Após alguns minutos de Lunar, cheguei a pensar que estava assistindo uma nova versão de Náufrago, só que passada na Lua.
Sam Bell (Sam Rockwell) é o astronauta responsável por coletar a energia primária que a Terra precisa para se manter, no lado escuro da Lua, numa época em que só isso pode sustentar a vida no Planeta. Seus únicos contatos com a Terra são algumas vídeomensagens enviadas periodicamente por sua mulher e sua filhinha. Na base lunar, ele convive apenas com um robô, Gerty, que o ajuda em atividades corriqueiras e cuida da sua higiene e saúde.
Acontece que seu contrato de três anos com a empresa que minera a Lua, a Lunar Industries, está para acabar, mas seu anseio por voltar para casa dará lugar a uma necessidade insaciável pela verdade, depois que um grave acidente acontece e informações perturbadoras o farão desconfiar de todo o projeto.
Bastaram alguns minutos para eu perceber de que este não era apenas um “Náufrago lunar”. O roteiro de Nathan Parker é enxuto e por incrível que pareça, não é nada arrastado. É uma das poucas histórias de ficção espacial que consegue ter um final plausível e sem deslumbre.
Sam Rockwell dá vida ao personagem central, quase o único em cena durante boa parte do filme. Ele transparece paranoia, mas sem precisar ter uma atuação afetada. Seu desempenho é tão bom que é capaz de nos fazer acreditar de que aquela é uma situação real.
Algo que me incomoda nestes filmes é o fato das máquinas terem sentimentos. É algo inimaginável e tal característica fica rasa, ainda mais num filme que se julga sério. Por mais que a tecnologia avance e que as máquinas sejam cada vez mais complexas, ainda é difícil convencer-nos de que isso é possível.
Lunar é um ótimo filme para se discutir sobre a ética na ciência, sobre o desenvolvimento das características intrínsecas e pessoais de cada um, sob diferentes contextos e influências de fatores externos. Serve até como uma nova forma de explicar a teoria evolucionista – assistam antes de me perguntar o porquê.
Trailer:
Lunar
(Moon, Inglaterra, 97 minutos, 2009)
Dir.: Duncan Jones
Com Sam Rockwell
9 comentários:
Quero ver! Gosto muito desse tipo de ficção. E quanto aos super robôs... Well, Hal precisa ter irmãozitos! rs
Beijo
obs: me deu saudade de Contato, A Esfera, Inimigo Meu, O Enigma do Horizonte etc
Não esperava que fosse gostar tanto de Moon. Não curto muito ficção, mas me surpreendeu, apesar das referências.
Sam Rockwell enfim conseguiu justiça na carreira, né. Melhor papel de sua carreira até aqui.
Gostei muito de suas críticas.
Jéssica A.
Não tinha me atraído pelo filme ainda, mas agora vou tentar ver. E quando voltar volto aqui, achei seu comentário interessante!
Abraços!
Houve quem comparasse o filme ao clássico 2001 - a Odissey Story. Acho um exagero a comparação. Mas o filme Lunar tem muitos ingredientes que agradam aos fãs de sci-fi. Recomendável.
Anna, eu é que estava com saudade de você! Fazia tempo que você não aparecia... Mas assista Lunar, você vai gostar bastante!
Jéssica, ficção também não é meu gênero favorito, mas tem excelentes exemplares e Moon é um deles, na minha opinião. Também não simpatizo com o Rockwell, mas dou o braço a torcer: ele está muito bem neste filme.
André, depois que assistir, volte mesmo. Vai ser legal saber sua opinião.
Marcelo, acho que só o tempo dirá se a comparação foi ou não pertinente... Por enquanto, eu prefiro não arriscar.
Abraços a todos!
Nao vejo nada de espantoso em maquinas com sentimento, e somente um algoritmo a mais. Eu acho sim inutil, pessoas com tanta "capacidade sentimental" matam e estupram so por diversao. Seria somente um bug
Ese filme é uma verdadeira surpresa! Estupenda trilha de Clint Mansell, ótimo desempenho de Sam Rockwell e um roteiro extremamente interessante. Merecia mais reconhecimento!
Abkt, você realmente acha que sentimentos são apenas uma questão algoritmos a mais?
Matheus, você que gosta de trilhas, já viu O Escritor Fantasma, novo do Polanski?
Um máquina verdadeiramente inteligente teria que ter emoções ou alguma intuição(um das teorias para IA) e no caso do robo do filme ele segue as leis roboticas do Asimov.O Hal do 2001 era mais emocional e tinha mais livre-arbitrio que ele.Sem falar que ele poderia ter desenvolvido(sua inteligência não seria estacionária) essa caracteristica mais sentimental com o tempo(o robo do Wall-E foi no sentido oposto).
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