Filme bonitinho, este “Um Doce Olhar”. Venceu o Festival de Berlim 2010 na maior simplicidade e acabou sendo o escolhido da Turquia para representá-los no Oscar.
Parte de uma trilogia sobre o amadurecimento, iniciada com “Ovo” (2007) e depois “Leite” (2008), Bal (título original turco, que significa “mel”) é, na verdade, o início de tudo, quando Yusuf (o protagonista) ainda é uma criança.
Acostumado a acompanhar o pai na colheita de mel, Yusuf possui sonhos que só conta para o pai. Este desaparece na floresta em busca de outros lugares para coletar mel, depois que o mesmo fica escasso em sua região. Yusuf tem, então, que lidar com sumiço do pai e os problemas escolares sozinho, já que sempre ignorou os conselhos da mãe.
O filme de Semih Kaplanoglu não seria metade do que é se não tivesse o menino Bora Altas como protagonista. Assim como Rodrigo Noya foi a alma de “Valentin” (2002), Bora incorpora Yusuf com uma naturalidade incrível, mesmo que não soubesse ainda exatamente o que estava fazendo naquele set de filmagem. Ele tem o olhar distante, quase autista, que só se desfaz na presença do pai do qual tanto se orgulha. Na escola, as cenas de dificuldade de leitura que o menino protagoniza são algo de muito impressionante, quase neorrealista.
A doce inocência fica completa quando unida a uma bela fotografia marrom e verde – ambas as cores muito vivas, mas ao mesmo tempo muito tristes.
Sem trilha sonora e poucas ações reais, o longa chega a se arrastar, mas isso acontece em poucos momentos. Na maior parte do tempo, é fascinante ver como o menino é obrigado a amadurecer na ausência da figura que mais se apoiava e empatia por ele prende a atenção até o fim.
“Um Doce Olhar” pode até ser mais um filme-com-criança, mas nem por isso deixa de ter o seu encanto.
Trailer:
(Bal, Turquia/Alemanha, 103 minutos, 2010)
Dir.: Semih Kaplanoglu
Nota 7,0
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