Assisti Caramelo no fim de 2007, no FIC Brasília, onde ele se tornou sensação do público dentre tantos filmes da “maratona”. De lá para cá, vim torcendo para que o filme conseguisse estrear no Brasil. Eis que um ano e meio depois, finalmente chega aos cinemas nacionais essa obra dirigida pela libanesa Nadine Labaki, em sua estréia na direção. Fiz questão de reassistí-lo para poder comentar aqui.
O caramelo do título é usado pelas mulheres do Líbano como instrumento de depilação. A história se passa basicamente num salão de beleza, onde se encontram cinco mulheres, cada qual vivendo seu dilema. Layale mantém um relacionamento com um homem casado, na esperança de que um dia ele se separe da mulher; Nisrine irá casar-se, mas sofre por não poder contar ao noivo que não é mais virgem; Rima se apaixona por uma das novas clientes do salão; Jamale não aceita o fato de envelhecer; e Rose, que passou a vida cuidando da mãe (uma senhorinha hilária, que vive catando as multas dos carros, dizendo que aquelas são cartas de amor que o seu noivo lhe mandou), vê num gentil senhor a chance de finalmente viver um grande amor.
Existe algo de especial nesse drama romântico, que o difere dos demais. O cenário de contínuos conflitos e guerra da região de Beirute dão um quê de decadência à vida daquelas mulheres, mas paira sobre elas a esperança de dias melhores e elas não se passam por submissas. São mulheres que vão à luta, mas que se cuidam, como se a qualquer momento o grande dia fosse chegar.
O ritmo de crescente emoção é ditado pela direção de Nadine Labaki, que além de ser uma mulher belíssima (ela é a Layale do filme), demonstra, em sua estréia, ser uma mulher incrivelmente sensível e apaixonada pelo seu país.
A trilha sonora é muito boa, com pitadas de tango, violino e piano, que alternam-se adequadamente aos momentos cômicos, românticos ou dramáticos contidos no filme.
Caramelo está sempre num crescente e conta com a simpatia contagiante de suas personagens.
Demonstra que, às vezes, é preciso mudar os rumos da vida para encontrar a felicidade. Noutras vezes, descobre-se que seguir nos mesmos trilhos é a melhor escolha, mas consciente de que aquele é o melhor caminho.
Exala estrogênio em cada pedaço de película, mas não é feito para agradar somente ao público feminino. Os homens dificilmente não se sensibilizarão com as mulheres do filme. Um programa agradável, para sair feliz do cinema.
Ganhou o Prêmio do Público, o Prêmio do Júri Jovem e o Prêmio Sebastian, no Festival de San Sebastián e foi o representante libanês para concorrer ao Oscar de filme estrangeiro em 2008.
(Sukkar banat, França/Líbano, 95 minutos, 2007)
Dir.: Nadine Labaki
Com Nadine Labaki, Yasmine Elmasri, Joanna Moukarzel, Gisèle Aouad, Sihame Haddad, Aziza Semman
Nota 7,8
2 comentários:
Não gostei do filme. Exagerados nos estereótipos de mulher libanesa e sem ritmo...
Fabiana, eu não conheço os estereótipos da mulher libanesa, então não posso dizer nada quanto a isso.
Acho que é um filme delicado, que quis mostrar que apesar de todo o caos que aquele país se encontra, as mulheres vão à luta pra ser feliz.
Que pena que você não gostou do filme. Mas que bom que a maioria gostou.
Beijo!
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