Existem questões sobre as quais é difícil opinar. Sobre o que vemos em Exit Through The Gift Shop fica quase impossível não soar egoísta ou hipócrita se tentarmos julgar quem é certo ou errado na história.
Na verdade, não se pode sequer julgá-lo corretamente, pois não se sabe se o filme é um documentário ou um mockumentary. Aliás, duvido alguém apontar indícios certeiros de que este longa não conta uma história real.
Banksy é um dos mais famosos artistas de rua do mundo. Não só pela sua arte contestadora e genial (em sua maioria advinda do grafite), como também pela curiosidade que ele desperta ao nunca ter mostrado o rosto na mídia. São poucos os que sabem quem personifica este nome.
É Banksy quem dirige este filme, no qual ele conta a trajetória de Thierry Guetta, sujeito que se dizia cinegrafista, mas que nunca na vida havia concretizado trabalho algum. Na realidade, Thierry nunca passou de um afissurado por filmagens.
Sem saber da farsa por trás da pessoa, artistas de rua renomados, como Space Invader e Shepard Fairey, se deixaram filmar por Thierry, que pretendia realizar um documentário sobre a arte de rua. Depois de um tempo conquistando a confiança deles, Thierry chegou até Banksy, seu dito maior ídolo, que o convidara para filmá-lo também. Extasiado e lisonjeado, Thierry acompanhou Banksy por muito tempo e filmou tudo o que o idolatrado queria, só que à sua maneira, ou seja, tudo sem o menor critério.
Incentivado a largar o "ofício" de cinegrafista, Thierry passou de espectador a feitor da arte de rua e novamente de maneira picareta e fissurada. Uma loucura que acabou dando certo e embromando muita gente. Sua arte mais que duvidosa rendeu-lhe milhões, porque ele soube se vender.
Incentivado a largar o "ofício" de cinegrafista, Thierry passou de espectador a feitor da arte de rua e novamente de maneira picareta e fissurada. Uma loucura que acabou dando certo e embromando muita gente. Sua arte mais que duvidosa rendeu-lhe milhões, porque ele soube se vender.
O processo todo é estapafúrdio e, novamente, nos dá opções de pensamento sobre o assunto: quem foi o inteligente da história? Quem estava certo ou errado – se é que existem estes lados? Thierry é absurdamente esperto ou um louco, babaca e oportunista?
Exit Through the Gift Shop consegue o que é mais difícil: deixar as questões abertas à discussão. A opinião do documentarista existe e podemos captá-la, mas ela é secundária.
Seu maior legado é abrir um infindável e rico leque de reflexões sobre o que é a arte, manifestação de pensamentos que há muito deixara de ter uma definição restrita e bem moldada.
Sobre a veracidade, cada um que decida por si mesmo. Para mim, os fatos se encaixam melhor se pensados como forjados. Mas é mais delicioso e admirável pensá-los como verdadeiros. A ambiguidade pode sim, ser genial!
Trailer:
(idem, EUA/Inglaterra, 86 minutos 2010)
Dir.: Banksy
Nota 9,5
1 comentários:
Acho que é a premissa do documentário é condenar os "espertos" e não mostrar que é "certo" ou "errado".
Mas tentar atentar para O QUE é ARTE, quem são os artistas e quem somente usa a alcunha.
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