O modo como as pessoas se relacionam e a paralisação que a internet pode causar em seus modos de sentir é o tema de “The Future”, filme em competição no Festival de Berlim. É o segundo trabalho da artista plástica Miranda July na direção de longametragens.
Miranda tem um modo muito particular de ver o mundo e expressa isso em seus trabalhos, recheando suas histórias de pequenos elementos surreais, que podem estar contidos de simbolismos, mas podem simplesmente refletir os loucos pensamentos que cada um tem ao se deparar com situações de tensão ou sensação de deslocamento do mundo.
Em “The Future”, Sophie (a própria Miranda) e Jason (Hamish Linklater) formam um casal insatisfeito com suas profissões e a forma com que a internet parece tê-los engessado. Decididos a sair daquela situação, abandonam seus empregos e decidem realizar simples desejdos, em um mês. Jason quer salvar o meio ambiente e integra uma associação de defensores da árvore, enquanto Sophie resolve que irá criar uma nova dança.
Aos poucos, a relação deles vai se enfraquecendo sem que eles percebam. Encontram válvulas de escape diferente e parecem não querer ouvir a verdade um do outro. Ao contrário do que sugere a sinopse, Miranda suaviza a história com uma direção leve e só deixa o drama tomar conta em momentos muito específicos.
O misto de experimentação e comédia peculiar da diretora ainda é o mesmo da sua estreia em “Eu, Você e Todos Nós”, assim como a trilha sonora é parecida e o elementos “internet” e “deslocamento” voltam a se fazer presentes, só que desta vez ela deixa de lado as várias pequenas histórias para focar em apenas uma, mais complexa do que a primeira.
É uma maneira muito sensível de ver o mundo. Seus personagens agem de maneira tão estranha que constituem um mundo ridículo, deprimente, mas extremamente engraçado. É uma perspectiva diferente de os problemas comuns a muitos outros que os encaram como drama.
Como este seu segundo filme, Miranda July renova o próprio estilo, mesmo repetindo tiques de sua primeira obra. Pode até não ser capaz de levar o prêmio máximo na Berlinale, mas era necessário algo assim, para a aliviar a tensão e desobstruir o esôfago.
3 comentários:
Só tive olhos para esta cadeira lindíssima da última foto! :D
Tu sabe quando ele estreia no Brasil?
Beth, você é impagável! Eu nem tinha reparado que havia uma cadeira! rsrs
Paloma, é bem provável que o filme chegue ao Brasil, mas por enquanto só tem distribuição garantida na França, cuja estreia está marcada para 11 de julho.
Abraços
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