Sessão morna, a da coprodução Portugal/Alemanha “Swans”, do diretor da terrinha Hugo Vieira da Silva, no Festival de Berlim.
Numa sala lotada, o silêncio que tomava conta da tela parecia mortal na plateia, que não parecia fazê-lo não por estar vidrada no filme, mas nitidamente por tédio, o que podia ser conferido nas caras xoxas no decorrer das fileiras.
Um pai viaja com seu filho, de Lisboa para Berlim, para visitar sua ex-mulher, que encontra-se em coma. Nada interessado nela, o filho perambula pela cidade, inerte como o corpo da mulher em coma. O silêncio mortal toma conta de boa parte da película, sendo quebrado apenas pelos momentos em que o jovem extravaza suas energias, seja andando pelas ruas ouvindo música, quando vai andar de skate ou quando sai pela madrugada para pixar os muros da cidade.
A primeira metade deixa dúvidas se aquele é mesmo um bom filme, mas constrói bem a situação, mostra procedimentos de cuidados da paciente e momentos de breve conversa entre pai e filho. Mas o que se segue não deixa dúvidas de que a direção errou a mão e saiu dos trilhos totalmente, mostrando cenas de mal gosto e descompassadas com o que parecia ser a intenção inicial da obra.
O filme arrancou bocejos e testou a paciência do espectador, submetendo-o a uma propaganda longa e descarada de uma marca de computadores, com os personagens dizendo até o que vem instalado (!), além de sessão explícita e desnecessária de masturbação e muito, mas muito espaços vazios. Coincidentemente ou não, foi quando o pai resolveu meditar que o público presente definitivamente desistiu do filme e se levantou em massa. Ao final da sessão, cerca de um terço dos lugares já encontrava-se vazio.
A premissa da descoberta das raízes pelo garoto que cresceu em Portugal, mas tem pais alemães, e a analogia de corpos doentes, hospitalizados ou não, transforma-se numa sucessão de cenas asquerosas e obsessivo (e gratuito) cunho sexual.
Ainda assim, “Swans” não parece ter causado polêmica. Causou preguiça.
(idem, Portugal/Alemanha, 126 minutos, 2011)
Dir.: Hugo Vieira da Silva
Nota 3,0
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