na página do diretor Richard Gale, no Youtube.

O vídeo possui legendas em português. Basta ativá-las através do closed caption. Divirtam-se!




terça-feira, 24 de agosto de 2010

Fantasy Film Festival em Berlim


Está acontecendo em oito cidades da Alemanha o Fantasy Film Festival, evento que reune obras que tenham alguma dose de fantasia. Em sua maioria, as obras são de suspense e/ou terror, mas também há lugar para românticas como Timer, com Katherine Heigl, no qual uma máquina diz quanto tempo falta para você encontrar a sua “alma gêmea”.

Outros filmes que têm ganhado destaque na mídia são The Human Centipede, Kaboom (retorno do Gregg Araki ao terror), Hybrid 3D, Metropia, The Killer Inside Me e Solomon Kane. São 62 longas e 10 curtas-metragens, exibidos, no caso de Berlim, nos mesmos dois complexos de cinema onde acontece o Festival de Berlim.

Fui conferir uma das sessões e para não errar escolhi a “Get Shorty”, que compilava os dez curtas na mesma sessão. Uma escolha que me dava a certeza de que alguma coisa boa eu assistiria.

Deu para fazer uma análise da nova geração de diretores de terror e a conclusão que cheguei é que todos fizeram do terror uma zombaria e assim se deram quase sempre bem. Mas o mais difícil, que é fazer o terror sério (aquele que realmente dá medo) ao invés do terrir (aquele que faz rir), nenhum conseguiu fazer. Diferente da massa, apenas o curta de encerramento, a animação polonesa The Kinematograph, que nada tinha a ver com terror. Trata-se de uma linda fantasia-romântica-deprê, na qual um cientista do início do século XIX está prestes a inventar o famoso cinematógrafo, mas não quer tornar seu invento público enquanto não conseguir exibir filmes com som e cores. Dirigido pelo indicado ao Oscar, Tomek Baginski.

Abaixo, uma breve descrição dos curtas que eu destacaria, para que vocês possam assistir, quando tiverem oportunidade:

- THE HORRIBLY SLOW MURDERER WITH THE EXTREMELY INEFFICIENT WEAPON (EUA): este é absurdamente engraçado. Uma sátira completa aos trailers de filmes de terror, no qual o narrador introduz o vilão como sendo diferente dos outros, que matam rapidamente, com cajadadas, arrancando os órgãos da vítima, ou decepando-as. Este aqui é “o vilão que mata lentamente”, pois ele usa como arma... uma colher, e demora vinte anos batendo na vítima, até que a mesma faleça. Este é para chorar de tanto rir.

- OMA RENNT (Alemanha): duas velhinhas que se locomovem com o auxílio de um andador disputam uma corrida para ver quem chega primeiro ao banquinho do parque. Simples, objetivo e divertido.

- HE DIES AT THE END (Irlanda): é exatamente o que o título diz. Mesmo já sabendo o final, nossos nervos são testados numa batida brincadeira de dar sustos, mas que neste caso é extremamente bem desenvolvida, especialmente pelo trabalho de som, quesito essencial para que filmes do gênero funcionem.


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Crítica: Cinco Vezes Favela - Agora Por Nós Mesmos


Em 1962, cinco diretores de classe média alta fizeram, cada qual, um curta mostrando sua visão sobre as favelas cariocas. Eram eles Miguel Borges, Cacá Diegues, Marcos Farias, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade. Nomes que entraram para a história do cinema brasileiro, posteriormente.

Exibido na seleção oficial do Festival de Cannes deste ano (só que fora de competição), Cinco Vezes Favela – Agora Por Nós Mesmos não é uma refilmagem do Cinco Vezes Favela do início da década de 60. Inspirado no curta Escola de Samba Alegria de Viver, segmento que Cacá Diegues dirigiu no longa original, o filme trás agora a visão dos diretores que moraram ou moram em favelas no Rio de Janeiro, todos capacitados através de cursos ministrados por nomes consagrados no cinema nacional, como Walter Salles, Fernando Meirelles, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, João Moreira Salles, dentre outros.

Cacá funcionou como um coordenador do projeto, além de assinar a produção, ao lado de Renata Almeida Magalhães.

Abre parênteses: os dois estiveram presentes (vejam só que ironia) na pré-inauguração das salas Platinum (salas VIP, cujo público-alvo é a elite da capital federal) de um shopping em Brasília. Era um coquetel para a imprensa e convidados “da alta sociedade”, cuja atração principal era... um filme sobre favela! Nada mais exótico.

