Where The Wild Things Are foi escrito por Maurice Sendak e publicado em 1963. Tornou-se um dos livros infantis mais cultuados e vendidos da história, mas era desconhecido no Brasil. Fazem anos que Hollywood tenta adaptar o livro para as telonas, mas a história era considerada por muitos uma história difícil de contar, imageticamente. Até Steven Spielberg tentou fazê-lo, mas desistiu.
O projeto, felizmente, caiu nas mãos de Spike Jonze (Quero Ser John Malkovich; Adaptação), que chamou o amigo Dave Eggers (até então novato em cinema) para coescrever o roteiro do filme.
A história gira em torno de Max, um garotinho de 8 anos, rebelde e sensível. Achando que em casa ninguém o compreende, ele foge num pequeno barco, enfrenta uma tempestade e vai parar numa ilha onde vivem os monstros.
Com toques surreais típicos dos filmes de Michel Gondry (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças; The Science of Sleep), Jonze faz um filme sobre a infância, só que para adultos. Sua intenção é retratar os medos e inseguranças das crianças e a fase que todas passam, de descobrir o espaço do outro, de entender que relacionar-se é muito mais difícil do que parece e de que nem sempre fazer o que se quer é o melhor para a comunidade em que se vive.
Com uma direção de arte impecável (assinada por K K Burret, de Maria Antonieta), ótimas dublagens (Paul Dano, James Gandolfini, Forest Whitaker, Chris Cooper) e uma trilha original tocante (criada por Carter Burwell e Karen Orwell, vocalista do Yeah Yeah Yeahs), o filme bate no coração de quem se identifica com a história, de maneira lírica e cheia de simbolismos que pedem que o espectador viaje na história para entendê-los. Quem não conseguir fazer isso, talvez não vá gostar do filme.
A relação conturbada do garoto com os monstros contém o turbilhão de sentimentos que habita o nosso redor e a dificuldade que temos de lidar com isso. Uns não entendem os outros e a qualquer momento os pensamentos podem mudar, indo da extrema afetividade (em cenas lindas, em que monstros e menino dormem “amontoados”) a acessos de fúria.
Talvez a perfeição esteja no equilíbrio. Isso implica ter mal-humor, raiva e egoísmo às vezes. Significa preferir uma cor à outra, porque gostar das mesmas coisas torna todo mundo mais sem graça. No mundo dos monstros é normal desafinar ou não saber contar piadas e se for para fazer guerra, que seja de bola de neve ou de lama.
Cabe a cada um criar o seu mundo perfeito. Geralmente ele é encontrado dentro de nós, onde vivem as tais “coisas selvagens” do título original.
Dentro de mim, Onde Vivem o Monstros terá sempre um lugar garantido.
Crítica filmada:
(Where The Wild Things Are, EUA, 101 minutos, 2009)
Dir.: Spike Jonze
Com Max Records, Catherine Keener, Mark Ruffalo
12 comentários:
Nem tinha vontade de ver, parecia muito ingenuo e infantil, msa dps de matar a saudade do primo e vendo o video deu vontade sim de assistir, to gostando dos comentários falados...
tão muito bons!
Não li o livro, mas quando assisti ao trailer me encantei (mesmo sabendo que trailers, às vezes, são mais potenciais que os próprios filmes). Quero conferir rapidamente! Estou certa que me deixarei levar pela imaginação... Só desconfio que não seja filme para adultos e sim para as crianças que sempre seremos.
Beijos!
Ah, visualmente me lembra História Sem Fim!
* estou vendo seu vídeo... esqueci de comentar antes que vc me lembra o Richard Gere! rs Olhinhos sorridentes!
Adorei o "menino sai de casa vestido de cachorrinho", seguido de uma risadinha sarc'astica, hahaha. Adoro suas cr'iticas, Fred. S~ao bem informais, bastante informativas e de bom gosto. N~ao aguento esse povo "pseudo-cult" que fala bem de filme ruim e fala mal de filme bom. Voc^e 'e honesto sempre e tem o gosto parecido com o meu, hahaha! S'o achei os monstros do filme muito feios~oes.... =P
Beij~ao! T'a de parab'ens (acho que digo isso sempre...)
Fred, muito boa a crítica, essa ideia de fazer em video realmente é muito boa.
Eu achei um filme muito bom, a trilha é linda, a fotografia é excelente, a atuação do Max Records é ótima, mas só teve um porém. O filme me deixou meio mal depois, acho que uma mistura de tristeza com nostalgia. Ele foi vendido como um filme mais feliz, mas ele é bastante sombrio e realmente não é um filme para crianças.
Longe de ser um filme ruim, mas talvez, como aconteceu com o livro do Maurice Sendak, o filme fique melhor com o passar do tempo.
José, estou gostando de saber que você sempre me lê e agora vê! Tomara que goste do filme!
Anna, é um filme sobre infância, mas não é infantil. E você está certa, é para as crianças eternas que somos! E vou tomar isso como elogio, afinal, o Richard é galã, né?! Mas desde criança que eu escuto isso! =)
Lu, depois li umas falas do Spike Jonze, dizendo que a fantasia era de lobo! rsrs E eu concordo com você, filmes devem ser analisados por aquilo que se propõe e não com a exibição pseudocult que lemos por aí. Eu procuro dizer o que vem do coração, sem muita frieza. Obrigado pelos constantes elogios e pode aguardar que mais novidades estão por vir!
Fiu, muito obrigado! Olha, eu também fiquei um pouco tomado por nostalgia depois do filme e com uma vontade de chorar por causa disso, mas eu gosto de sentir isso, às vezes. Serve para lembrar de coisas boas e dar valor a elas, não?! Eu acho que Onde Vivem os Monstros ficará cada vez melhor, porque é do tipo de filme que se faz uma leitura diferente a cada vez que se assiste.
Abraços para todos vocês!
Opa! Vamos divulgar por aí que você é filho dele, fruto de uma paixão arrebatadora de algum carnaval! rs
Um brinde as crianças que sempre seremos!
Beijo.
hahaha
Nada de usar o nome do pai como escada, Anna!
rsrs
Você viu este filme? Gostou?
Fred, queria novamente elogiar aqui o seu blog e dizer que senti falta de algo na sua critica, algo sobre a relação do Max com a irmã, que é representada no mundo WILD pela relação entre Carol e KW, com aquela história das corujas. O filme é maravilhoso e eu chorei muito com a cena do coraçãozinho partido... nossa, eu fiquei realmente acabada! Adorei o filme e agora que volto a ter internet continuo acompanhando seu blog.
Beijo da Kissú!
Carol, existem múltiplas interpretações sobre um filme e muitos "quesitos" a serem reparados. Confesso que não atentei muito para este fato, mas irei amanhã novamente assistir o filme e prestarei atenção nisso. De qualquer forma, o importante é que o filme é lindo e emocionou a quase todos que foram assistí-lo.
Beijo e obrigado pelos elogios!
=)
Melhor filme do ano! A cena dos uivos na despedida destrói qualquer um.
Mr Dalloway - Por enquanto, compartilho da sua opinião!
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