Gosta de filmes que te façam chorar? Pois então, prepare o(s) lenço(s). My Sister's Keeper (tenho vergonha do título traduzido) é o melodrama mais cativante deste ano.
Anna (Abigail Breslin), uma garota de 11 anos, foi calculadamente concebida para que sua irmã mais velha, Kate, tivesse uma doadora compatível, no tratamento contra a leucemia. Acontece que depois de anos sofrendo cirurgias, tomando remédios e levando alfinetadas em prol de Kate, Anna resolve entrar com um processo contra os próprios pais, exigindo a “emancipação do seu corpo”. A situação da família, que já está difícil (pois Kate está prestes a morrer, caso não faça um transplante de rim) fica ainda pior. Tudo desestabiliza-se e a última coisa que parece haver é a compreensão, por ambas as partes.
Cada personagem se autoapresenta no início do filme, passando todos a narrar a história, cada qual no seu momento e contando tudo sob seu ponto de vista. Esta escolha pela narração múltipla mostra-se muito eficiente num filme como esse, que trata de uma situação tão delicada, sem lados corretos, onde cada um tem e expõe seus sentimentos e razões pelas quais são movidos. Além disso, ajudam-nos a analisar a história com lucidez as cenas no tribunal e no escritório de conciliação da juíza (Joan Cusack).
Como devem agir os pais nesta situação? O que fazem os irmãos? Como se sente a irmã leucêmica?
Ainda bem que o filme não se prende no debate jurídico. Apenas o tem em poucos momentos, pois este faz parte do todo e as questões levantadas o diretor opta por não opinar, deixando para os espectadores uma penca de polêmicas a serem debatidas após a sessão.
O que é fato é que o câncer é uma desgraça na vida de qualquer família, destroça sem dó e não há uma cartilha para seguir ao lidar com a doença. Cada um convive com ela como pode.
O belo roteiro é baseado no romance de Jodi Picoult e a direção hipersensível fica a cargo de Nick Cassavetes, que já levou muita gente às lágrimas antes, com Diários de Uma Paixão (2004). Muita boa também é a montagem não-linear, cheia de sutis flashbacks, que ajudam a amarrar todas as pontas soltas, até que tudo se explica no embate visceral entre mãe e filha no tribunal.
Apenas uma coisa me incomodou: afinal, quem era a morena que estava sempre com a família? Nunca vi uma personagem ser tão mal desenvolvida. A criatura está sempre por perto, mas ninguém nunca se dá ao trabalho de apresentá-la. Só depois do filme, pesquisando, é que descobri que a fulana era a tia dos meninos, mas continuo sem saber se era irmã do pai ou da mãe. Mas não precisava nem existir, a inútil.
Cameron Diaz até que se esforça no papel da mãe, mas ainda está longe de oferecer uma grande atuação num filme dramático. O show mesmo fica por conta das irmãs adolescentes. Abigail Breslin (de Pequena Miss Sunshine) cresceu, mas continua sendo uma simpática garota-prodígio e Sophia Vassilieva é uma grata surpresa.
Para fechar o pacote, ainda tem a tradicional “trilha sonora emocionante”, a coisa mais clichê do filme, mas que tem músicas lindas.
Entrei para a sessão, com o meu habitual pacotão de pipocas, mas sequer consegui terminá-lo. Em poucos minutos de história contada, minha garganta já havia dado um nó e por ela não descia mais nada. A sessão parecia ser composta de pessoas gripadas: um funga-funga só.
Quanto mais bagagem de vida você tiver, mais identificar-se-á e fará um balanço da própria vida. Essa é a principal função do filme e ele a cumpre com louvor.
Assisti e saí do cinema uma pessoa melhor.
Trailer legendado:
Uma Prova de Amor
(My Sister's Keeper, EUA, 109 minutos, 2009)
Dir.: Nick Cassavetes
Com Abigail Breslin, Cameron Diaz, Sofia Vassilieva, Alec Baldwin, Joan Cusack
Nota 7,7
9 comentários:
Confesso que ao ler as sinopses e os profissionais envolvidos, de forma preconceituosa - confesso, resolvi não assistir o filme. Agora não me resta opção. Irei vê-lo, sim.
Eu tenho uma grande curiosidade em relação a este, embora saiba que não vale a pena esperar muito.
Este eu quero ver, de preferência no conforto do meu lar. Fiquei curiosa pra ver a Cameron neste papel. Sempre lembro dela fazendo personagens sexys e divertidos. Bjo, Fredzinho!
Caíque, a equipe não é muito confiável, mas desempenhou um bom trabalho. Vá sem preconceitos e boa sorte!
Tiago, não deixe de conferir. Sem esperar muito, é um filme emocionante.
Beth, a Cameron é o pior do filme. Não chega a estragar, mas ela não convence nada num papel dramático. mas o filme é muito bom e vale ser visto, mesmo que no conforto do lar.
Bjo!
a tia é irmã da mãe. é apresentada no início do filme enquanto ela fala das mudanças que a doença causou na família. A mãe parou de advogar... Tia kelly, irmã da mãe, largou um turno do trabalho... para viverem em função do tratamento da menina.
No mais...eu amei esse filme. Fui muito tocada por ele. E vejo que você também foi! =)
E eu achei até que a Cameron surpreendeu...
não foi uma atuação espetacular, mas melhor do que eu esperava.
Maria Rosa, obrigado pela explicação! Ainda assim, achei a tia completamente mal construída. Podia ser uma babá, uma amiga, uma enfermeira, qualquer coisa, que não faria diferença.
A Cameron nitidamente se esforçou, mas penso que qualquer outra boa atriz num papel como este poderia facilmente ser indicada ao Oscar e a Cameron está bem longe disso.
Abraço e obrigado pela visita!
o filme é maravilhoso... nao concordo sobre oq falas da tia. fico muito bem explicado no inicio quem era ela... acho q estavas tao encantada com a historia q naum notou.
mais o filme eh perfeitooo
tbm com o diretor dakelas naum poderia ser melhor
amei perfeito e cameron diaz concerteza ficou atras das irmas porem deu um ar todo comedia na trama pois os poucos momentos q se ria era gracas a ela...
vale muito a pena sair de casa p ver esse filme... licao de vida e de egoismo.
Natacha, já refrescaram minha memória sobre o que era aquela pessoa que se dizia tia e concordo que ela tinha uma função, mas que poderia ser exercida por qualquer outro parentesco ou não. Uma vizinha, uma babá, uma enfermeira, tanto faz naquele papel sem conteúdo. Dessa opinião eu não mudo, mas respeito a sua.
O que importa é que o filme é muito bonito, independente dos coadjuvantes.
O Nick Cassavetes é um diretor sensível e sabe transpor essas histórias para a tela.
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