Pois bem. Naquela ocasião, o produtor disse que a intenção foi fazer um filme leve, sem a visão pessimista de que em favela só existe violência e tráfico; era fazer um filme sobre o cotidiano daquelas comunidades. O comentário só serviu para que o filme caísse no meu conceito, já que em quase todos os segmentos havia criminalidade, violência e outros fatores depreciativos. Uma apresentação contraditória, que eu, pelo menos, fiquei sem entender. Fecha parênteses.

Quanto aos curtas, alguns eram muito bons, outros nem tanto, o que é característico destas compilações de curtas. O primeiro curta, Fonte de Renda, tinha como protagonista um jovem da favela que ganhava uma bolsa na faculdade de direito, onde sofria preconceito indireto, sendo abordado pelos colegas de classe alta, que achavam que, por ele ser da favela, conseguiria drogas facilmente. Um bom curta, com boas atuações e roteiro bem desenvolvido.

No segundo segmento, Arroz com Feijão, duas crianças tentam conseguir dinheiro para comprar um frango, para comemorar o aniversário do pai de uma delas. Assim como o título, trata-se de um curta básico desde a trilha sonora (à Menino Maluquinho), roteiro, direção e atuações. Mais didático e sem graça do que deveria ou poderia.

Concerto para Violino, o terceiro segmento, foi para mim o mais impactante. É o que curta que mais vai de encontro ao discurso de favela-paz-e-amor do Cacá Diegues e mesmo sendo o mais distante do que parecia ser a proposta inicial, foi o que mais me tocou. Tão arrepiante quanto o som do violino. Uma história forte e emocionante, de três amigos que, separados na infância, reencontram-se já adultos, numa situação que explicita os diferentes caminhos que cada um seguiu. Excelente.

Em Deixa Voar, um jovem resolve atravessar a ponte que dá para uma área proibida para quem mora do seu lado, em busca de uma pipa que caiu por lá, na região onde por coincidência mora a garota pela qual ele nutre uma paixão. Atores simpáticos - com destaque para a excelente Vitor Carvalho, no papel do protagonista Flávio - sustentam uma história que poderia ser piegas, mas que dirigida com criatividade e sensibilidade torna-se bem interessante.

O último segmento, Acende a Luz, é o que mais se aproxima do que disse Cacá no início da sessão: é um curta que trás o cotidiano da favela, o que passam seus moradores, aquilo que não é notícia jornalística. Nele, uma comunidade está em polvorosa para que a companhia elétrica coloque para funcionar um dos pontos de luz de lá. É véspera de natal e caberá a um simpático e desavisado funcionário a missão de consertar o tal ponto de luz, antes que anoiteça. É uma espécie de Ó Paí, Ó carioca, cheio de tipos caricatos, mas muito divertido. Encerra de maneira descontraída o longa.

Cacá Diegues demonstra que continua antenado e mantém a lucidez no cinema nacional, frescor que nem todos os cineastas do cinema novo conseguiram conservar. Apesar de não funcionar em alguns momentos, Cinco Vezes Favela – Agora Por Nós Mesmos é uma iniciativa louvável e muito bem-vinda. 

Trailer:

(idem, Brasil, 96 minutos, 2010)
Dir.: Cacau Amaral, Cadu Barcelos, Luciana Bezerra, Luciano Vidigal,
Manaira Carneiro, Rodrigo Felha, Wagner Novais
Nota 7,0

domingo, 22 de agosto de 2010

Se "Star Wars" fosse feito na época do cinema mudo...


sábado, 21 de agosto de 2010

Crítica: O Último Mestre do Ar


E lá fui eu para minha primeira aventura em cinemas alemães. São poucos os cinemas daqui que exibem filmes em sua língua original – a maioria exibe filmes dublados em alemão e sem legenda. Com muitas opções diferentes das que encontramos no Brasil, resolvi assistir O Último Mestre do Ar, pois é o que estrearia por aí neste fim de semana e eu queria comentá-lo com vocês.

O filme é baseado nos desenhos Avatar - que nada têm a ver com o blockbuster de James Cameron. É sobre um mundo constituído de quatro povos distintos, que só ficam em harmonia quando regidos pela força de um avatar, espécie de monge (ou “xerifes cósmicos”, como ironizou um jornal alemão) que têm poder sobre os quatro elementos da natureza – fogo, terra, ar e água. Há algum tempo, esses mestres estavam desaparecidos, mas a suspeita de que uma de suas reencarnações teria retornado faz com que os povos iniciem uma "corrida ao tesouro", uns querendo ajudá-lo a trazer a harmonia de volta ao mundo e outros querendo encontrar o tal mestre para prendê-lo e terem a possibilidade de eles dominarem o mundo com suas máquinas. Uma criatividade só, não?! Mas vamos ao que interessa...

