Em 1997, Vincenzo Natali surpreendeu ao contar uma história de horror original e inteligente, com um orçamento baixíssimo – cerca de 360 mil dólares. O que parecia ser uma promessa de grande diretor e roteirista acabou não se concretizando e Natali dirigiu um par de filmes pouco destacados (Cypher; Nothing) e só agora voltou a roteirizar.
O fato de “Splice” ter sido produzido por Guillermo Del Toro (Hellboy; O Labirinto do Fauno) e ter no elenco Adrien Brody (O Pianista; King Kong) fez com que o mesmo fosse visto com disposição pela crítica, mas depois muitas vezes detonado pela mesma.
O casal de cientistas Clive (Brody) e Elsa (Sarah Polley) são exaltados por criarem organismos totalmente novos, para estudos com os órgãos destas aberrações. Paralelamente à pesquisa que têm sido pagos para fazer, decidem tentar uma experiência ainda mais ousada: criar um ser ainda mais desenvolvido que o primeiro, a ser parecido com um ser humano. No início, a criação parece desajeitada, uma aberração. Logo, torna-se parecida com uma mulher, atraente, mas perigosa.
Assim como a criatura, o filme também muda completamente o foco no decorrer dos cerca de 100 minutos. Seus criadores preparam o terreno para um filme “sério” de ficção científica e perdem cada vez mais o controle.
No trabalho de roteiro, a única regra que parece valer é a dos lugares-comuns e gratuidades pretensiosas a contar com a paciência do público. Nele, dois desenvolvimentos distintos parecem ter sido feitos: um de ficção científica e outro de thriller. Como thriller, o filme funciona em vários momentos, mas como sci-fi é esburacado, sádico e doentio.
Como o estranho impera, o inusitado casal interpretado por Adrien Brody e Sarah Polley funciona, mas seu espaço é tomado quando surge em cena a beleza do hibridismo de efeitos visuais com a atriz Delphine Chenéac – que dá corpo adulto a Dren, a criação genética do casal protagonista.
Tanto nos momentos de efeitos sutis como nos momentos de metamorfose de Dren, o uso do CGI impressiona e é um dos trunfos do longa.
No fim, “Splice” já não passava de um horror B, hypado pelo nome do produtor; genérico de “Alien” e “A Experiência”.
Como todo experimento científico ainda em fase de desenvolvimento, “Splice” é cheio de defeitos e perguntas não respondidas. Uma inevitável sequência talvez possa sanar as dúvidas, mas o caminho trash tomado não parece deixar espaço para a volta da sanidade.
Trailer:
(idem, EUA, 103 minutos, 2010)
Dir.: Vincenzo Natali
Com Adrien Brody, Sarah Polley
Nota 5,0
12 comentários:
Legal que peguei essa tua crítica, a Roger Ebert e a do Rubens Ewald Filho para poder ler e comparar. E eu nãoi entendi nada do que o REF tentou dizer sobre o filme!
Tenho vontade de ver ele, mesmo me parecendo meio idiota.
Gostei do texto =)
Por sinal, o Ebert concorda contigo: "The script blends human psychology with scientific speculation and has genuine interest until it goes on autopilot with one of the chase scenes Hollywood now permits few films to end without."
Loma, quanta honra, ser comparado com REF e o Ebert. Ainda bem que quem concordaria com meu texto seria o Ebert. Também gosto mais dele! rsrs
Boa sorte, caso resolva assistir Splice.
Abraço
Concordo com a Critica Fred!
Muitos esperavam mais sobre o filme, e realmente o começo do filme faz a gente ficar preso, mas por falta de roteiro ou direção ou atuação o filme se perde e se torna mais um daqueles que se prometem muito e não cumprem NADA!
eu vi e adorei, recomendo.
Bah, esse filme é muito horrível! diria tranquilamente o pior que vi no ano passado. Fora a decepção de ter ficado animada sobre um filme que falasse sobre a ética da ciência, mas que no fim vira só um trash de mau gosto!
O começo é mto bom, me prendeu e me deu vontade de ver até o fim, mas qnd vi o cientista tendo relações com a criação... desanimei. A ideia é mto boa só que, na minha opinião, foi mal aproveitada.
É exatamante isso. Até achei promissor o começo, parecia um sci-fi interessante, mas aí a mudança pra um terror meia boca estraga tudo!
César, é uma pena que Hollywood pense que todo filme tem que ter correria e bizarrice pra dar certo.
Leão, para quem procurava conteúdo, Splice é mesmo decepcionante. Para quem atura trashs, até dá pra engolir.
Bruno, pois é. É uma pena que um argumento tenha sido desperdiçado. São os olhos da ganância! rsrs
Abraços, pessoal!
Esse filme é uma negaçao, história completamente mal desenvolvida e conduzida. Só os efeitos mesmo que sao bem bons, o resto é pura perda de tempo.
Rafael, não tiro sua razão. O começo é razoável, mas muito tecnicista. Depois começa a melhorar, mas logo descamba para o trash de mal gosto.
Legalzinho o Filme .. Mas Tem A Necessidade da sequência Para Esclarecer Alguns pontos ....
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