A jornalista Ângela Vidal trabalha num programa de tevê, chamado “Enquanto Você Dorme”, no qual ela mostra a rotina de trabalho de diversos profissionais, acompanhada de seu operador de câmera, Pablo. No dia que eles acompanham a noite dos bombeiros da cidade, ocorre um chamado, para que eles socorram os moradores de um prédio, apavorados com uma vizinha que não pára de gritar e está tendo reações estranhas. Ao chegar ao prédio, descobrem tratar de uma senhora aparentemente “possuída”. Para piorar a situação, moradores, bombeiros, a jornalista e seu parceiro são presos no prédio, por uma medida de segurança das autoridades sanitárias da região. Fatos cada vez mais estranhos começarão a acontecer.
Grande parte do sucesso de [REC] pode ser dada pela forma criativa pela qual foi filmado. As escolhas da direção são muito bem adequadas à proposta. Câmera na mão a todo o momento, amplificando a sensação de angústia no espectador, cenários reais e pouco iluminados, um roteiro bem amarrado e bons atores. Não é preciso nem trilha sonora para despertar sensações mais de medo no espectador, nem sustos gratuitos. O investimento criativo feito no filme foi o de trabalhar o psicológico, do lado de lá e do lado de cá da câmera.
Numa cena, um corpo cai das escadas. Nas filmagens, nenhum dos atores sabia o que estava acontecendo, o que possibilitou a captação das reações espontâneas dos atores naquele instante.
A construção dos personagens é outro ponto forte. A jornalista é histérica e sensacionalista (irritante), como manda o script desse tipo de programa. Nada importa ao câmera (interpretado pelo próprio diretor de fotografia, Pablo Rosso), a não ser filmar e filmar. Os defeitos de filmagem são ótimos: às vezes a câmera é esquecida ligada, outras vezes há cortes bruscos, desfoque, imagens muito tremidas e momentos de “fingir que não está gravando”. Senti que força a barra apenas em alguns momentos, nos quais os bombeiros e policiais se preocupam de mais com a presença da imprensa e de menos com o próprio trabalho. Vez ou outra seria compreensível, mas chega uma hora que isso fica chato.
[REC] é um filmaço espanhol, em ritmo de crescente tensão, tendo seu ponto máximo na cena final, de cravar as unhas no sofá (ou no braço de quem estiver mais próximo). Cultuado por muitos (inclusive por mim), ganhou uma refilmagem (equivocada e caça-níquel) norteamericana, chamada Quarantine, além de uma continuação (essa sim parece boa) a estrear no fim desse ano.
Dentre outros prêmios, recebeu uma indicação ao European Film Awards de melhor filme e ganhou dois Goya, de melhor edição e atriz revelação para Manuela Velasco.
Junte a galera , deixe tudo escuro, faça muita pipoca e terá um excelente programa!
Uma pena o dvd brasileiro não vir com nenhum extra.
Dessa vez colocarei, além do trailer do filme, o trailer da continuação, ao som de tango e cheio de zumbizões, divulgado há alguns dias.
[REC]
(idem, Espanha, 85 minutos, 2007)
Direção: Jaume Balagueró e Paco Plaza
Roteiro: Luis Berdejo, Paco Plaza e Jaume Balagueró
Produção: Julio Fernández
Fotografia: Pablo Rosso
Direção de Arte: Gemma Fauria
Figurino: Glòria Viguer
Edição: David Gallart
Com Manuela Velasco, Ferran Terraza, Pablo Rosso...
Nota 8,6
20 comentários:
ADOREI o filme, fiquei com muito medo mesmo... Aparentemente filmes espanhois dão mais medo que o normal (vide O Orfanato), rs... Quero MUITO ver o dois, ai ai ai... Abraços...
É a segunda vez que ouço falarem bem deste filme ! Vou correr atrás dele !
Abraços .
Para mim, [REC] limita-se a repetir os clichés do género, dando primazia à componente estética em vez de ao argumento...