M. Night Shyamalan já vinha apanhando da crítica com seus últimos filmes (A Dama na Água, que eu adorei e Fim dos Tempos, que não achei de todo ruim), mas nada pode ser comparado a esta tragédia cinematográfica. O longa obteve apenas 8% de aprovação no Rotten Tomatoes (site que contém a média de cotação da crítica) e nota 4,3 no IMDb (site que calcula a média de cotação do público em geral), um pesadelo para quem já esteve nas listas dos mais promissores diretores de cinema, quando do lançamento de O Sexto Sentido, uma preciosidade do suspense atual.

Dev Patel e o batalhão do fogo preto
Tendo como protagonistas uma criança demoníaca (que da bondade de um avatar nada transparece), dois irmãos palermas (que deveriam ser os "protetores" do avatar, mas são incompetentes para tal) e um vilão sem expressão (Dev Patel, antes a revelação indiana em Quem Quer Ser um Milionário), o filme lota-se de clichês, elos mal desenvolvidos, um roteiro fraquíssimo - inacreditavelmente também assinado pelo Shyamalan – e diálogos tão redundantes que beiram o ridículo. A maior parte das falas nem precisava existir. Elas apenas explicam o óbvio, aquilo que já está sendo mostrado em imagens. As sequências e lições manjadas (sempre sabemos o que vem a seguir) subestimam a inteligência do espectador que, se não tiver paciência, ou contorcer-se-á na poltrona do cinema ou dará risada das baboseiras explicitadas em tela – o que foi o meu caso. Até a trilha sonora consegue ser batida e sensacionalista, o que só aguça o problema.

A impressão é a de que o diretor tentou criar um novo Star Wars, mas fracassou em todos os quesitos. Não fez o dever de casa e distorceu os preceitos criados por George Lucas. As muitas influências, que vão desde Bollywood a samurais, budas e monstros de A História Sem Fim, não combinaram entre si e o resultado foi uma gororoba ultrapassada e de mal gosto.

Desta vez, nem eu consigo defender o Shyamalan. Tanto pediram para ele mudar o estilo que ele atendeu os clamores, mas não se deu bem. Antes ele continuasse dirigindo suspenses. Infelizmente, pelo recado dado ao final, a sequência de O Último Mestre do Ar pode estar a caminho, mas oxalá não mudem o diretor e a história e os personagens e a trilha e a montagem e... enfim, vocês entenderam.

Eis aqui um forte candidato a ganhar muitos prêmios... no Framboesa de Ouro!

Trailer:

(The Last Airbender, EUA, 103 minutos, 2010)
Dir.: M Night Shyamalan
Com Dev Patel
Nota 1,5

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Em dvd: Na Natureza Selvagem (Into the Wild)


Já tive alguns pedidos para escrever sobre Na Natureza Selvagem (e era algo de que eu tinha vontade), mas sabia que a hora certa chegaria.

É até difícil manter um distanciamento emocional desta obra dirigida com tanto sentimento pelo Sean Penn, ainda mais num momento de transição importante como o que vivo, o de interromper toda uma construção de carreira que vinha dando cada vez mais certo, para ir embora do país e tentar crescer ainda mais.

Já havia me emocionado quando assisti o filme no cinema e isso não foi diferente das outras vezes que o assisti, assim como sempre me deixou feliz em saber que ele tem o mesmo impacto nas pessoas que o assistem. Talvez por isso eu sempre o indique, sem medo de errar na escolha.

Na Natureza Selvagem é destes filmes que te fazem pensar por um bom tempo após a sessão e à medida que expande-se a reflexão, expande-se também a vontade de viver ou de conhecer novos lugares ou de ir em busca dos sonhos, ainda que o protagonista da história, Chris McCandless, não fosse nenhum exemplo completo de ser humano.

Chris – ou Alexander Supertramp, seu “nome de guerra” - era um jovem apaixonado pela natureza e revoltado com, digamos, “o sistema”. Por discordar do estilo de vida dos pais, por ter uma infância traumática e depois de muitos anos de estudo com fins apenas de cumprir as exigências da sociedade, ele resolveu abandonar tudo (família, amigos, faculdade, dinheiro, identidade, etc) e partiu em busca do seu maior desejo: viver isolado no Alasca, em contato única e exclusivamente com a natureza selvagem.

