Só o fato de “Unknown” ser uma coprodução Alemanha/EUA para explicar sua inclusão dentre aqueles que ganharam sessão especial no 61º Festival de Berlim. Uma escolha ousada dos organizadores do festival, mostrá-lo a uma plateia de jornalistas predominantemente alemães e ainda mais ousada da equipe comparecer à coletiva e dar a cara para bater.
Unknown trás uma história classificada como thriller, baseada no romance do alemão Didier van Cauwelaert, mas que poderia ser tida como uma comédia de mão cheia. A chuva de risos que o filme provocou na sessão para a imprensa demonstra das duas uma: ou os críticos tiveram muito senso de humor para suportar tanto disparate ou estavam simplesmente sendo irônicos com tanta bobagem em forma de película.
Liam Neeson é (ou não) Martin Harris, um estadunidense que desembarca em Berlim a trabalho, acompanhado de sua esposa (Diane Kruger). Assim que chega, sofre um acidente de carro e acorda no hospital, quatro dias depois, sem lembrar-se do que aconteceu. Ele descobre que sua esposa não o reconhece mais e que outro homem (Ainda Quinn) assumiu a sua identidade.
Desesperado, ele sairá pela cidade em busca da verdade, com a ajuda de uma taxista (Diane Kruger) e um ex-policial da Stasi (Bruno Ganz).
É incrível como o diretor espanhol Jaume Collet-Serra (A Órfã) achou que esta seria uma boa história para levar para os cinemas. Estranho é imaginar o que ele pensava ao jogar na tela uma bobagem atrás da outra. Na coletiva de imprensa após o filme, pelo menos, ele reconheceu que nunca esteve em Berlim antes, mas que não gostaria de filmar em Los Angeles, por ser uma cidade muito familiar aos americanos.
De cara, ele apresenta a capital alemã como uma cidade caótica, cujos transportes de carga são um perigo para o trânsito, um dos melhores hóteis da cidade tem um serviço péssimo e trata seus hóspedes com desprezo, todo e qualquer cidadão pode ser subornado como se esta fosse uma prática cultural, médicos liberam seus pacientes assim que os mesmos desejarem e (ex)-nazistas são encontrados em qualquer esquina e ainda são envolvidos com o serviço secreto, de modo que podem ajudar na resolução do caso.
Depois de tanta baboseira, esperava-se pelo menos que tudo fosse justificado ao final, mas o máximo de explicação que se tem é “você era o meu melhor assassino, agora é apenas um junkie sem nome”.
Liam Neeson está péssimo como o protagonista do longa, mas isso não é nenhuma novidade. Inesperado é um ator como Bruno Ganz (A Queda), por exemplo, ter se submetido a participar de um projeto assim.
A atriz Diane Kruger disse, quando perguntada sobre como foi trabalhar com o Jaume: “ele era muito calmo... mas às vezes eu não tinha ideia do que eles estavam fazendo, já que ele falava em espanhol a maior parte do tempo, com a equipe”. Tão perdida quanto quem viu o filme.
0 comentários:
Postar um comentário
Concordou com o que leu? Não concordou?
Comente! Importante: comentários ofensivos ou com palavras de baixo calão serão devidamente excluídos; e comentários anônimos serão lidos, talvez publicados, mas dificilmente respondidos.