Não sou nada ligado no que se passa na tevê. Não costumo assistir novelas, séries e nem desenhos. Não é porque eu não goste. Simplesmente tenho pouco tempo para estes programas e sei que se eu começar a assistir vou querer acompanhar até o final, ou seja, perderia um tempo em que eu poderia assistir mais filmes, que acho muito mais interessante.
Ainda assim, de vez em quando me deparo com algum filme que produzido apenas para a televisão e me surpreendo com sua qualidade. Em meu vôo de vinda para Berlim, escolhi um dos únicos filmes da lista que eu ainda não tinha visto. Também nunca tinha ouvido falar, mas dias depois tive a notícia de ele estava indicado a nada menos que 15 Emmys, o “Oscar televisivo”.
Ontem aconteceu a cerimônia de premiação nas principais categorias e Temple Grandin, que havia ganhado dois prêmios no anúncio dos vencedores das categorias técnicas, no dia 21 passado, ganhou mais cinco prêmios: melhor filme, melhor atriz de minissérie ou filme (Claire Danes), melhor ator coadjuvante de minissérie ou filme (para David Strathairn), melhor atriz coadjuvante de minissérie ou filme (para Julia Ormond) e melhor diretor de minissérie, filme ou especial dramático (para Mick Jackson).
A cinebiografia de Temple Grandin, mostra como ela – um dos casos mais famosos de autismo do mundo – conseguiu driblar os preconceitos da doença e mostrar que era possível ser muito bem sucedida profissionalmente, desde que houvesse um tratamento adequado para pessoas que portam o autismo. Ela tornou-se uma das mais reconhecidas cientistas da atualidade, lançou vários livros – dois deles, “Uma Menina Estranha” e “Na Língua dos Bichos”, disponíveis no Brasil – e hoje ministra inúmeras palestras sobre sua doença.
Não vou contar os feitos específicos dela, porque isto é o mais interesse de assistirmos: como ela desenvolveu seus métodos e como ela enxerga o mundo. Este crescente de descobertas é mostrado com delicadeza de direção e uma montagem linear que conta a história com calma, mas prendendo a atenção o tempo inteiro, ajudada por ilustrações matemáticas ótimas.
Mas a grande responsável pelo sucesso qualitativo do filme é, sem dúvida, Claire Danes. A atriz entregou-se totalmente ao papel e incorporou impressionantemente a Temple Grandin, com todos os seus trejeitos, maneira de impostar a voz, jeito de andar e olhar distante. Tudo poderia parecer exagerado a princípio, mas depois não há como não se encantar com sua interpretação memorável. E depois isso é confirmado durante os créditos finais, quando então surge na tela um depoimento da Grandin da vida real.
É claro que todo o mérito não é só da atriz, que foi também ajudada pelo trabalho de maquiagem e pelo suporte do elenco coadjuvante, que conta com Julia Ormond, Catherine O'Hara e David Strathairn.
Este é um drama agradável de assistir que, apesar de terminar bruscamente – poderia ter um final melhor desenvolvido – possui uma história cativante, merecedora dos prêmios e de ser assistida.
Teaser:
(idem, EUA, 104 minutos, 2010)
Dir.: Mick Jackson
Com Claire Danes, Catherine O'Hara, Julia Ormond, David Strathairn
Nota 8,5
5 comentários:
Poisé Fred, geralmente filmes feitos para a TV tem uma qualidade bem abaixo das produções de cinema, mas de vez em quando aparece coisas boas, como parece ser o caso de Temple.
Aliás, a Claire Danes é uma grande atriz, em Garota da Vitrine ela está ótima.
E sobre a TV, eu sou tipo você. Acabo olhando pedaços de novelas em casa, mas não sou de acompanhar séries, acho que demora demais pra chegar aos finalmentes hehe. Tirando Big Bang Theory e The IT Crowd, não acompanho mais nada.
Abraços
Sabe por que eu quero ver "Temple Grandin"? Porque quero saber o que Claire Danes (uma fraca atriz, na minha opinião) fez de tão especial para tirar o Emmy de atrizes divas/brilhantes, como Hope Davis, Maggie Smith, Judi Dench e Joan Allen...
Jardel, tem um outro filme que concorreu este ano ao Emmy, You Don't Know Jack, que parece muito bom. Verei e digo pra vocês.
Matheus, assista e se surpreenda com a Claire Danes. Você entenderá porque ela ganhou das outras...
Finalmente assisti Temple Grandin e realmente, um ótimo filme. Claire Danes está fantástica e eu gostei muito da montagem do filme. Não é o tipo de cinebiografia que entedia o espectador em certos momentos. Acho que isso também se deve ao fato do filme não apelar pro melodrama e sensacionalismo, o que é bem comum em produções do gênero. E realmente depois de ver a Temple Grandin no Emmy e no final do filme, a interpretação da Claire Danes se torna ainda mais memorável. Espero que a Claire ganhe o globo de ouro nesse domingo.
Fiu, acho o Globo de Ouro para a Claire Danes já está no papo. Vamos conferir isso no domingo. E a atuação dela só não vai parar no Oscar porque eles não consideram filmes para tevê.
Abraço!
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