A história é baseada no livro homônimo de Jon Kracauer, que por sua vez, baseou-se na história real do garoto Chris McCandless ao refazer toda a trajetória do jovem, intencionando entender com a maior precisão possível o que o jovem passou. Para tanto, Jon contou com o diário de viagem do próprio Chris, além de depoimentos da irmã dele, que relatou como foram os anos em que a família ficou longe do rapaz, sem receber absolutamente nenhum notícia do mesmo.

Tanto envolvimento com a história, desde os envolvidos, o escritor e depois toda a equipe do filme, só podia resultar num filme emocionante, dirigido com competência (um golaço de Sean Penn), de fotografia tão bela quanto o que a natureza selvagem pode oferecer, boa trilha sonora (assinada por Eddie Vedder, do Pearl Jam, indicado ao Oscar por este trabalho) e atuações tocantes, desde o esforçado Emile Hirsch (Speed Racer) até os veteranos e competentes William Hurt, Marcia Gay Harden, Catherine Keener e Hal Holbrook (também indicado ao Oscar por este filme).

Difícil é assistir a Na Natureza Selvagem e não expandir seus horizontes, ver suas ações de jovem rebelde e revolucionário nele realizadas e não pensar no quão extremista esta fase preciosa da vida pode ser. Cruel com os pais e consigo mesmo, mas com muito a dar e receber, desde que vista com clareza.

O longa encontra equilíbrio filosófico e maduro nos extremos e distintos pensamentos, de Alexander Supertramp e dos que cruzam seu caminho. Não certo ou errado, há sim, é verdade, certos e certos, errados e errados, e tudo ao mesmo tempo.

A lição é a de que nada pode ser levado a ferro e fogo todo o tempo e que pensar que se pode tudo a qualquer momento é um erro. Esta é uma obra que não deve ser levada a ferro e fogo, mas que deve ser levada a sério. Só não extrai bons pensamentos dela quem não quiser.

Trailer:

(Into the Wild, EUA, 148 minutos, 2008)
Dir.: Sean Penn
Com Emile Hirsch, Marcia Gay Harden, William Hurt, Hal Holbrook,
Catherine Keener, Kristen Stewart, Jena Malone
Nota 10

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Fred Burle mudou-se!


Já faz alguns dias que não publico no blog e finalmente explicarei o porquê...

Mudei-me para Berlim (!), onde farei alguns meses de curso de língua, para depois tentar o meu mestrado em cinema nas academias daqui.

Por causa das providências finais para a mudança, não pude escrever para o blog, mas já estou com saudades.

Calma! O blog não acabará. Continuarei escrevendo de Berlim, pois esta ligação com o Brasil e o retorno que vocês, leitores, sempre me deram, me fazem muito bem e não quero perder este contato.

A diferença é que nem sempre conseguirei escrever sobre os filmes que estrearão por aí, pois os calendários são bem distintos e por incrível que pareça, muito filme estreia primeiro no Brasil e só depois na Alemanha! Em compensação, terei acesso a mais filmes alternativos, que pouco passam ou são divulgados no Brasil. Só acho uma pena ficar longe dos filmes da minha querida nação, pois os filmes daí quase não chegam por aqui.

Aqueles que gostam das promoções não precisam se preocupar. Elas continuarão, pois a minha parceria com a Disney foi mantida e minha amiga Larissa Braga enviará os convites para aqueles que eu sortear.

Enfim, muitas mudanças para mim e algumas mudanças no blog estão por vir. Espero que curtam a nova fase e muito obrigado por me acompanharem até aqui!

Abraços;

Fred Burle

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Stallone ganhará estátua no Brasil?


Esta notícia eu quero que vocês comentem...

Silvester Stallone, ator e diretor de Os Mercenários, resolveu doar 65 mil reais para a Prefeitura de Mangaratiba, para que fosse construída na cidade uma estátua em homenagem a ele.

Parte do novo filme de Stallone foi filmada na cidade e a intenção é erguer a estátua para marcar a sua passagem por lá. Mas o prefeito já declarou que será feita uma votação com a população para saber se o monumento será ou não bem-vindo. Caso a população manifeste-se contra, o dinheiro poderá ser revestido para o turismo local.

Há algumas semanas, o astro norteamericano proferiu a infeliz declaração: “Você pode explodir o país inteiro e eles ainda dizem para você, 'obrigado e tome aqui um macaco para você levar para casa'”. As palavras geraram revolta e brasileiros iniciaram imediatamente uma campanha no twitter, denominada “Cala a Boca, Stallone”.

