O diretor argentino Marco Berger (Plano B) veio a Berlim para apresentar seu novo trabalho, Ausente, pela Mostra Fórum, e causou polêmica ao contar a história de envolvimento entre um menor de idade e seu instrutor de natação.
“A verdadeira questão do filme é analisar a natureza do desejo e a forma que um adulto deveria tomar cuidado quando deparado com tal confusa situação; a intenção não é puní-lo, mas entendê-lo sem julgamentos”, disse o diretor, em conversa com público e crítica após a sessão, expondo uma opinião forte sobre o assunto.
No filme, o aluno Martin machuca o olho durante uma aula de natação. Seu professor, Sebastian, leva-o ao hospital e na saída oferece-o carona, mas o garoto diz ter perdido as chaves de casa e lá não há ninguém para recebê-lo. O professor, vendo-se sem opção, leva o garoto para dormir em sua casa.
Um tom escuro é empregado em toda a fotografia da película. Elipses obscurecem os fatos e a música é usada para ampliar o suspense e deixar claro que algo de errado existe ali. A tensão sexual entre professor e aluno é elevada à máxima potência e instiga. Afinal, o que quer o garoto? É difícil não pensar em qual seria a maneira correta para o professor agir, com razão ou com honestidade.
O que difere o filme dos demais de temas parecidos é que aqui a situação de sedução é invertida. O símbolo do pecado da luxúria é representado pela menor de idade. É ele quem manipula os acontecimentos e confunde o adulto.
Instigante, “Ausente” deixa é de deixar qualquer curioso o suficiente para não piscar até o final. Espera-se que o desfecho seja realmente convincente e o mesmo o é, justamente por surpreender as expectativas. Quando os fatos ocultos pelas elipses começam a ser revelados, é o diretor quem confunde o espectador e o deixa com a pulga atrás da orelha.
O julgamento, cada um que dê o seu (ou não).
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