Primeiro longametragem do israelense Haim Tabakman, Pecado da Carne (Einaym Pkuhot) é uma espécie de Brokeback Mountain judaico.
Sua história gira em torno de Aaron Fleishman (Zohar Shtrauss), cujo pai morreu recentemente, deixando-lhe como herança um açougue. Casado, pai de quatro filhos, Aaron resolve abrigar, num quartinho do açougue, um jovem estudante chamado Ezri (Ran Danker). O crescente tempo em que passam juntos faz nascer sentimentos maiores entre eles e gera desconfiança da população e da família de Aaron.
Com ritmo desacelerado, a película mostra o cotidiano judaico e trás à tona a discussão da homossexualidade inserida naquela cultura de maneira cuidadosa e muito madura.
Os personagens secundários transparecem dureza nas relações interpessoais dos judeus, que falam pouco e quase não se tocam.
A escolha de um açougue como cenário principal não foi à toa. Existem mensagens abertas ali, o que permite inúmeras interpretações e discussões sobre a visão do diretor e do roteirista, mas traduzir o título como Pecado da Carne foi um equívoco imenso, pois faz piada infame em cima de um assunto sério e implicita um pré-julgamento de si próprio, o que não é o caso.
Julgamento, aliás, é um dos motes da história, que baseia-se em preceitos religiosos e culturais para demonstrar até que ponto vai a covardia e a ignorância humana. Tudo isso advindo de todos, inclusive do protagonista, retrato da privação dos desejos - e provável consequente felicidade – pela crença no pecado. Seria justo usar de bom senso para proteger a família, reprimindo sentimentos e se autoflagelando?
O fato é que o diretor consegue levantar questões tabus sem agredir a cultura judaica, com um filme honesto e delicado, de final forte e que suscita reflexão.
Um frase essencial, dita no filme, pode responder a polêmica questão epicêntrica ali retratada: “Deus criou a luxúria para a catarse da alma”. Reflitam.
Trailer:
(Einaym Pkuhot, Israel/Alemanha/França, 91 minutos, 2009)
Dir.: Haim Tabakman
Com Zohar Shtrauss, Ran Danker
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