Preparados para assistir a um dos melhores filmes deste ano? Pois então corram para os cinemas, que o tal filme é Distrito 9 e estreia nesta sexta-feira em todo o país.
A situação é a seguinte: há 20 anos, uma gigantesca nave espacial pairou sobre Johanesburgo, capital da África do Sul. Como estava defeituosa, milhões de seres alienígenas foram obrigados a descer à Terra e foram confinados pelos humanos no Distrito 9, um local com condições piores que as de uma favela e onde são constantemente maltratados pelo governo. Pressionado por problemas políticos e financeiros, o governo local deseja transferir os alienígenas para outra área. Para tanto é preciso realizar um despejo geral, o que cria atritos com os extraterrestres. Durante este processo Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), um funcionário do governo, é contaminado por um fluido alienígena. A partir de então ele se torna um simbionte, já que seu organismo gera algumas partes extraterrestres. Com o governo desejando usá-lo como arma política, Wikus conta apenas com a ajuda do extraterrestre Christopher para escapar*.
Distrito 9 começa em forma de documentário, com alguns especialistas e testemunhas relatando os fatos ocorridos em Johannesburgo e explicando (muito bem) toda a situação. A riqueza de detalhes tanto na história quanto nos efeitos visuais impressiona. A construção da mise en scène é perfeita e aliada a um excelente tratamento de imagens “documentais” faz-nos crer plenamente de que tudo aquilo realmente aconteceu. De certa forma aconteceu, já que o filme faz uma brilhante metáfora com o apartheid (por isso a escolha por Johanesburgo como cenário).
Há uma divisão entre a parte de mockumentary e a parte de ficção do filme e isso foi necessário de se fazer, já que algumas cenas não poderiam ser mostradas como documentário, pois não seria plausível a onipresença da câmera em algumas situações.
As interpretações são fraquinhas (especialmente a da horrível Vanessa Haywood, como a esposa do cientista van der Merve), mas a mais importante salva-se, que é a do cientista Wikus van der Merve (Sharlto Copley). Tem também um especialista que depõe no documentário, mas que não peguei o nome, nem do personagem nem do ator. Alguém me tira essa dúvida? De qualquer forma, os aliens são as grandes estrelas do filme e dão de dez nos humanos.
É óbvio que o filme é cheio de cenas nojentas, vômitos, feridas expostas, unhas arrancadas, mas toda a tortura de assistir isso vale a pena, diante de tanta ação de conteúdo, regida por uma trilha visceral. É de ficar vidrado do começo até o fim.
Distrito 9 é um filme superantenado. O diretor Neil Blomkamp usa com propriedade todos os elementos em voga no cinema atual e dá-lhes aplicações que respiram novidade.
Para quem gosta de ação barulhenta, mas com muito conteúdo (aliança rara), o filme é obrigatório.
E o melhor: a julgar pelo final e pelo sucesso de bilheteria do filme, a continuação parece inevitável!
(District 9, EUA/Nova Zelândia, 112 minutos, 2009)
Dir.: Neil Blomkamp
Produzido por Peter Jackson
Com Sharlto Copley
Nota 9,3
* Sinopse: AdoroCinema.
P.S.: a quem possa interessar, há uma entrevista bem legal com o produtor Peter Jackson, no Omelete.
9 comentários:
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Sério que é bom assim?
To querendo aproveitar essas segundas de promoção. Tava pensando em ver hj Tá Chovendo Hamburguer e Bastardos Inglórios e, segunda que vem, Salve Geral e (talvez) Distrito 9. Qq 6 achao?
Gostei do filme até certo ponto. Depois acho que ele se torna muito enfadonho e começam aquelas pirotecnias americanizadas. Começa aquele efeito de tudo é possível. Mas... o importante é que o filme apresenta algumas discussões interessantes em termos de construção social. As perspectivas que cambiam de acordo com a visão e o objetivo do sistema em que vivemos.
Abraços
Vc ta de sacanagem em dizer que esse filme é bom.
gostei muito do filme, a sensação de realismo quando se assiste é sensacional. Foi isso mesmo que você disse: a gente fica vidrado do começo ao fim. Agora quem não gostou porque começa uma ação americanizada, deveria lembrar que antes de tudo o filme é cinema espetáculo e quem foi achando que ia ser um ficção cult a lá 2001 ou Solaris(versão antiga) se engana.
Celina, já foi ver? O que achou?
Rodrigo, a intenção do diretor e produtor do filme era justamente a de incentivar a discussão dos aspectos sociais num público desacostumado a isso, então essa foi uma ótima maneira de fazê-lo. Mas seria enfadonho para um público desneurado assistir um filme de conteúdo sem as pirotecnias para suavizar...
Anônimo, não respondo mais anônimos.
Fiuduarte, concordo plenamente com você, como já expliquei aí pro Rodrigo!
Abraço a todos!
Legal o ponto de vista de vcs. Mas Fred, essa discussão ai dá pano pra manga. Algo do tipo "Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?". Partir sempre do princípio de que todo mundo é "desneurado" e de que tudo precisa ser mastigado antes de ir à boca do telespectador reforça mais ainda o "desneuramento".
Valeu
Abraços
É tudo uma questão de educação do público, Rodrigo. É como os professores colocarem os alunos pra lerem Machado de Assis no primário. Quase ninguém gosta. É preciso primeiro educá-los para a leitura, para depois fazê-los entender e discutir livros mais rebuscados.
Entende? Não é reforçar o desneuramento. É incentivar a intelectualidade.
Eu vejo o copo meio cheio! =)
Hummmm... não acho que as coisas sejam tão simples assim. Existem tanto outros fatores que estão dentro da questão. A ideia da "Indústria Cultural" de Adorno talvez fosse um bom ponto de partida para uma bela discussão. É importante suscitar uma crítica à sociedade de mercado que não persegue outro fim que não o do progresso técnico e a incrementação das bilheterias. Ou até mesmo os "Apocalípticos e Integrados" de Humberto Eco. Conversemos também com Michel Melamed, e vc veremos uma defesa contrária à lógica subversiva do "mastigável". Enfim, caberiam tantos outros pontos de vista aqui (que veja bem, não são os meus, mas sim de alguns estudiosos que realmente se aprofundaram no tema) que talvez tivéssemos que sentar e conversar.
Mas é legal essa discussão. Parafraseando: não quero ver o copo nem meio cheio, nem meio vazio. Quero que me deixem preencher o copo com minhas próprias mãos. Porque é sempre bom lembrar que "um copo vazio está cheio de ar".
Abraços
:)
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