Esqueçam o título folhetinesco que deram a este filme. Neste texto, chamarei-o pelo seu nome original e mais adequado: Chloe. É esta personagem que representa a essência do filme e as prováveis intenções de levantamento de discussões nele contidas, além da sua história mais explícita.
A personagem-título é uma garota de programa, que já nos primeiros minutos descreve-se como uma menina cujo caráter é moldado ao que pedem os seus clientes. Já foi mãe, filha, executiva, etc. Depende do gosto de quem contrata seus “serviços”.
Catherine (Julianne Moore) é uma mulher temerosa pelo casamento e pelo filho, cujas rédeas ela perdeu há algum tempo. Desconfiada de traição, resolve contratar Chloe (Amanda Seyfried) para “testar” o marido, David (Liam Neeson). As coisas começam a perder o controle quando Chloe vai além do que os serviços que lhe são solicitados.
Freud adoraria explicar as atitudes de cada personagem desta obra do diretor Atom Egoyan. Eles são cheios de nuances e desvios de personalidade que seriam um prato cheio para o pai da psicanálise.
Eu poderia fazer aqui uma descrição do caráter dos personagens, mas é provável que isto tirasse a excitação que se tem a cada novo fato da história. Tal excitação é causada não só pelas envolventes – e fortes – cenas de sedução como pela complexidade do roteiro e a perplexidade contínua causada no espectador.
O bem escolhido elenco conta com a ótima atuação de Julianne Moore e da jovem Amanda Seyfried. Elas absorvem os medos de suas personagens, que usam cada qual as suas armas para conseguir o que querem, mesmo não conseguindo sempre, o que as faz perder o controle e gera nelas insegurança e vulnerabilidade.
O filme constrói uma rede de sedução muito interessante, na qual cada ato pode gerar consequências inimagináveis. Por mais repugnantes que algumas atitudes possam parecer, é perceptível a intenção em mostrar que instintos asquerosos existem em qualquer ser humano, mesmo que mais aguçados em uns e mais reprimidos em outros.
Chloe é um filme para ser visto mais de uma vez e contém assunto para discussões infindáveis sobre o caráter – ou a falta dele – das pessoas. Seu maior mérito é não ser limitado. As atitudes de cada um não seguem uma regra, cada ação pode gerar diferentes reações e ninguém é bom ou mal completamente. Os caminhos estão abertos e a situação pode mudar a qualquer momento.
No fim, perguntei-me: será que esta conclusão foi a melhor solução? Não sei. Talvez não houvesse solução. Ou talvez houvessem várias.
Trailer:
O Preço da Traição
(Chloe, EUA/Canadá/França, 96 minutos, 2009)
Dir.: Atom Egoyan
Com Julianne Moore, Liam Neeson, Amanda Seyfried
3 comentários:
Gostei muito do filme, o tema foi interessante e a trama foi bem surpreendente recomendo asssisti-lo, a única parte mais "forte" do filme foi a sensual cena de sexo entre as atrizes principais... Também recomendo assistir ao filme mais de uma vez é como se fosse um bom livro a cada momento que você lê tem-se um novo entendimento.
Bom tambem é ver os finais alternativos para o filme. No dvd tem, nas cenas deletadas. Um filme que vale a pena ver.
Priscila, bom saber que o dvd tem estes extras. Assim que puder, vou revê-lo em dvd.
Abraço!
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