Grã-Bretanha, década de 60. Jenny é uma menina de 16 anos, dedicada aluna, educada com rigidez e cobrança (dos pais e de si mesma), que almeja uma vaga na Universidade de Oxford. Ela conhece David, um homem mais velho, que teve uma educação bem diferente da dela, ou seja, foi educado “na prática”. O mundo novo que ele apresenta a encanta e ela agora terá que escolher entre o caminho dos estudos ou abrir mão disso e aproveitar a vida com ele.
Segue-se uma sucessão de acontecimentos que deixam o espectador constantemente na dúvida: será que David é realmente uma boa pessoa? Que segredos ele esconde? A possibilidade de ele ludibriar a menina é o que move o filme e imprime um pouco mais de emoção à uma história apática e previsível. Não merecia nem a vaga de melhor roteiro adaptado nem muito menos a de melhor filme no Oscar deste ano.
Jenny é interpretada por Carey Mulligan, atriz carismática, cuja ótima interpretação rendeu-lhe a indicação ao Oscar de melhor atriz. Ela confere à sua personagem o brilho dos olhos de uma adolescente deslumbrada com as possibilidades que a vida lhe oferece. Para dar-lhe suporte, dois atores também estão muito bem em seus papéis: Alfred Molina (o pai) e Peter Sarsgaard (David). Coincidentemente, sua personagem tem a mesma idade de outra forte concorrente ao Oscar, Gabourey Sidibe (Preciosa). Particularmente, prefiro a atuação da querida Precious. Carey tem sua merecida indicação, mas não merece levar a estatueta, pelo menos desta vez.
Qual a melhor educação? A teórica ou a educação da vida? Preciosa responde isso melhor que Educação, que prefere ter um posicionamento bem claro, ao invés de deixar o espectador tirar suas próprias conclusões.
Aliás, a educação é talvez o grande problema deste filme. O quadradismo técnico e o excesso de sobriedade dão ao filme um tom moralista, muito limpo e politicamente correto. A única tentativa de não ser correto o tempo vem da fotografia, que usa de desfoques, tons esporadicamente avermelhados na imagem e câmera na mão. Essas escolhas fotográficas até seriam válidas, mas num contexto tão blasé e cheio de falsas ostentações tais recursos ficam incoerentes, perdidos em meio ao marasmo.
Ou seja, o filme não esquenta nem tecnicamente nem emocionalmente. Educação é um “filme para inglês ver”. O sangue latino que corre em minhas veias não gostou nada de tomar este balde de água fria.
Trailer:
(An Education, Inglaterra, 100 minutos, 2009)
Dir.: Lone Scherfig
Com Carey Mulligan, Alfred Molina, Peter Sarsgaard, Olivia Williams, Emma Thompson
6 comentários:
A sensação ao acabar a sessão é: sim, e daí? Senti como se estivesse vendo a novela de Manoel Carlos, uma crônica do cotidiano. E, o que diabos Emma Thompson está fazendo com a carreira dela?
Amanda, minha sensação foi a mesma. Digamos que pareceu uma novela do Maneco, só que sem dramalhão... E Emma Thompson precisa trocar de agente. Aguarde que a continuação de Nanny McPhee vem aí! (vi o trailer, é tosco!)
Hehehehe, percebi que nossas opiniões divergem na maioria das vezes.
Mr Dalloway, acontece!
Bonito filme, atriz principal competente, glamurosa e carismática, namorado mais velho e pai e mãe bem vivenciados pelos atores. Visão de época interessante da diretora sobre o que seria a mulher dos anos 70: estudiosa e à procura de alguma carreira ou pronta ao casamento largando da educação formal. Final diferente e instigante, nos deixa pensando sobre valores de novos e velhos e - sobretudo - sobre arraigadas práticas de estudo formal não agradáveis ou o mundo como é, cheio de aventuras e novos rumos, porém desvencilhado desta formalidade. A ser visto e revisto.
Não achei tão ruim. Boas atuações, boa fotografia, bom roteiro apesar de previsível. E a trilha é excelente. Daria um 6,5.
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