O filme As Melhores Coisas do Mundo estreará na próxima sexta-feira (16/04) e a Warner, distribuidora, forneceu-me algumas declarações da equipe, sobre o filme. Abaixo, alguns trechos das impressões de cada um sobre a produção deste belo filme, cuja crítica vocês poderão conferir aqui no blog, ainda antes da estreia.
Na foto (da esquerda para a direita): Fiuk, José Carlos Machado, Francisco Miguez, Denise Fraga e Laís Bodansky
Laís Bodansky (diretora), sobre o que a convenceu a dirigir um filme como este: “O universo adolescente não é retratado no cinema brasileiro. Quando é retratado é de maneira caricatural. E, esse, é um público ávido por informação. Esse recorte me encantou. Falar do adolescente e para eles. Ou seja, usando a linguagem deles. Falar com sinceridade sem ser de cima para baixo.
Em 'As Melhores Coisa do Mundo' não precisamos forçar a barra quanto aos assuntos que foram trazidos à trama. Esses jovens falam de cidadania e ética sem perceber no seu dia a dia. No universo da casa, com a família os adolescentes funcionam como verdadeiras esponjas. Ouvem comentários e acabam digerindo e devolvem para o mundo da forma como eles mesmos entenderam. Não quisemos dar um tom didático.”
Luís Bolognesi (roteirista), sobre a participação dos jovens no processo criativo: “O meu método foi a pesquisa de campo. O trabalho passou a visitar o público adolescente, passar a tarde com eles, ainda sem uma pergunta específica. Perguntando apenas o que era importante na vida deles, como é o relacionamento com os pais. A partir dessas conversas foram surgindo temas. Quando finalizei o roteiro, chamei alguns meninos que participaram da pesquisa e outro grupo de jovens para um batepapo para perguntar o que achavam do texto. E os adolescentes foram apontando pontos fracos, alguns personagens que deveriam ser mais pensados e outras nuances que deveriam ser repensadas.”
Luís Bolognesi (roteirista), sobre os objetos simbólicos do filme: “Tem certos objetos que ganham dimensão psicológica no filme. Antes de exercerem essa função é preciso criá-los. Como o gorro, em 'Bicho de Sete Cabeças'. Em 'As Melhores...' temos vários objetos protagonistas. Eles deflagram a evolução psicológica do personagem, como é o caso do violão. A atitude que Mano tem com seu violão no começo do filme é absolutamente diferente da que ele tem no final. O violão é um símbolo de status e que ao longo de sua vivência no filme vai se transformando numa forma de expressão com o mundo, na voz mais profunda do protagonista. A ampulheta de Pedro também tem essa função. A baqueta de bateria da Bruna e o caderno de anotações da Carol são outros objetos-personagens.”
Laís Bodansky (diretora), sobre a emocionante e desde já antológica cena do ovo: “Não sei se vou ter a sorte de fazer uma cena como essa novamente. Tão simples e ao mesmo tempo tão complexa. É uma cena que costumo dizer que é agridoce, você ri e chora ao mesmo tempo. Confesso que tinha medo dessa cena por ter um tom melodramático. Mas, durante a leitura do roteiro, a cena dos ovos era a que se destacava entre os adolescentes.
A cena não foi ensaiada. No dia da filmagem, conversamos melhor sobre ela para darmos uma coerência para a ação. E, então, pontuei: primeiro um ovo cai e esse ovo que cai sem querer acaba sendo a gota d'água.
O menino, como observador, transforma aquela gota d'água da mãe numa brincadeira, porque ele tem leveza pra isso.”
Denise Fraga (atriz), sobre a quebra de paradigma que há na trama, de que os pais que se encarregam de profissões mais distantes da formação do jovem são aqueles que mais se alienam sobre a vida de seus filhos (seu personagem e de seu marido em cena são intelectuais, professores de pós-graduação): “A gente como pai não sabe a melhor maneira de educar. A educação é sempre um xeque-mate. Para eles (pais de Mano e Pedro) também isso é colocado à prova. O saber no âmbito familiar não se aplica a teoria do qual são profissionais.
Os pais tentam criar cartilhas para educar seus filhos. Mas como racionalizar sentimentos? Se é que existe alguma receita é afeto e paciência, que em minha opinião, são essenciais para a educação de um filho.
Todo pai se exige ser um pedagogo. Tem aquela culpa que todos nós carregamos que é a ideia
de que temos que saber tudo. Isso não é verdade. Acho que a minha personagem quer parecer uma boa mãe e por isso deixa de lado a vida profissional.
Uma frase que traduz isso no filme é 'Kant ficou pra mim no supermercado'.”
Luís Bolognesi (roteirista), sobre as improvisações dos jovens em cena: “O que fiz foi desistir de tentar falar como eles. A Laís me pediu para deixar que eles encontrassem seus próprios modos de dizer os diálogos escritos. Construí, então, as frases como um todo e eles faziam os cacos. Isso deu muita naturalidade e eles falavam com a sintaxe e punham os palavrões e as gírias que quisessem. A liberdade de se apropriar dos diálogos deu frescor e originalidade para o filme.”
Os irmãos Caio e Fabiano Gullane, sobre a produção: “O maior desafio em produzir um filme como esse é fazer com que o público a quem ele fala se identifique. O maior medo era o de se fazer um filme de jovens que parecesse conversa de 'tiozinho'. Para isso, tivemos que 'colar' nos meninos. E esse desafio foi transposto, graças a esse mergulho visceral no mundo deles.
Bolamos uma estratégia que foi a convocação do público jovem. E abrimos o jogo com eles. A Warner utilizou a internet como ferramenta para criar essa interatividade. E eles puderam participar da escolha do titulo do filme ao seu cartaz oficial.
Por termos tido um financiamento integral, foi possível contratar a melhor equipe do mundo para o projeto. O dinheiro está todo na tela. Além da equipe de profissionais, utilizamos o formato cinemascope 2:3:5 para concorrer com o apelo desse jovem, que tem um apuro técnico reconhecido por grandes produções como 'Homem-Aranha'.
O foco é a exibição do filme no Brasil. Estamos criando uma estrutura muito grande para isso. Queremos construir uma carreira sólida no país. A partir disso, levá-lo para o mundo.”
4 comentários:
Um filme maduro, bem feito, com a cara do jovem brasileiro. Gostei muito.
A cena do ovo é mesmo linda, como disse a diretora: "Tão simples e ao mesmo tempo tão complexa."
E ver Denise Fraga em um papel forte de drama também é muito bom.
abraços
Perdi a primeira pré-estréia do filme aqui em Sampa, mas to louco pra ver... E parabéns pelo blog! Abs!
Amanda, gosto muito da Denise em papéis dramáticos. Na verdade, gosto dela em qualquer papel!
Guto, agora que já estreou, não deixe de ver. De preferência na primeira semana, porque filme brasileiro sai de cartaz rapidinho, mesmo este sendo coproduzido pela Warner. E obrigado pelo elogio!
Abraço
Agora só faltam atores de qualidade, né.
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