Cá para nós: depois de zombar da hospitalidade do brasileiro e ainda fazer propaganda negativa do nosso país no exterior, o sujeito ainda tem a ousadia de nos ironizar, como se fosse apenas dar um doce para a criança parar de chorar. Construir a tal estátua seria coroar a arrogância e ainda assinar embaixo da declaração por ele dada. É como se disséssemos: “Sim, conosco é assim. Pode fazer piada, que uma esmolinha de compensação já soluciona o problema”.

Eu iria hoje mesmo pagar para assistir o novo filme do cara, mas acho que não valerá a pena dar meu rico dinheirinho para o brutamontes. Ainda preciso ler muitas críticas favoráveis para ser convencido assistir a tal ação oitentista.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Crítica: O Aprendiz de Feiticeiro


O material de divulgação do novo filme da Disney trás o seguinte trecho: “Deve ser magia. O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer’s Apprentice) incendiou a imaginação de algumas das mentes mais criativas da história, como Nicolas Cage, Jon Turteltaub e Jerry Bruckheimer.” Sei. Daí vocês já tirem o quanto o filme força a barra.

O filme é baseado no trecho de Fantasia (1940), filme de curtas musicais Disney, cujo trecho “Aprendiz de Feiticeiro” é protagonizado pelo Mickey, num dos números musicais mais queridos do cinema, no qual ele (Mickey) é incumbido pelo seu mestre feiticeiro a limpar toda a casa. Cansado, o ratinho resolve usar dos seus poderes para ordenar que as vassouras e outros apetrechos limpem todo o recinto automaticamente, o que obviamente termina em bagunça, pois ele ainda não sabe domar seus poderes. A sequência é repetida no novo longa do diretor Jon Turteltaub (A Lenda do Tesouro Perdido), mas sem a magia da sua fonte inspiradora.

Após a sequência de apresentação no (pior) estilo Harry Potter, vem o infeliz e batido truque do bilhete, que é deixado cair por um garotinho e é levado pelo vento, passando pela pata de um cachorro, a bolsa de uma senhora e assim vai, sendo seguido pelo garotinho, até que chega a uma antiga loja de antiguidades, na qual obviamente o menino entrará e encontrará o bruxo Balthazar (Nicolas “Hagrid” Cage), que verá nele a figura do “escolhido” (Neo?), aquele que poderá lhe ajudar a desfazer o feitiço que prendeu sua amada bruxa Verônica numa boneca chinesa, junto com a malvada bruxa Morgana. Só que os dois terão que enfrentar a perseguição e os poderes de Horvath (Alfred “Snape” Molina), que também cobiça a boneca, assim como o anel do mago Merlin, agora em poder do aprendiz de feiticeiro.

O tal aprendiz é Dave, interpretado por Jay Baruchel, jovem ator que parece ter disposto de todos os tiques e caras e bocas teatrais para ganhar o personagem principal. Interessante é que nem galã ele é, para podermos achar que a escolha foi feita por este motivo. Nicolas Cage é outro perdido, que não veste a camisa da produção e entrega um trabalho bem mediano. Ele contracena no filme com um outro ator-de-filmes-ruins, Alfred Molina, e com a bela mudinha Monica Bellucci (alguém dá uma fala para ela, pelamordedeus? Tadinha!).

Cheio de efeitos visuais bacanérrimos, o filme conta ainda com uma boa trilha sonora e algumas (poucas) sequências divertidas, mas só deve agradar as crianças... ou aqueles que curtiram Eragon e/ou Percy Jackson, quem sabe?!

Tudo bem que a safra de blockbusters não está num nível muito bom neste ano, mas daí a pagar para assistir um filme de roteiro tão batido e sem nenhum elemento ou personagem ou situações que no mínimo divirtam é frustrante.

(The Sorcerer's Apprentice, EUA, 111 minutos, 2010)
Dir.: JonTurteltaub
Com Nicolas Cage, Alfred Molina, Monica Bellucci
Nota 4,0

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Promoção "O Aprendiz de Feiticeiro"

Quem quer ingressos para ver o novo filme da Disney,  O Aprendiz de Feiticeiro, que estreia na próxima sexta-feira (13/08)?

O blog Fred Burle no Cinema sorteará quinze (15) pares de ingressos, válidos para todo o Brasil*.

Para participar, basta responder à difícil pergunta: "Qual blog te dá ingressos para ver os filmes Disney no cinema?"

Não esquecendo de que é imprescindível deixar a resposta num comentário deste post, juntamente com seu nome e sobrenome, e-mail e endereço completo (com CEP), para que os ingressos sejam enviados assim que o sorteio for realizado.

A promoção é válida até o fim do dia 12/08 (quinta-feira) e o resultado será divulgado no dia seguinte.

Boa sorte a todos!

Promoção encerrada.

