Anticristo é a mais recente obraprima de Lars von Trier, o polêmico cineasta dinamarquês, de filmes como Dançando no Escuro e Dogville e que fez história ao inaugurar o movimento do Dogma 95 com Os Idiotas. Divisor de opiniões, Lars cultiva defensores e agressores ferrenhos mundo afora.
Com Anticristo, as reações não foram diferentes. O filme causou alvoroço em Cannes, onde foi exibido sob o som de vaias e aplausos na mesma intensidade. Tudo por causa de cenas tidas como chocantes, de automutilação e sexo explícito. Para alguns, um tremendo mal gosto. Para outros e para mim, uma das formas mais viscerais de se mostrar a depressão de um casal que acabara de perder o filho.
O casal em questão é interpretado por Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe, ambos brilhantes. Charlotte incorpora toda a dor de uma mãe nessa ocasião e Dafoe é o marido que usa da arma que possui (a psicologia) para tentar reabilitar a esposa. A casa na qual eles se refugiam, numa espécie de campo sombrio, chama-se Eden. Lá, as mais sofridas e verdadeiras discussões acontecerão e os acontecimentos que se sucedem são como uma gilete que corta o coração do espectador.
Mas a beleza da fotografia é um deleite para quem gosta de cinema bem executado. O esplendor das imagens é quebrado apenas quando surgem as cartelas que dividem a história, todas sujas, como obras mal acabadas, pintadas com giz.
Não vou ficar descrevendo cenas para não estragar o choque de quem for assistir o filme e para não fazer ninguém desistir de vê-lo, já que, só de ouvir os detalhes, muita gente acha que os espectadores de Anticristo são masoquistas. Nada disso. A arte, mesmo a que faz sofrer, faz refletir e causa admiração.
Esse filme é uma obra sensacional e essencial, seja para admirá-lo ou apedrejá-lo.
Trailer:
(Antichrist, Dinamarca/Alemanha/França/Suécia/Itália/Polônia, 110 minutos, 2009)
Dir.: Lars von trier
Com Charlotte Gainsbourg e Willen Dafoe
Nota 9,5