Esse ano tem sido bem carente de boas estréias nos cinemas. Então, quando assistimos algo um pouco acima da média, podemos ter a impressão de que o filme é melhor do que realmente é.
Intrigas de Estado pode passar como ótimo filme para os mais desatentos, mas não é tão bom assim.
O jornalista Cal MacAffrey (Russel Crowe) investiga a morte de Sonia Baker, integrante do staff de Stephen Collins (Ben Affleck), promissor congressista estadunidense, cujo envolvimento amoroso com a assassinada pode acabar com sua carreira. Cal é um jornalista experiente e cheio de contatos. É amigo de Stephen Collins e convenientemente (para o roteiro preguiçoso), ele está sempre no lugar certo e na hora certa. Ele, no jornal em que trabalha, não é o responsável por cobrir o caso, mas quando os fatos começam a torna-se complexos demais, ele resolve ajudar a jornalista Della Frye (Rachel McAdams), uma jovem blogueira (!), inexperiente, mas doida para avançar na carreira.
O filme apenas segue a cartilha do gênero: passa por momentos de tensão, dilemas éticos, tem as reuniões de conspiração, pequenas reviravoltas e por aí vai. Até os enquadramentos dos planos utilizados nas reuniões do “QG jornalístico”, por exemplo, são batidos.
Rachel McAdams rouba a cena e está ótima, com trejeitos, desajeitos, simpatia e ímpeto que uma jovem ambiciosa pode ter. Helen Mirren é mal-aproveitada, limitando-se a um papel que se aproxima da função da “M” de Judi Dench em um 007, como a editora-chefe do jornal. Russel Crowe faz o tipo antipático e canastrão de sempre e Ben Affleck... bom... pula esse!
O ponto forte do filme está na discussão levantada sobre a ética jornalística. Quando publicar uma notícia? Divulgá-la muito cedo pode atrapalhar nas investigações, mas pode vender mais jornal. O caso amoroso, às vezes, é mais explorado do que o escândalo político em si. Qual o limite entre o jornalismo e a investigação policial? O fato é que os jornalistas não têm vida própria. Dormem quando a notícia deixar e se preciso, “acampam” na redação enquanto a matéria não sair.
Quanto à ação, ela está lá, num clima de tensão crescente e a coisa pega fogo de vez quando Cal MacAffrey fica de frente com o assassino da Sonia Baker.
Mas o grande problema do filme está no roteiro, que peca pelo excesso de informações, confundindo o espectador (talvez intencionalmente) para dar a sensação de história intrincada, mas que não é nada confiável. É como um filme de Michael Moore: tão cheio de dados que no fim podemos até acreditar no que foi dito, mas se formos analisar melhor, não passa de um bombardeio de opiniões tendenciosas, que confundem o espectador.
O filme é inspirado numa série de tevê britânica e transposto para o cenário dos EUA. Dirigido por Kevin MacDonald, que segurou melhor as rédeas em seu filme anterior, O Último Rei da Escócia.
Se quiser tensão desse tipo, prefira alugar o desconhecido Quebra de Confiança. Terá um programa muito melhor e mais confiável.
Trailer
Intrigas de Estado
(State of Play, EUA, 127 minutos, 2009)
Dir.: Kevin MacDonald
Com Russel Crowe, Ben Affleck, Rachel McAdams, Helen Mirren, Robin Wright Penn
Nota 5,5
2 comentários:
O Ben Affleck tem meu respeito por "Medo da Verdade" e por alguns trabalhos com o Kevin Smith, mas ele é canastra demais!! hehehe
Preciso assistir esse "Medo da Verdade", pra ver se Ben Affleck melhora a reputação dele comigo, porque ele é fraquinho...
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