Sorteados:
1- Vanessa de Lima - São Paulo/SP
2- Jardel Nunes dos Santos - Santa Cruz do Sul/RS
3- Bruna Oliveira - Porto Alegre/RS
4- Paula Shimamoto - Campinas/SP
5- Stephanie Millena - Cabo de Santo Agostinho/PE
6- Cecília Umetsu - Ceilândia/DF
7- Bruna V Costenaro - São Paulo/SP
8- Edmilson Hora - Taguatinga/DF
9- Gustavo Soares Pestana - Recife/PE
10- Danielle O de Araújo - São Paulo/SP
11- Dalek Kaled - São José dos Campos/SP
12- Gloria Luiza Coutinho - Caxias do Sul/RS
13- Isabela do Nascimento Alves - Natal/RN
14- Adicarlo Jorge Borghetti - Porto Alegre/RS
15- Heber Marques - Joinville/SC 



* convites válidos para qualquer cinema onde o filme estiver sendo exibido, 
exceto as salas do Grupo Araújo, Grupo Estação, Cinemark Iguatemi SP, 
salas prime do Cinemark Cidade Jardim e as salas platinum do Kinoplex Vila Olimpia.

Curta: Doodlebug, de Christopher Nolan


A vontade de explorar o lado psíquico do ser humano sempre esteve presente na obra de Christopher Nolan, tido pos muitos (e por mim) como um dos maiores diretores da atualidade.

Ele o fez muito bem em Amnésia, Insônia e em Batman – o Cavaleiro das Trevas. Também já explorou o que pode ou não ser realidade em O Grande Truque.

Quem somos? O que somos e o que há acima de nós? Esta equação que pode virar neurose se levada ao extremo ele explorou já em seu primeiro trabalho, o curtametragem Doodlebug, de 1997. Seria um homem com a intenção de matar seus fantasmas? Quando perseguimos a nós mesmos, será que não somos também perseguidos?

O surrealismo toma conta desta interessante obra de menos de três minutos, que eu encontrei e agora disponibilizo para vocês. Curtam!


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Crítica: A Origem (Inception)


Christopher Nolan é um dos melhores diretores da atualidade. Ponto.

Não é qualquer um que emplaca, em seu sétimo longametragem, o quinto trabalho entre os “melhores de todos os tempos” (segundo lista do IMDb). Nolan tem construído sua carreira em cima de um tema que parece ser sua obsessão: a mente humana. Assim ele o fez em Amnésia, em Insônia, em O Grande Truque e até mesmo com o Coringa de Batman – o Cavaleiro das Trevas.

Em A Origem, o diretor continua explorando o campo do ilusório, do psicológico e do neurótico, só que, desta vez, através dos sonhos, terreno em que tudo é possível, ou seja, o diretor tem total liberdade de criação e pode inserir a dose de surrealismo e loucura que quiser, sem precisar explicar muita coisa ou ser coerente. Mesmo não tendo esta obrigação, Nolan consegue fazer uma obra muito bem amarrada e coesa.

O filme desenvolve a hipótese de que é possível fabricar sonhos e construir mundos alternativos dentro deles, fazendo com que eles pareçam verdade enquanto vivenciados e deixando as pessoas suscetíveis a fornecer informações, assim como adentrar diferentes níveis de subconsciente enquanto dormem.

Leonardo DiCaprio é Cobb, um ladrão de sonhos. Ele consegue entrar nos sonhos da pessoas e roubar-lhes informações preciosas. Mas foi acusado de um assassinato e só conseguirá provar inocência e voltar para sua família se descobrir a origem da técnica de inserção nos sonhos. Ele contará com a ajuda de sua equipe para esta missão, ao mesmo tempo que será perseguido por um inimigo que só ele sabe quem é e como lidar com ele.

Cenários que mais pareciam engenhocas foram construídos pensando em conferir maior realismo às cenas e possibilitando que o elenco se envolvesse mais com a história, como a sequência de briga sensacional em que Joseph Gordon-Levitt flutua num cômodo rotatório, enquanto seus amigos encontram-se em outra dimensão de sonhos. Um trabalho de direção de arte dos mais impressionantes que já vi. Unida à fotografia deslumbrante, aos efeitos e à trilha sonora sensacional de Hans Zimmer, transforma o filme numa obra tecnicamente impecável.

