Os bons tempos do cinema italiano parecem voltar à tona com La Prima Cosa Bella, representante daquele país no próximo Oscar.
Preferindo fazer rir a chorar, o filme segue no caminho contrário às tendências das premiações e se destaca por isso. Ao rir da própria desgraça, ganha força, simpatia e entretém com ótima qualidade.
Dirigido por Paolo Virzí (do divertidíssimo e também inédito no Brasil, Tutta La Vita Davanti), o filme conta a história de uma mãe e seus dois filhos. Na década de 70, ela ganhou o primeiro concurso de beleza voltado para as mães da cidade e causou ciúmes no marido, que depois de pouco tempo, a expulsou de casa e a deixou sem os filhos. Mas ela logo tratou de “sequestrar” a cria e partir com eles em busca de uma vida melhor. Mas seu jeito desvairado e seu talento para atrair confusões dificultarão a tarefa.
Diferentes épocas são rescontituídas para contar a história, que se passa nas décadas de 70 e 80 – quando os filhos ainda estão jovens – e em 2009, quando os mesmos se reencontram, após anos de separação, para ficar junto da mãe, em seus últimos momentos de vida.
A história é contada intercaladamente e tem no filho mais velho o seu guia de montagem. Sua visão é a mais forte e ampla, mesmo ele também não tendo se tornado exemplo de sanidade.
Bem ao jeito italiano de ser, romântico e gritado, o longa tem ótima trilha sonora e locações melancólicas e belas, tão bem retratadas quanto nos filmes de Fellini (A Doce Vida) ou Tornatore (Cinema Paradiso).
A construção de personagens é brilhante. O roteiro não se atém às qualidades e faz questão de deixar os defeitos de cada um bem expostos. É por isso que ele causa identificação. A grande família italiana é tão ouriçada e tem tanto sangue pulsando nas veias que fica difícil não gostar de cada um ali.
O destaque é para a mãe, Anna, uma louca de constantes ataques ninfomaníacos, mas que por mais inconsequente que possa parecer, nunca esquece dos filhos e assim os cria, aos trancos e barrancos, causando neles e nos espectadores ora encanto ora vergonha. Ela é interpretada por duas excelentes e sintonizadas atrizes, Micaela Ramazotti e Stefania Sandrelli – uma na versão jovem e a outra na versão mais velha, respectivamente. Elas sintetizam bem o que muitos filhos sentem das mães que seguem esta linha: mãe é mãe, seja ela desvairada ou não.
La Prima Cosa Bella é o C.R.A.Z.Y italiano. Fez tanto sucesso no seu país quanto o seu comparado no Canadá. Uma das boas surpresas do ano, que também pode agradar muito os brasileiros, quando estrear em terras tupiniquins, em março de 2011.
(idem, Itália, 117 minutos, 2010)
Dir.: Paolo Virzi
Nota 8,5
2 comentários:
Uma boa surpresa mesmo, tive o prazer de conferir em um festival que teve aqui na Sala de Arte. E fico feliz de saber que ele já tem data certa de estreia no país.
bjs
Oi, Amanda.
Demorou, mas o filme conseguiu distribuição. Só espero que não sofra da "Síndrome do adiamento"...
Bjs
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