Desta vez, a surpresa vem do Uruguai.
Gigante conta a história de um vigia de supermercado, roqueiro, que apaixona-se por uma das faxineiras do local, mesmo nunca tendo interagido com ela. Constrói o amor platônico através das câmeras de onde faz a vigilância. Sua obsessão pela menina extrapola o ambiente de trabalho e ele começa a seguí-la por todos os lugares, mas sem a intenção psicótica que muitos possam pensar. Vira uma espécie de “anjo da guarda” dela.
Vencedor do Urso de Prata em Berlim (perdendo apenas para A Teta Assustada), além de outros prêmios por lá e mais 3 kikitos em Gramado (crítica, ator e roteiro), o filme não trás muita inovação, mas ganha o espectador na simplicidade do roteiro e na sua brilhante condução, ambas funções assinadas pelo argentino radicado no Uruguai, Adrián Biniez. O diretor declarou que o que mais lhe interessava era o voyeurismo em si e não a ética de tal prática; escolha acertada, pois o filme não foi feito para discutir questões sérias, apenas contar uma história divertida e muito cativante.
Outro forte alicerce do longa está na sensível interpretação de Horacio Camadule, um sujeito tímido no filme e na vida real, onde é ainda professor de escola primária e faz teatro underground. O grandalhão interpreta um cara super sério e até triste, mas o seu jeitão encanta e suas ações corriqueiras são muito engraçadas, responsáveis pela maioria das risadas do público.
A cena do cinema é ótima, composta apenas pela sonoplastia do filme em cartaz (uma ficção científica auditivamente tosca) e a câmera fixa no público, o tempo todo. Dá para reparar nos vários tipos de espectador e no próprio vigia, o tipo irritante de espectador.
Tudo é muito bem dosado, inclusive a duração do longa. Os 85 minutos passam voando e nem dá tempo de enjoar da história. O curioso é que os dois (vigia e faxineira) não se encontram durante todo o filme, mas temos a certeza de que ela é o amor da vida dele e torcemos para que dê certo. Eu torci para isso e torço para que o filme dê certo em sua bilheteria também. Se depender das caras felizes que vi ao sair do cinema, o boca-a-boca está garantido!
Trailer (sem legendas e enganativo):
(idem, Uruguai/Argentina/Alemanha/Espanha, 85 minutos, 2009)
Dir.: Adrián Biniez
Com Horacio Camadule, Leonor Svarcas
Nota 7,8
2 comentários:
Achei esse filme muito cansativo e arrastado. O filme caberia mesmo num curta de quinze minutos. Nota 6,4
Que pena, anônimo.
Parece até que vimos filmes completamente diferentes.
O filme é tão dinâmico... Mas gosto não se discute.
Da próxima, identifique-se! É mais legal, porque assim eu passo a conhecer-te também.
Abraço!
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