Quando Chega de Saudade foi exibido pela primeira vez, no Festival de Brasília de 2007, a impressão era de que seu lançamento fosse ser um grande sucesso. O público presente à sessão vibrava com a música e os personagens do filme. Ao final, elenco e equipe foram ovacionados e muita gente parecia emocionada com a história. A fraca divulgação impediu o sucesso, mas quem teve o prazer de vê-lo recomendou e outros foram conferir.
Outro dia, fiz uma experiência interessante: fiz uma sessão para amigos de quatro diferentes países: França, Alemanha, Japão e Espanha. A falta de conhecimento da cultura brasileira e da música de salão cantada com fervor por Elza Soares e Marku Ribas nada atrapalhou. Todos aplaudiram!
Como em O Baile (Ettore Scola/1983), Chega de Saudade se passa quase que inteiramente num baile de dança de salão, que desta vez se tranforma num tradicional baile para a terceira idade em São Paulo. Lá, as histórias de cada um vão sendo reveladas à medida que os números musicais acontecem.
A fotografia do mestre Walter Carvalho possui cores fortes e saturadas, que expõem toda a efervescência do lugar, cujos frequentadores, de velho só possuem a idade. Sem medo de expor rugas e se despir de vaidades, o elenco mostra que por trás da aparência nostálgica pulsam corações muito vivos e de emoções à flor da pele. A vontade de se entregar a novos amores e viver novas histórias é insaciável.
Cássia Kiss, Tônia Carrero, Leonardo Villar e Stepan Nercessian comandam um elenco maduro e de tirar o chapéu. Eles dançam conforme a música, variando seus humores e revelando suas nuances a cada mudança de ritmo, que marca um novo compasso do filme. A trilha sonora é um passeio por quase todos os ritmos de dança de salão. Um deleite assinado pelo estreante BiD.
Este foi o segundo longametragem da Laís Bodansky, que antes dirigira Bicho de Sete Cabeças e depois dirigiu As Melhores Coisas do Mundo. Trata-se de uma curta, mas impecável cinegrafia. E todos os filmes escritos pelo marido e excelente roteirista Luís Bolognesi, tão versátil quanto a esposa.
Laís é universal ao ser tremendamente regional e seu trabalho se mostra capaz de tocar qualquer pessoa – seja qual for sua nacionalidade – que possua a vontade de viver e sentir boas vibrações.
Trailer:
(idem, Brasil, 95 minutos, 2007)
Dir.: Laís Bodansky
Com Tônia Carrero, Cásia Kiss, Leonardo Villar, Betty Faria, Stepan Nercessian, Paulo Vilhena, Maria Flor
Nota 9,5
8 comentários:
conheco marku....um dos maiores musicos do brasil.....abracos fred
Da filmografia da Laís este é o meu favorito. Muito bom, filme completamente agradável!
Laís Bodansky, a cada filme, vem se revelando um dos maiores nomes de nossa cinematografia. Chega de Saudade é pura nostalgia de um tempo que jamais deveria ter passado!
Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com
José Flávio - engraçado... por que será que você conhece o Marku? Gente chique é assim: tem parente famoso e importante! rsrs
Alan, difícil eleger o melhor da Laís. Eu precisaria de um tempo para pensar!
pseudo-autor - Para alguns, este tempo ainda não passou. Tanto que os bailes ainda acontecem...
Abraços!
Interessante a experiência com os amigos de várias nacionalidades. Gosto muito de Chega de Saudade, assim como tudo de Laís, ele é sensível e gostoso de acompanhar, mas em um ranking iria para o fim da fila. Acho que Bicho de Sete Cabeças é o mais forte e As Melhores Coisas do Mundo o mais maduro.
bjs
É um filme muito interessante, faz bastante tempo que eu assisti. Tem boa música, boa fotografia, alguns bons atores, bom roteiro mas acho que fica só no 'bom' mesmo, achei um pouco lento demais. Me cansei um pouco enquanto assistia. Talvez pela 'atuação' cansativa do Paulinho Vilhena que me fazia querer parar de ver o filme toda vez que aparecia.
Mas é sim um bom filme.
Eu adoro esse filme e as pessoas deveriam reconhecê-lo mais!
Amanda, talvez pelo apelo dramático maior dos outros, este fosse mesmo para o fim da fila. Mas seria uma fila bem apertada! E tenho feito as experiências com este grupo constantemente. Tem sido muito curioso vê-los admirando o cinema sulamericano. Sinal de que basta conseguir trazer os filmes para cá, que as pessoas podem gostar...
CamiCalixto, com tanta coisa acontecendo simultaneamente e tanta música, você ainda achou o filme cansativo? Deve ter sido o efeito Paulo Vilhena então...
Matheus, acho que quem assiste, reconhece. O que precisa é mais gente para assistí-lo! =)
Abraços!
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