Olá
Éste filme é muito bom, levei vários sustos principalmente com as cenas finais. A história não é novidade no cinema, mas o que é interessante neste filme é a tensão que temos ao acompanhar a repórter e seu câmera. Ela querendo filmar tudo e ele a acompanhando em todas as situações. Este filme tem até um remake americano que se chama quarentena, não sei se é tão bom quanto. Nos resta esperar o REC².
até...
O 2 parece ter uma dose maior de carnificina.
Tomara que tenham conseguido um bom roteiro, pra não virar uma série boba como Jogos Mortais virou...
Ainda não encontrei ninguém que não tivesse gostado, Gabriel.
Roteiros clichês, quando bem amarrados, ainda podem render bons filmes. E a grande sacada de [REC] é justamente na escolha das componentes estéticas...
Olá Fred! Sou burro demais ou postar no teu blog dá um trabalho danado?! Cara, esse filme foi um dos únicos que realmente me perturbaram no ano passado. Muito, muito bom. Esse filme feitos em primeira pessoa deram uma vitaminada no gênero terror/suspense. abs.
Esse filme me surpreendeu completamente! Certo que todos já tinham elogiado seu estilo um tanto diferenciado, mas mesmo assim fiquei sem fôlego em determinadas sequências!
[REC] é um filme interessantíssimo. Não tenho a menor paixão por filmes de terror - previsíveis, abusam de chavões. Mas [REC], mesmo com seus zumbis, escapou um pouco disso ao fazer um quase-bruxa-de-blair: personagens assustados, câmera fazendo parte do cenário. Totalmente assistível, tendo como ponto alto a interpretação de Manuela no papel da - como você descreveu bem - "jornalista histérica e sensacionalista (irritante)" - e, se me permite adicionar, mais-ou-menos gata. Ela poderia tranquilamente apresentar um programa esportivo no Brasil.
Citei esse remake no post, mas corra dele, é horroroso, Altieres.
Não entendi, Charles. Você refere-se a postar você postar um comentário ou quer dizer que eu tenho trabalho para postar? Se for a primeira opção, me avise para eu tentar consertar.
Se for a segunda opção, realmente, dá o maior trabalho postar aqui, porque além de ver o filme e escrever, ainda faço umas pesquisas, links e procuro o trailer. Juntando tudo, leva umas 5 a 6 horas pro post ficar pronto!
Abraço e obrigado pelo comentário!
Também fiquei surpreso. É difícil um filme do gênero que realmente seja assustador. Agora a expectativa quanto ao [REC]² aumentou...
hahahahaha
Mais ou menos gata é ótimo!
Digamos que ela é bonitinha.
Talvez passasse ao nível de gata se sua personagem não fosse tão irritante! rsrs
Esse filme está na minha lista a serem vistos, exatamente pela idéia de uma reporter e seu camera presos na tal casa. Com seu comentário, vou colocá-lo nas prioridades.
Essa coisa que você citou do ritmo é mesmo interessante porque a tensão vai crescendo angustiantemente, até aquele final chocante. Só confesso que não gosto muito daquele clichês dos recortes de jornais para explicar o caso da menina Medeiros, e nem sou tão entusiasta assim pela atuação da protagonista. Mas só pelos sustos, o filme já valia muito a pena.
Tomara que você não se arrependa de fazê-lo furar a fila, Amanda!
Não sou contra nem a favor dos recortes. Cumprem o seu papel.
A Manuela Velasco saiu-se bem, mas não é nenhum colosso.
Mas o melhor do filme é mesmo a tensão crescente.
Pronto, finalmente assisti e não me arrependi, muito bom, fiquei assustada boa parte do tempo. O momento em que o bombeiro cai da escada, citado em seu texto, é mesmo arrepiante. Impressionante os truques de camera para fazer tudo parecer real. Só achei falho no momento em que Pablo volta a fita para ver o tiro na vizinha, na verdade ali não era para gravar ele rebobinando e revendo, e sim apenas um corte. Mas, enfim, muito bom.
Vixi, passou batido por mim essa parte da fita rebobinando...
É verdade, é um furo. Mas não tira a excelência do filme.
Que bom que a dica valeu a pena!
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