O esquema é o basicão: linearidade, pessoas depondo e como em todo documentário sobre cantores, muita música (dessa vez com a mistura de reggae, rock e ska que marcou a banda, com sucessos como Óculos, Meu Erro e Alagados). O filme começa contando a história do Paralamas, como os integrantes se conheceram e formaram a banda... aquele esquema que todo mundo já conhece. Depois sai do geral para focar no particular, ou seja, em Herbert Vianna, na sua vida pessoal, passando pelo acidente que ele sofreu, de ultraleve, e que custou a vida da sua esposa, Lucy Needham Vianna, pelo tratamento de reabilitação pós-acidente, até o retorno aos shows.
Herbert de Perto não tem a função-mor que outros documentários musicais têm, que é a de mostrar a uma nova geração a história de algum importante músico nacional. A história toda é muito recente e pouca informação é nova no filme. Talvez a maior função do filme seja a construção de (mais) um herói nacional, a perpetuação de um exemplo de superação para um povo tão carente desse tipo de cidadão.
Mas é justamente esse “endeusamento” que estraga o filme. Que Herbert tem que ser mostrado como um exemplo, não há dúvidas, mas mostrá-lo como santo é forçar a barra, oras. Não entra para a edição final um depoimento sequer de alguém falando do que ele aprontou ou questionando o que realmente aconteceu no dia do acidente (até porque o erro veio de uma “gracinha” que ele fez, segundo Dado Villa Lobos relata, mas que passa batido), o que me deixou cabreiro, já que o filme não explica o acidente, deixando-nos sem direito a ter opinião.
Nos aspectos técnicos, existe um certo amadorismo, que pode ter sido proposital, para nivelar-se com as imagens antigas, com aspecto de bastidores, de “ensaio de garagem”, mas algumas cenas pediam um tratamento mais apurado, como o jogo de rosto e espelho que é feito no banheiro de Herbert, cujo zoom excessivo torna a imagem nitidamente tremida e não-artística, apesar de a intenção ser claramente a de filmar uma cena mais artística.
Outros elementos também são descuidados, a meu ver: a qualidade do som, nas imagens captadas para o filme são piores do que o som das imagens de arquivo, cuja (provável) remasterização ficou excelente. A montagem é toda incoerente: o diretor Roberto Berliner optou por deixar no filme umas cenas do Herbert assistindo uns vídeos, sendo focada sempre a sua reação ao reviver o passado, no esquema de Arquivo Confidencial do Faustão, como se fosse preciso forçar uma emoção no cara. Desnecessário e lamentável. Aí, quando chega o ápice real da emoção, com Herbert fazendo uma declaraçao de amor para Lucy, cantando uma música num dos shows de retorno, o montador vai e corta a música no meio abruptamente, sem a menor cerimônia e chance de as lágrimas se firmarem no rosto dos espectadores.
Finalizando os pontos negativos, cadê as bandas companheiras de estrada do Paralamas? Não sei nem se alguém dos Titãs ou do Kid Abelha foi procurado para falar no filme. A imagem dessas bandas é sempre tão ligada e eles mesmos sempre fizeram questão de se ligar, mas até essa raiz o diretor arranca do público.
Apesar das falhas como documentário, o filme trás momentos bons, como a apresentação de Herbert no Hospital Sarah Kubitschek, onde se reabilitou, e a sequência impagável da composição da música “Uma Brasileira”, com Carlinhos Brown compondo e Herbert convidando Djavan para gravar a música com eles. Genial.
Herbert de Perto é um documentário engessado no próprio formato. É bem agradável de se assistir, mas não acrescenta em nada sobre o que já sabemos sobre o Paralamas e seu vocalista.
Foi divertido assistir? Foi. É um bom filme? Não.
Trailer:
Herbert de Perto
(idem, Brasil, 94 minutos, 2009)
Dir.: Roberto Berliner e Pedro Bronz
Nota 5,5
3 comentários:
Sem contar que veremos o Herbert COM CABELO.
E ele era bem filho da puta que foi comer a mulher do amigo, Leoni, que na época era a Paula Toller.
Com cabelo e com aquele óculos de fundo de garrafa horrível, Celina!
Gabriela, eu sei que ele já teve um caso com a Paula Toller, mas não sei se foi simultaneamente ao namoro dela com o Leoni. Mas isso eu deixo pras revistas de fofoca investigarem.
Beijos pras duas!
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