Mark Zuckerberg criou o Facebook em 2004, com investimento inicial de mil dólares. Em pouco tempo, o site adquiriu notoriedade na internet e se tornou a maior rede social do mundo, atualmente com mais de 500 milhões de pessoas inscritas. Só isso já daria um filme, mas o que o livro “The Accidental Billionaires” (de Ben Mezrich) revelou foi que havia muito mais histórias e intrigas por trás de tudo isso.
Jovem de apenas 20 anos à época da criação do site, Mark o fez, segundo livro e filme, inspirado numa desilusão amorosa, depois da qual passara uma noite embriagado criando um site específico para alunos da Universidade de Harvard, onde estudava, que obteve mais de 20 mil acessos em duas horas, gerando pane nos servidores da universidade, chamando a atenção dos superiores e de dois irmãos ricos (Winklevoss) à procura de um programador para um projeto deles.
Com uma ideia ainda maior em mente, Mark aceita o convite para trabalhar com os irmãos Winklevoss (gêmeos, ambos interpretados por Armie Hammer), mas não conclui o trabalho que se comprometeu a fazer e pior, registrando o Facebook em seu nome, com a ajuda do amigo Eduardo Saverin (cofundador do site), o que gerou um processo milionário contra ele.
O que Aaron Sorkin (roteirista também de “Jogos do Poder”) fez foi pegar esta história – extremamente atual e ainda obscura e incompleta – e ater-se a contá-la através da audiência do processo. A partir destas cenas entre os advogados e os envolvidos no caso é que a história vai sendo recapitulada. O problema é que quando se utiliza da visão dos personagens, fatalmente a construção dos seus caráteres será limitada e parcial. Assim, o que vemos na tela são personagens fracos, restritos às denominações de mocinho e vilões.
O roteiro desenvolve bem os diálogos, mas não os personagens e tenta esconder seus defeitos com um falatório sem fim e tem sorte em encontrar apoio na trilha sonora eletrizante e numa montagem eficiente e bastante ágil.
David Fincher (“Clube da Luta” e “Zodíaco”) dirigiu a pulsos firmes esta que era uma produção delicada, passível de muitas contestações por parte dos retratados, inclusive por arriscar-se a denegrir a imagem de um dos mais poderosos sites do mundo.
O elenco é liderado por Jesse Eisenberg (“Zumbilândia”), que pode garantir uma vaga dentre os nomeados para o Oscar, e conta com a atuação elogiosa de Justin Timberlake (“Guru do Amor”) na pele do criador do Napster – um dos principais sites de download de músicas do mundo –, mas quem rouba a cena é Andrew Garfield, que já havia se destacado por sua atuação em “Leões e Cordeiros” e em 2012 ganhará as telas do mundo como o novo Homem-Aranha.
As poucas falhas de “A Rede Social” são mínimas, especialmente se o filme for tido como apenas mais uma história de intrigas e não for levado a sério, como “a verdade sobre os fatos”. Assim, sua história se torna empolgante e gera fascínio. É mais um filmaço para a coleção de um grande diretor.
Trailer:
(The Social Network, EUA, 121 minutos, 2010)
Dir.: David Fincher
Com Jesse Eisenberg, Adam Garfield, Justin Timberlake
Nota 8,5
5 comentários:
Sim, o filme é verborrágico, mas acho que é o perfil do novo jovem, não sei se chega a ser um disfarce da falta de construção do personagem. Um bom filme, sem dúvidas.
bjs
tbm concordo em ser proposital o intenso falatório, uma vez q ele já começa o filme com o mark e a ex-namorada numa conversa q a gente custa a acompanhar o ritmo
curti mto o filme, a crítica tbm tá ótima
abs!
Amanda, pode até não ser este o disfarce, mas ainda acho que faltaram nuances aos personagens.
Fernando, o falatório é proposital, de fato. Mas não é suficiente para agradar a todos! Que bom que você gostou, do filme e da crítica!
Abraços!
O filme é bom. Mas não entendi como se polarizou a busca pelo Oscar entre este e "O Discurso do Rei", tendo outros, a meu ver, melhores ("Cisne Negro", por exemplo).
Guilherme, o Oscar não é feito para fazer justiça. É feito para fazer política e marketing. Como você, eu também prefiro Cisne Negro, apesar de achar os outros indicados bons filmes.
Abs
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