Werner Herzog rodou este documentário para contar a história de Timothy Treadwell, ambientalista estadunidense famoso por suas palestras em escolas mundo afora, esclarecendo e protestando contra a matança dos ursos pardos.
Durante 15 anos, três meses ao ano, Timothy viveu em meio aos ursos, numa floresta do Alasca. Morreu, juntamente com sua namorada à época, devorado por um daqueles ursos.
Timothy era são e insano, certo e errado, meigo e agressivo, um paradoxo ambulante que desperta amor e ódio no público. Ao mesmo tempo que fazia um trabalho admirável de conscientização e pregava paz, tinha surtos de agressividade; declarava amor aos animais, mas em determinado momento chinga umas moscas com visível ódio; se dizia desapegado das coisas materiais, mas era extremamente vaidoso e se importava muito em como aparecer em frente às câmeras e passar sua mensagem; e por aí seguem uma sequência de boas intenções e incoerências.
Através de depoimentos de familiares, amigos, ambientalistas e médicos-legistas, além de muitas imagens do arquivo pessoal e de trabalho do próprio Treadwell, Herzog mostra que por trás desta história haviam muitas outras questões implícitas, dignas de serem exploradas e vastamente discutidas.
Já realizei algumas sessões deste filme para várias pessoas e sempre, ao término da sessão, a discussão que se inicia e as reflexões que o filme incita em todos duram um longo tempo. O mais interessante é que isto só é proporcionado porque Herzog manipula bem as imagens, mas não se concentra em apenas defender o seu ponto de vista que, sim, lá está em alguns momentos cruciais.
O diretor mostra depoimentos a favor e contra os atos do ambientalista em questão e aproveita alguns momentos para dissertar sobre o uso das imagens, o fascínio de se registrar momentos de pura beleza através de imagens em movimento e também sobre o método que Treadwell utilizava nas filmagens de suas expedições.
À medida que a história do personagem vai sendo aprofundada, aprofundam-se também as discussões e a gama temática só aumenta. Quais são os limites entre o Homem e a Natureza? Até que ponto é saudável o isolamento? O que leva uma pessoa a tomar atitudes extremistas? Estava Timothy certo ou errado? Afinal de contas, ele não morreu feliz? As respostas podem seguir caminhos diferentes, mas estão todas lá e cabe a cada espectador extrair dali o que melhor lhe convir, para formar a sua própria opinião.
A mágica do documentário, neste filme, acontece, graças à história de um louco (ou não) e ao trabalho de um gênio.
Trailer:
(Grizzly Man, 105 minutos, 2005)
Dir.: Werner Herzog
Nota 10
8 comentários:
Sempre tive muita expectativa em conferir o filme, mas nunca consegui. Seu texto realimentou minha vontade; vou procurar vê-lo o mais breve possível.
Que bom, Mateus.
A intenção é estimular mesmo, porque o filme é muito bom!
Não conhecia, Fred. Gosto de documentários que trata o seu biografado de forma mais humana sem endeusá-lo.
Abraços,
Já vi esse filme.
O cara era feliz, mas com certeza não queria morrer! uehauehuae
ele abusou, ultrapassou a linha, o mesmo aconteceu com o dr croc.......
ele foi comido por um urso, garanto q ñ ficou nada feliz com isso, o urso pode ter gostado ok.....
Caíque, em muitos momentos a opinião do diretor é explícita e contrária ao retratado. Vale a pena conferir.
Abraço
O filme é muito bom...mas é aquela velha história, um trabalho muito bem feito em cima de algo q não vale a pena! Pra vc ter uma idéia... ele morreu defendendo os ursos em uma reserva ecológica! PQP...era uma RESERVA ECOLÓGICA... já era proibido caçar, construir, desmatar lá... o cara era um bobão megalomaníaco!
Seria muito melhor e mais interessante ter feito o documentário em cima de um criminoso morto, por exemplo!
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