Felizmente, o vislumbre estético não se sobrepôs ao roteiro e aos personagens, cada qual com sua densidade e importância para a história, sem que nenhum precisasse ser um tirano de atos injustificáveis – todos pecam pela ambição, ciúmes, egoísmo e extinto de sobrevivência. Mérito do diretor e do elenco invejável, que conta com Marion Cottilard (Piaf), Ellen Page (Juno), Joseph Gordon-Levitt (500 Dias com Ela), Michael Caine (dispensa apresentações), Cillian Murphy (Sunshine – Alerta Solar), Ken Watanabe (Cartas de Iwo Jima) e por aí vai.

A Origem junta-se ao seleto grupo dos filmes que exploraram com primor a mente e/ou universos paralelos e realidades alternativas, como Matrix e Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. É um filme cheio de conceitos e passível de inúmeras leituras. É bem verdade que muitas dúvidas foram plantadas na minha cabeça depois de assistir ao filme, mas não tem problema. Irei assistí-lo novamente para sanar estas questões (desculpa esfarrapada para rever esta grande obra).

Trailer:
(Inception, EUA/Inglaterra, 148 minutos, 2010)
Dir.: Christopher Nola
Com Leonardo DiCaprio, Marion Cottilard, Ellen Page, Joseph Gordon-Levitt, Jacke Earle Haley, Michael Caine, Ken Watanabe, Cillian Murphy
Nota 9,0
 

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Crítica: 400Contra1 - Uma História do Crime Organizado


Cidade de Deus significou um grande salto em qualidade e criatividade para o cinema brasileiro, mas deixou de herança um outro (ingrato) lado da moeda: influenciou incontáveis outros filmes nacionais que o sucederam, mas até agora, nenhum alcançou o seu nível de excelência.

O filme é uma livre adaptação do livro homônimo de William da Silva Lima, um dos idealizadores do Comando Vermelho. William contou de forma bem parcial e subjetiva, em seu livro, a história da citada organização, que nasceu da revolta dos presos comuns da ditadura, que passaram a ver na disciplina dos presos políticos uma forma de também se organizarem e confrontarem a militância, o que culminou em muitos conflitos e que tomou rumos diferentes do idealizado inicialmente, tornando-se o Comando, atualmente, uma das maiores facções criminosas do país.

Quem o interpreta William na ficção é Daniel de Oliveira, que realiza mais um bom trabalho, apesar de não ter conseguido desvencilhar-se totalmente do sotaque de mineiro. Com ele estão Daniela Escobar como seu explosivo caso amoroso; o excelente Fabrício Boliveira, na pele do preso Cavanha; e Branca Messina, o grande destaque do filme, como a advogada que pesquisava a visão que os presos tinham sobre a ditadura e que, posteriormente, tornaria-se cúmplice deles nas revoltas que se sucederiam.

Inicialmente, o longa desenvolve-se bem, com um apuro fotográfico impressionante, uma primorosa trilha sonora black e montagem adequada ao estilo setentista. Mas é esta mesma montagem a responsável, junto com a direção, por deixar o ritmo desandar, fornecendo poucas informações, o que facilmente desvia a atenção do público para outras coisas e dá a impressão de filme arrastado, no qual as peças demoram a se encaixar.

Toda a ação, sangue e tiros são deixados para o final e isso poderia ter sido melhor distribuído, como forma de prender a atenção em momentos de marasmo da história. E falta um grande momento de produção cinematográfica, que poderia ter vindo da sequência da rebelião, encolhida diante do potencial que possuia para épico.

O problema é que este gênero possui bons parâmetros comparativos e fica difícil não rebaixá-lo diante de obras grandiosas (em qualidade) como Tropa de Elite, Cidade de Deus e Hunger (ainda inédito no Brasil). No rastro do filme de Fernando Meireles, 400Contra1 – Uma História do Crime Organizado alcança seus méritos, mas não passa de mais um para a estatística dos que poderiam, mas não chegaram lá.

Trailer:

(Brasil, 100 minutos, 2010)
Dir.: Caco Souza
Com Daniel de Oliveira, Daniela Escobar, Branca Messina, Lui Mendes, Fabrício Boliveira
Nota 6,0

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Crítica: Meu Malvado Favorito


Bonitinho, mas ordinário: é a melhor definição para a nova animação da Universal Pictures, Meu Malvado Favorito, título que (acreditem) o define melhor do que o original, Despicable Me (Eu Desprezível, ao pé-da-letra).

Tendo como personagem principal Gru, um sujeito conhecido pelas maldades e roubos que realiza, o filme enfatiza a dicotomia egoísmo-paternidade pela qual ele passa. O mais ambicioso plano de Gru é roubar a Lua e para tal, precisa conseguir uma arma que diminui absurdamente o tamanho das coisas. A arma está em poder do inimigo de Gru, Vetor. Ao perceber que três garotinhas órfãs têm livre acesso à casa de Vetor, Gru resolve adotá-las, com interesse no que elas podem conseguir para ele. Acontece que elas despertam nele o instinto de paternidade, sentimento com o qual ele não sabe lidar.

