Assistir a nova versão de Robin Hood para os cinemas me fez ter saudade precoce do Sherlock Holmes tão bem manipulado por Guy Ritchie, no início deste ano.
O consagrado diretor Ridley Scott trás às telonas uma versão enfadonha e apática do herói saqueador. Scott fez de Robin Hood uma espécie de Coração Valente protagonizado pelo Gladiador e pela Rainha Elizabeth, com a qualidade duvidosa de outra obra sua, Cruzada.
O roteiro deste filme segue a cartilha dos grandes estúdios quando querem reavivar franquias que encontravam-se nas cinzas, ou seja, conta tudo de novo e faz deste um filme-de-origem. A história é passada na Inglaterra do XII, quando morre o rei Ricardo I e o arqueiro e ex-integrante da Coroa, Robin Longstride, é enviado para Nottingham, onde a população sofre com o autoritarismo de um tirano xerife. Lá, Robin assume a identidade do marido desaparecido de Lady Marion, para que sua missão não levante suspeitas. Na tentativa de salvar a cidade, ele reúne uma gangue de mercenários, iniciando uma saga para livrar o país da iminente guerra civil.
Russel Crowe assume de maneira exageradamente séria o papel do arqueiro e o transforma num sujeito carrancudo e introvertido, o contrário da figura construída no imaginário popular. A opção pelo ator para encarnar o protagonista é no mínimo estranha: oras, se o filme conta o início de tudo e desde já Robin já tinha aquela idade, então quer dizer que ele virou lenda nos pouquíssimos anos subseqüentes a que teria vigor físico? Fiquei imaginando as seqüências deste filme, com Crowe barrigudo e caquético escondendo-se pela floresta e realizando as emboscadas para saquear os ricos...
Cate Blanchett faz uma Lady Marion com competência, mas que estranhamente luta junto à gangue, fato que também não ocorre nas histórias de Robin Hood. Seria a aura da Rainha Elizabeth que a inspirou?
E Mark Strong assume a pele do vilão Sir Godfrey, que tenta “entregar” a Inglaterra para o rei da França. Sua atuação é notável, mas ainda assim, inferior ao vilão que encarnou com excelência em Sherlock Holmes.
O humor aguçado e as inúmeras confusões em que Robin se metia não aparecem neste filme, que não passa de um drama arrastado e sem a menor graça, apesar da produção muitíssimo bem cuidada, da bela fotografia, dos cenários grandiosos e de diversas locações.
Russel Crowe declarou: “assumi a visão de que, se você vai revitalizar Robin Hood, isso precisa ser feito levando em conta que tudo que você achava saber sobre a lenda era um compreensível erro”. Mas não é desta maneira brusca que se desfaz a imagem que o povo tem em mente há tanto tempo. O estranhamento é inevitável e a antipatia também.
Resta-nos esperar pela seqüência, quando enfim poderemos ver Robin como Hood e não mais como Longstride.
Trailer:
(idem, EUA/Inglaterra, 140 minutos, 2010)
Dir.: Ridley Scott
Nota 4,0
7 comentários:
Caramba, Fred! Tá inspirado, hein? Vários posts nos últimos dias! hehe
Tô curioso quanto ao filme, apesar das críticas negativas que tenho lido.
Pelo menos, é consenso que a parte técnica está ótima.
Abs!
Esta é a segunda critica negativa q leio sobre Robin Hood. Confesso q pelo trailer achei q seria mais uma grande obra de da dupla Crowe/Scot,mas pelo visto o resultado não agradou mto. De qualquer maneira, é um filme q verei no cinema, apesar dos "longos" 140 min. Para durar este tempo todo, espero q o filme seja mto bom. Grande abraço Fred e até mais.
Visitem
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Pois é, Bruno! Muita coisa para postar e não gosto de deixar o assunto ou o filme ficar "obsoleto"... A parte técnica não vale o ingresso por si só, acredite. Mas assista. Crítico tem que ver filme ruim também! rsrs
Thiago, vai com fé e se apegue em algo bom no filme (se encontrar algo) para não bocejar durante os 140 minutos...
Abraços
Eu, ainda assim, creio que gostarei!
É... Eu confesso que já não estava esperando muito, sempre que vejo o cartaz a sensação é de ver o Gladiador usando uma flecha, hehe.
Primeiro porque Ridley Scott, é Ridley Scott, de qualquer jeito. Depois, porque como vc falou, temos que ver de tudo, né? A gente sempre aprende algo, mesmo com os filmes ruins.
bjs
Achei que o filme seria muito ruim de tantas críticas que li na internet.. mas me surpreendi.. achei o filme ótimo e olha que nem do Avatar gostei muito. Sou super chata pra gostar de um filme, dormi no meio do Homem de Ferro 2, mas o Robin Hood me impressionou e me empolgou.. depois de tantos filmes que assisti com o meu marido, finalmente um que agradou a ambos!! Essa é a minha opinião... Espero que tenha a continuação.. pq gostei muito do primeiro!
Cristiano, pelo que conheço do seu gosto, acho que este não vai te agradar. Mas assista. Às vezes é bom ver filme ruim, para apurar o senso crítico!
Amanda, pois é. Apesar de este filme ser bom tecnicamente, eu não recomendo.
Anny, eu entendo você ter gostado do filme. Eu o acho muito chato, mas nem todo mundo pensa assim. De qualquer forma, não tenha muitas esperanças quanto a uma continuação. A estreia foi abaixo do esperado nos EUA e dificilmente o filme arrecadará os absurdos que custou - US$ 200 milhões!
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