O argentino Alejandro Agresti já tinha dirigido uma penca de outros filmes em seu país, mas o reconhecimento internacional só chegou com Valentin, filme que rodou os festivais e arrebatou público e crítica mundo afora, fazendo com que Hollywood logo tomasse o diretor para si, para dirigir dramas leves por lá (A Casa do Lago, com Keanu Reeves e Sandra Bullock).
Valentin é um garotinho de oito anos de idade, que é criado pela avó, pois o pai pouco lhe visita e a mãe ele não sabe onde vive. É ele quem narra a própria história, imprimindo sua visão de criança (mesmo) sobre a situação em que vive. Ele discursa sobre suas relações com a família, sobre a escola, sobre a vontade que tem de o pai arrumar-lhe uma madrasta linda, loira e inteligente, sobre o desejo de ser cosmonauta e despeja a todo momento sua opinião sobre os adultos, sobre os judeus e sobre o porquê da vida possuir tanto impecilho para ser bem vivida.
O texto é delicioso e passeia com destreza entre o drama e a comédia, conquistando pela sua simplicidade e inteligência de desenvolvimento. Tem como grande trunfo o elenco: o próprio Valentin, criança dessas tão espertas, graciosas e bem criadas que dá vontade de adotá-las; a avó interpretada magistralmente por Carmen Maura; o simpático vizinho Rufo (Mex Urtizberea) e a candidata favorita a madrasta (Julieta Cardinali).
Rodrigo Noya, excelente ator mirim que interpretou Valentin, infelizmente não conseguiu manter o sucesso no cinema, limitando-se a uma pequena participação no filme posterior de Agresti (Un Mundo Menos Peor, outro bom filme) e depois assumindo um papel numa série teen para a tevê argentina, Hermanos Y Detectives, de relativo sucesso de público, mas muito mal falada pela crítica. Infelizmente, para quem não tem pinta de galã e sofre de estrabismo (que só confere graciosidade a uma criança) seria difícil conseguir papéis tão bons como o de Valentin.
Valentin é uma pequena pérola do cinema argentino. Mais um exemplar que prova a versatilidade daquele cinema que, assim como o brasileiro atual, possui reconhecimento dos especialistas mundiais, mas pouco consegue penetrar no mercado exterior. Este, felizmente, chegou ao Brasil e pode ser encontrado nas locadoras. Indispensável para quem gosta de cinema sensível.
Trailer:
(idem, Argentina/Holanda/Espanha/França/Itália, 86 minutos, 2002)
Dir.: Alejandro Agresti
Com Rodrigo Noya, Carmen Maura, Julieta Cardinali
Nota 9,5
8 comentários:
olha, não conhecia este filme, fiquei mesmo super curioso, até porque adoro a Carmen Maura ;)
Boa!
Vi este filme a alguns anos e fiquei emocionada com a atuação de Noya. Uma criança especial realmente e um belíssimo filme.
Assisti esse filme na aula de Espanhol. Amei! É muito fofo esse boy. *-*
Esse moleque é o Austin Powers Criança!!!!!
Alan, você precisa vê-lo! Um clássico argentino!
Patrícia, Noya foi mesmo uma criança cativante.
=)
Desde já, um clássico. Excelente!
Alex, não sei se clássico é o adjetivo adequado, mas com certeza é um filme inesquecível.
Abraço
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