Primariamente experimental ou experimentalmente primário. Assim é Kynodontas, filme do diretor grego Giorgos Lanthimos. Experimental porque assim o soa, como um teste darwinista; primário porque utiliza de quase nenhum truque que o cinema dispõe.
Tão básico, mas extremamente aberto, explorador dos sentimentos mais animalescos do Homem.
A situação é muito simples: um casal resolve criar os filhos nas limitações de uma grande casa com jardim, num lugar ermo, onde nada nem ninguém pudesse intervir na educação deles. Tudo o que vem de fora é bloqueado, inclusive os meios tecnológicos de comunicação.
Assim, os filhos, já quase maiores de idade, encontram-se ainda infantilizados, inseridos num contexto quase autossuficiente. Todas as necessidades humanas são supridas entre eles – sim, todas mesmo. Por isso, cenas que poderiam ser chocantes são vistas como resultado natural das necessidades físicas e psicológicas.
Ira, luxúria, chantagem, inveja, competitividade e esperteza se mostram da maneira mais crua possível. Por (muitas) vezes beira o grotesco, até que este grotesco seja absorvido pelos olhos e torne-se um costume compreensível.
Limitada é também a fotografia, propositadamente. Os enquadramentos são sempre simples, mas muitas vezes inesperados. A câmera está predominantemente estática, mas por vezes só se vê os pés dos personagens ou um pedaço das costas ou um personagem que sai de quadro no meio da ação.
Mesmo intelectualoide, o diretor não faz um filme chato e sutilmente insere sequências que despertam curiosidade e que cômicas. Seria inimaginável ver uma paródia de Flashdance ao som de um desafinado violão, num filme de arte grego, mas Giorgos consegue fazê-lo e corre o risco de tornar aquilo antológico.
Kynodontas é econômico nas locações, na decupagem, no roteiro, com personagens e até em seu formato – aparentemente o longa foi rodado em mini-dv. É uma experiência aparentemente subdesenvolvida, mas ainda muito a ser estudada.
Trailer:
(idem, Grécia, 94 minutos, 2010)
Dir.: Giorgos Lanthimos
Nota 9,0
6 comentários:
coitado do gatinho! nem sabe o que estão falando dele! rsss
ja assisti mas nao gostei do final
Flávio, não entendi o comentário. Nem citei a questão do Oscar no post... De qualquer, ganhar ou não o prêmio ou nada diz a respeito da qualidade dele.
Abraço!
Filme podre de ruim ¬¬'
Dark Face, que pena. Mas gosto não se discute, não é mesmo?!
Abs
Olá, sou estudante de Direito e assisti o mencionado filme, estou fazendo um trabalho sobre a semelhança deste com Émile Durkheim, Consegui notar alguns fatos que coincidem com Durkheim, será que o filme retrata algo sobre a Solidariedade Orgânica?
De breve momento não notei.. caso conheça entre em contato comigo, meu e-mail é cristianqs@hotmail.com.br obrigado.
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