Hoje o post será menor que o de costume, pois já faz tempo que assisti o filme e não anotei maiores detalhes para escrever. Como finalmente estreou em Brasília, não posso deixar passar a oportunidade de indicá-lo.
De Repente Califórnia (ninguém merece essa tradução) é um romance muito bacana (gíria ultrapassada, eu sei, mas gosto), que se não fosse pelo fato de ter dois gays como protagonistas, facilmente seria sucesso e estrearia num número muito maior de salas mundo afora.
Zach (Trevor Wright) é um artista plástico que não investe em seu talento por achar que precisa cuidar da família, composta pela irmã e pelo sobrinho. Tudo começa a mudar quando conhece o escritor Shaun (Brad Rowe), que incentiva-o a seguir adiante com a tentativa de entrar para uma famosa escola de artes dos EUA. Os dois se conhecem porque Shaun é irmão do melhor amigo de Zach e também porque ambos nutrem a paixão pelo surfe. Daí para diante, a história desenvolve-se em cima do drama de Zach em tomar decisões que implicam em enfrentar as cobranças da irmã e assumir para si e para os outros a sua homossexualidade. A relação dele com a família, aliás, é outro acerto: a dedicação que ele dispensa ao sobrinho é muito mais amorosa e eficiente para a criação daquela criança do que a própria mãe poderia oferecer, já que essa é uma mulher infeliz com a própria vida e é dessas que abandonaria até o filho pelo primeiro homem que lhe oferecesse uma perspectiva de mudança.
De Repente, Califórnia não tem muitos méritos como cinema. A estética do filme é de série televisiva e o desenvolvimento do roteiro é bem clichê, exceto pelo acerto de sair dos ambientes comuns e levar a história para um meio que pouco ouve-se falar em homossexualidade, que é o do surfe.
O bom é que não levanta bandeiras de maneira agressiva e nem conta com cenas apelativas e desnecessárias, como muitas vezes acontece com filmes de temáticas LGBT. A sensibilidade e naturalidade com que a história é conduzida é que cativam e tornam o filme acessível a qualquer pessoa.
Além disso, tem uma trilha sonora bem boa, que equilibra os momentos mais conturbados com os momentos mais relax do filme.
Não é nenhum triunfo, não causa polêmicas e nem fará parte das listas de melhores do ano, mas é um programa muito agradável, sensível e que pode até emocionar os mais românticos ou os de "coração de manteiga", como no meu caso.
Eleito o melhor filme pelo público no Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade Sexual de 2007 e de diversos outros prêmios em festivais temáticos mundo afora.
Trailer
(Shelter, EUA, 97 minutos, 2007)
Dir.: Jonah Markowitz
Com Trevor Wright, Brad Rowe, Tina Holmes, Jackson Wurth, Katie Walder
Nota 7,3
12 comentários:
Esse filme foi uma bela surpresa para mim! Adorei a forma sincera como tratou o tema, algo que é raro atualmente. Adorei essa parte de seu texto: "Não é nenhum triunfo, não causa polêmicas e nem fará parte das listas de melhores do ano, mas é um programa muito agradável, sensível e que pode até emocionar os mais românticos ou os de "coração de manteiga", como no meu caso." É exatamente isso que acho!
Realmente, a tradução foi triste, até assusta. Mas, gostei do que você escreveu, vou procurar ver.
Me surpreendeu o fato do longa ter uma estética televisiva, tratar de um assunto ainda polêmico e ter uma simplicidade tão grande, principalmente com o protagonista...
Bem vindo ao clube, Coração de Manteiga! ehehe
Que bom que gostou, Vinicius! Tomara que não passe despercebido.
Acho que as dicas têm sido boas, né, Amanda!?
Espero que goste!
Pois é, Pedro. A estética não-cinematográfica pode ser pelo fato de ser o primeiro filme do diretor, que antes só tinha experiência com direção de arte.
Quanto à simplicidade, acho que o filme só deu certo por ser despretensioso, sem querer virar notícia pelos meios fáceis da polêmica.
Que bom!
haha, 'coração de manteiga' foi ótimo. É verdade, é um filme sensível que ganha a simpatia de gays ou heteros, e levanta a bandeira da homossexualidade de maneira muito mais honesta do que outras opções apelativas.
Achei injusta a pouca atenção dada pela mídia ao longa.
É o primeiro lançamento dessa produtora (exclusiva para divulgar filmes GLBT) no Brasil, Leka.
Então, tomara que cada vez mais eles consigam lançar filmes como esse e que sejam melhor introduzidos no mercado...
Abraço e obrigado pela visita!
bom dia gostaria mto de saber aonde e que eu posso comprar o dvd ?
O dvd ainda não foi lançado para venda.
Deve chegar nas locadoras até o fim do ano, pois ainda está em cartaz em algumas cidades do país...
Abraço!
gente, e aí, o dvd já saiu.
gostaria muito de comprar.
quem souber onde, me avisa.
meu e-mail é neildohp@hotmail.com.
Neildo, só encontrei este dvd na Livraria Cultura e mesmo assim, somente na versão importada. Caso te interesse...
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