É impressionante como a maior parte da bom cinema brasileiro fica limitado a ser exibido em algumas poucas salas, por pouco tempo e sem divulgação.
Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos conta com um elenco de globais e ganhou prêmios em alguns festivais e mesmo assim, não consegue cavar seu espaço. Em Brasília, o filme estreou em apenas uma sala e horário.
Dirigido por Paulo Halm (roteirista de Guerra de Canudos, Pequeno Dicionário Amoroso e Dois Perdidos Numa Noite Suja), o filme conta com o casal (na vida real e na ficção) Caio Blat e Maria Ribeiro. Ele é o epicentro da história: aos trinta anos de idade, é o típico homem que não consegue amadurecer. Vive às custas da mesada dada pelo pai (Daniel Dantas), fruto da pensão deixada pela mãe, que falecera há alguns anos; nunca conseguiu concluir sequer um trabalho, mesmo julgando ser escritor; é casado com uma mulher bem diferente dele (Maria Ribeiro), independente e esforçada. Cada dia que passa sente-se mais pressionado – por si mesmo e pelos outros – a dar um rumo à sua vida. Mas a confusão psicológica aumentará ainda mais depois que ele descobrir que sua mulher mantém um romance com a melhor amiga dela (Luz Cipriota).
Caio impressiona com uma atuação madura e entrega-se a Zeca, um completo idiota depressivo,que segundo definição do próprio personagem, é um “menino que não cresceu e resolveu pra sempre ser menino”. Babaca, mas humano.
Outro destaque é a jovem Luz Cipriota, atriz argentina que empresta charme e simpatia para Carol, uma linda argentina, desprovida de pudores e com vontade imensa de viver a vida.
De construção narrativa bem cuidada e elementos que dão dinamismo às cenas – como os desenhos do início, “HQs de tintas góticas” -, o longa mune-se de diálogos plausíveis e inteligentes, sem precisar de artifícios de apelo popular, joguetes, montagem acelerada ou trilha sonora pop. É simples e ganha o público na lábia, na simplicidade e na identificação com a história. Quem não conhece alguém como Zeca?
Histórias de Amor... possui boas semelhanças com o mexicano E Sua Mãe Também, com a discussão de bigamia e relacionamentos liberais, sem deixar de lado o bom humor.
Ao contrário do personagem principal, quem for ao cinema “pegar esta lã, não voltará tosqueado”. Eis uma pequena grande obra nacional a ser descoberta. O tempo tomará suas providências para tal.
Trailer:
(Brasil, 93 minutos, 2009)
Dir.: Paulo Halm
Com Caio Blat, Maria Ribeiro, Luz Cipriota, Daniel Dantas
Nota 8,5
5 comentários:
Ta ai... mais um filme nacional nem um pouco divulgado para o povo.
Gostei do blog, cara. No momento, escrevo uma crítica de Salt, você assistiu? (pergunta óbvia)
Abraços.
adorei seu blog!!! parabéns! maravilhoso!
@KellxD - obrigado! Infelizmente este filme não foi divulgado. Filme sem grana é assim mesmo... E sim, já vi Salt. Está publicada a crítica aqui no blog. Dê uma olhada ali na barra lateral. Lá você encontrará o link.
Fernanda - muito obrigado! Que bom ler seu comentário!
Abraços pra vocês!
Fred, eu até que gostei do filme, desde o lançamento fiquei louca pra assisti. Não gostei muito da atuação da argetina, mas amei o fato de deixar implícito se elas tem um caso ou não. O filme é legal... mas só isso.
bjo
Eu não sei, Sophia. Acho que a Argentina fez bem o que lhe pediram para fazer. Só para mim não ficou dúvidas: ela tinha um caso com os dois simultaneamente!
Beijo!
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