Existem diretores com fixação em determinados assuntos ou temas. Outros, ideia fixa ou ilusão. Jean-Pierre Jeunet parece ainda pensar que o estilo inovador criado por ele em O Fabuloso Destino de Amelie Poulain continuaria a fazer sucesso para todo o sempre, em qualquer outro trabalho que ele o imprimisse.
Micmacs traz o divertido Dany Boon (A Riviera Não É Aqui) no papel de Basil, um artista de rua cuja vida foi destroçada pelo efeito das armas, por duas vezes: quando criança, viu a casa dos pais (com eles dentro) ser explodida, ficando órfão e sem-teto; anos depois, uma bala na cabeça quase o levou à morte.
Depois de ser introduzido a um grupo de moradores do ferro-velho local, cada qual portador de uma habilidade extraordinária, Basil percebe que, com a ajuda deles, pode destruir a indústria de armamentos responsável pelas tragédias de sua vida.
A mesma fotografia amarelada, os mesmos cenários teatrais e os mesmos elementos fantásticos que fizeram a fama de Amèlie Poulain estão presentes, o que dá a impressão de mais do mesmo, só que com a substituição da personagem de Audrey Tautou pelo personagem do divertido Dany Boon com seu “estilo Mr Bean” de ser. Mesmo com o esforço do ator, sua presença não chega perto de ser cativante como a personagem de Audrey Tautou no filme de 2001.
Mais próximo de uma freaklândia, com seus personagens bizarros e sem muita graça – dentre eles uma contorcionista machuda, uma Chiquinha enjoada e um Hulk idoso – o filme reproduz uma série de planos infalíveis, como nas histórias do Cebolinha ou do desenho Papa Léguas.
Mesmo com uma direção de arte e montagem impecáveis e boa intenção de criticar a indústria armamentícia, Micmacs não consegue empolgar. Além do mais, comédia que não faz rir não é comédia, oras. Mais adequado seria se fosse vendido como “aventura freak” a la Peixe Grande (coitado do filme do Tim Burton).
Foram gastos impressionantes US$ 42 milhões nesta produção, que já foi exibida em 26 países desde maio deste ano e até agora não passou nem dos US$ 15 milhões arrecadados.
Nem toda ação, por mais parecida que seja com a anterior, tem exatamente a mesma consequência. O desempenho aquém do esperado de Micmacs nos cinemas por onde já passou só confirma o que o diretor já deveria saber: mesmice enjoa.
Trailer:
(Micmacs à Tire-larigot, França, 105 minutos, 2009)
Dir.: Jean-Pierre Jeunet
Com Dany Boon
Nota 5,0
11 comentários:
JA NEM vo assistir, odeio qdo um cara quer fazer render algo q deu certo., po, deu certo q bom, agora bola pra frente vamov ver coisa nova
Eu assisti e gostei de ambos, amelie e micmacs.
Não vi, mas parece que vale pela estética e trilha, não?
voce n ta mais comentando os comentarios? assim nem tem graça =/
Pessoal, desculpem-me a demora para responder, mas é que, durante o festival, ou eu escrevia ou eu respondia. Como agora acabou, vou responder todo mundo.
José, paciência. É o jogo do business. Se podemos ficar milionários com facilidade, por que não?! Infelizmente, é assim que funciona no cinema.
João Pedro, pela estética e trilha, prefira reassistir Amèlie Poulain. Este aqui não tem muita graça, não.
Abraços
Cada diretor tem um estilo, é fácil reconhecer um filme de Almodovar, ou Tim Burton, assim como Jeunet, tirando algumas exceções de cada diretor, é o estilo do Jeunet isso, e não mesmice, seria mesma coisa dizer que Tim Burton faz mesmice incluindo musicais em seus filmes, e dirigindo no seu estilo, ou que Almodovar faz mesmice com cenários coloridos e temas polêmicos, ou Tarantino com os famosos diálogos afiados que todo mundo adora falar... O filme é muito bom, e esse estilo do Jeunet não vem desde Amelie Poulain, sendo que Delicatessen(1991) ja tem esse estilo, talvez até seus curtas mais antigos, não posso falar pois não vi. E baixa arrecadação não significa má qualidade de filme.
O Filme é legal
O problema do filme não está no visual, mas sim do roteiro e da narrativa estilizada demais. Há diretores que tem sua marca, mas produzem novos universos, jeaunet apenas fez uma redundancia de Amelie. Cores mais fortes, personagens mais bizarros e cenarios mais estilizados.
Adorei
:)
Deliciosamente hilário
Cheio de detalhes e peculiaridades
Direção de Arte fantástica
:)
Luciano, você já viu O Fabuloso Destino de Amelie Poulain? Se não viu, veja. Vai gostar mais do que este!
Abs
"quando criança, viu a casa dos pais (com eles dentro) ser explodida"? wtf? O pai de Basil morre ao tentar desarmar uma mina terrestre. Vc viu mesmo o filme?
Em Micmacs, o que se repete é o estilo, a assinatura do diretor, e não se trata de uma cópia de Amelie Poulain como a crítica tenta fazer acreditar. Em seus filmes, como Ladrão de Sonhos, Delicatessen, e até mesmo em Alien 4 é possível identificar elementos do cinema "Jeunetiano", assim como é fácil identificar outros diretores por elementos característicos presentes em suas obras, como Tarantino, Cronenberg, Lynch, Hitchcock, e outros.
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