Abarrotado de conceitos piegas, o produtor Chris Meledandri (A Era do Gelo) apostou na “fórmula da moda” das animações: tornar fofos seres feios na aparência, acrescentando a isso o elemento neurótico-engraçado, como eram os pinguins em Madagascar, o esquilo Scrat em A Era do Gelo e os chaveirinhos do Pizza Planet em Toy Story. Neste caso, são os Minions, que possuem a mesma função do esquilo Scrat na trilogia do gelo, ou seja, nenhuma. Eles estão ali apenas para divertir, com esquetes estilo Papa-Léguas.

Infelizmente, o longa não mantém o vigor dos primeiros minutos, quando é inteligente e é regido por um trilha sonora excelente, especialmente a música-tema, o rap Despicable Me, de batidas sombrias que ditam o ritmo da apresentação de Gru e da investigação do sumiço da maior pirâmide do Egito.

A situação melhora quando a atenção volta-se para a relação construída entre o “malvado favorito” e as três garotinhas, tão estranhas quanto ele. A cena da leitura do livro de criança é singela e muito encantadora.

Podendo terminar bem, o diretor ainda optou pelo caminho fácil de colocar os personagens para dançar num último número musical, artifício já utilizado à exaustão e que, comigo, não colam mais. Ainda assim, as poucas boas piadas e os efeitos 3D bem trabalhados farão a alegria da garotada.

É o fator diversão que se sobrepõe a um final melancólico e emocionante que despontava no horizonte.

Trailer:

(Despicable Me, EUA, 90 minutos, 2010)
Dir.: Pierre Cofin, Chris Renaud
Nota 5,0

domingo, 1 de agosto de 2010

Crítica: Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos


É impressionante como a maior parte da bom cinema brasileiro fica limitado a ser exibido em algumas poucas salas, por pouco tempo e sem divulgação.

Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos conta com um elenco de globais e ganhou prêmios em alguns festivais e mesmo assim, não consegue cavar seu espaço. Em Brasília, o filme estreou em apenas uma sala e horário.

Dirigido por Paulo Halm (roteirista de Guerra de Canudos, Pequeno Dicionário Amoroso e Dois Perdidos Numa Noite Suja), o filme conta com o casal (na vida real e na ficção) Caio Blat e Maria Ribeiro. Ele é o epicentro da história: aos trinta anos de idade, é o típico homem que não consegue amadurecer. Vive às custas da mesada dada pelo pai (Daniel Dantas), fruto da pensão deixada pela mãe, que falecera há alguns anos; nunca conseguiu concluir sequer um trabalho, mesmo julgando ser escritor; é casado com uma mulher bem diferente dele (Maria Ribeiro), independente e esforçada. Cada dia que passa sente-se mais pressionado – por si mesmo e pelos outros – a dar um rumo à sua vida. Mas a confusão psicológica aumentará ainda mais depois que ele descobrir que sua mulher mantém um romance com a melhor amiga dela (Luz Cipriota).

Caio impressiona com uma atuação madura e entrega-se a Zeca, um completo idiota depressivo,que segundo definição do próprio personagem, é um “menino que não cresceu e resolveu pra sempre ser menino”. Babaca, mas humano.

Outro destaque é a jovem Luz Cipriota, atriz argentina que empresta charme e simpatia para Carol, uma linda argentina, desprovida de pudores e com vontade imensa de viver a vida.

De construção narrativa bem cuidada e elementos que dão dinamismo às cenas – como os desenhos do início, “HQs de tintas góticas” -, o longa mune-se de diálogos plausíveis e inteligentes, sem precisar de artifícios de apelo popular, joguetes, montagem acelerada ou trilha sonora pop. É simples e ganha o público na lábia, na simplicidade e na identificação com a história. Quem não conhece alguém como Zeca?

Histórias de Amor... possui boas semelhanças com o mexicano E Sua Mãe Também, com a discussão de bigamia e relacionamentos liberais, sem deixar de lado o bom humor.

Ao contrário do personagem principal, quem for ao cinema “pegar esta lã, não voltará tosqueado”. Eis uma pequena grande obra nacional a ser descoberta. O tempo tomará suas providências para tal.

Trailer:

(Brasil, 93 minutos, 2009)
Dir.: Paulo Halm
Com Caio Blat, Maria Ribeiro, Luz Cipriota, Daniel Dantas
Nota 8,5
 
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