Arrastados para o inferno sejam aqueles que não assistirem este filmaço do Sam Raimi! Que tais hereges só consigam assistir filmes do Uwe Boll ou do Steven Seagal se não forem ver Arraste-me Para o Inferno. (Ok, ok... Ainda estou afetado pelo excelente programa que acabo de fazer).
Alison Lohman é Christine, uma jovem ambiciosa, que, diante da possibilidade de promoção no banco de penhores onde trabalha, decide mostrar serviço, negando o prolongamento da dívida de uma velha cigana, a sra Ganush (Lorna Raver), que com isso perderia a própria casa. Sentindo-se humilhada com a situação, a velha amaldiçoa a jovem, que passará a ter alucinações, pesadelos e enfrentará momentos de muito pânico, beirando a loucura. Para tentar se livrar da maldição, Christine contará com o apoio do namorado (Justin Long), de um vidente (Dileep Rao) e de uma espécie de exorcista (Adriana Barraza).
O elenco até dá conta do recado, com Lohman menos exagerada do que poderia ser e excelentes atuações de Lorna Raver (medo, muito medo) e Adriana Barraza (a mexicana indicada ao Oscar por Babel), mas venhamos e convenhamos... o que faz Justin Long perdido no filme? Tudo bem que ele já fez filmes do gênero, mas em momento algum ele convence como o namorado da histérica protagonista e aparece sempre com a mesma expressão de nada que lhe é peculiar. Mas pelo menos não aparece tanto, a ponto de estragar o filme.
Mas as atuações não seriam nada, não fosse a ajuda da competente equipe de trilha e efeitos sonoros. Cada vez que toca o violino, sobe o frio na espinha e os inúmeros sustos são então concretizados pelos sons agudos dando pontadas em nossos ouvidos. São elementos que só os grandes diretores sabem dosar sem parecerem gratuitos. Sabemos todos os momentos em que os sustos virão, mas não tem jeito: o timing preciso da montagem sempre dá um jeito de nos pregar os sustos que o gênero se propõe.
Mas não só de sustos vive Arraste-me Para o Inferno. Como é peculiar nas grandes obras de terror B, há muitos momentos cômicos. Risadas tiradas, principalmente, dos efeitos propositadamente toscos, como o olho que brota do bolo, a mosquinha faceira que pousa na lente da câmera (muito bom!) e passeia pelos orifícios da protagonista, enquanto essa dorme ou o vômito em CGI da velha cigana em cima da mocinha assustada. Também são divertidos os detalhes que a direção de arte põe em cena, tirando sarro do próprio filme, como os cartazes do gatinho pendurado e a frase “Baby, Hang On”, num momento de sacrifício e outro cartaz escrito “POP”, numa das cenas mais teen-clichê.
Sam Raimi mostra que ainda está em forma no gênero que lhe deu notoriedade (com Evil Dead). Mesmo não trazendo nenhuma grande inovação, faz um ótimo filme, contribuindo para um gênero que há alguns anos tem oferecido várias podreiras. Valeu a pena ele e seu irmão Ivan Raimi esperarem mais de uma década (forçadamente) para conseguirem filmar o roteiro de Drag Me To Hell, que inicialmente seria um curta, mas como o diretor acha que ninguém vê curtas, resolveu incrementá-lo para virar um longametragem.
O filme é clichê sim, mas os bons terrores são assim mesmo, como já o fizeram o próprio Raimi, William Friedkin, Peter Jackson (Fome Animal) ou José Mojica Marins, o nosso Zé do Caixão. Parênteses: citei esses, porque foram os que algumas cenas de Arraste-me Para o Inferno me lembraram.
Muito terrores tentam ganhar o espectador (literalmente) no grito, sem êxito. Este aqui consegue fazê-lo, com muito sangue e hardcore, para a alegria dos nerds aficionados em sanguinolência trash. Por mim, Sam Raimi ficaria só no gênero terror(ir)/suspense e longe dos bobos Homem-Aranha 1, 2, 3, 4, 7 , 16, 947, etc.
P.S.: contra indicado para quem quiser dormir após o filme.
(Drag Me To Hell, EUA, 100 minutos, 2009)
Dir.: Sam Raimi
Com Alison Lohman, Justin Long, Lorna Raver, Adriana Barraza
Nota 9,0
11 comentários:
Eu fiquei louco quando vi o trailer do filme pela primeira vez, mas não estreou aqui na minha cidade. Resta esperar. Vi recentemente A Morte do Demônio e gostei bastante, embora seja muito trash. Esse novo parece ser muito mais cuidadoso na sua concepção.
E Moscou é outro que tô louco para ver, mas acredito que vou ter de esperar um bocado ainda.
Eu confesso que pensei - e continuo acreditanto nisso - que esse filme é somente mais um inúmeros gritos e sustos fáceis, mas pelo que tenho lido ultimamente parece fugir à regra do terror medíocre.
Mas parece que terei que vê-lo eu mesmo para conferir.
Blog egal, rapaz!
Vou dar uma olhada aqui...
Obrigado por ter me avisado a respeito dos links.
excelente Fred Burle... fato que fiz apenas uma leitura diagonal... mas... esse filme me parece muito bom... adoro o Raimi desde quando aos oito assisit Uma noite Alucinante 3 ( Army of Darkness) o pouco que li de sua resneha me empolgou para ver esse filme logo!!!!
e Viva o Bloco!!! afinal ainda somos os mesmos!!!
(as vezes temos que fazer um jabá... né?)
hahaha
abraço!!!
(saudade de suas produções!!!!)
Rafael, que pena que na sua cidade não chegam essas boas opções, mas assim que puder, assista-os, que vale muito!
Luís, obrigado pelo elogio! Depois que você assistir ao filme, diga-me sua opinião! E de nada pelo toque! =)
Ricardo, vou dar uma olhada no seu blog, mas já posso adiantar uma dica: comente sempre sobre algo dito no post. Assim, demonstra que você está interessado em interagir e não só em atrair visitantes, ok?! Abraço!
Octávio! Preciso ver esse Army of Darkness! E que saudades mesmo, da loucura das produções! Espero retomar esta rotina em breve!
Grande abraço, rapaz!
achei arreste-me muito maneiro, amo esse gênero meio gore, meio terror e meio humor negro. Acho o Raimi um puta diretor, mas só discordo de você com relação o Homem-Aranha. São os meus filmes de super-heróis favoritos. Tirando o 3.
Quem como um bom nerd não se identifica nem um pouquinho com o Peter Parker?
Fiuduarte, por mim, o Sam Raimi ficaria só nesse gênero. Gosto muito de filmes de super-heróis, mas Homem-Aranha me decepcionou em todas as 3 tentativas. Me identifico com o nerd do Peter Parker, mas não seria isso que me faria gostar do filme.
Mas gosto cada um tem o seu, né?!
Abraço!
Eu entendo que tenha se decepcionado, muitos amigos meus também. Os filmes tem sim algumas coisas falhas, mas eu gosto dos dois primeiros. O terceiro realmente falhou.
Indicação de quem entende do assunto, lendo a crítica, e vendo o trailer; todos esses fatores contribuíram para que eu ficasse louca pra ver esse filme! Vou logo providenciar a pipoca e dar um jeitinho de assisir, já vi que vou dar altos gritos! Vale a pena conferir ;D
Sibila-chan, prepare o seu sibilar e corra para pegar o filme na locadora. Tenho certeza de que vai gostar! Depois me diga se acertei na dica.
Beijo!
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