Sinceramente, não entendi as críticas positivas que Aquele Querido Mês de Agosto recebeu. Ou eu sou burro e não entendi o recado ou então vimos (os críticos favoráveis e eu) filmes diferentes.
O filme, do português Miguel Gomes é uma mistura de um bando de coisas. Tem cenas de ficção, outras partes de documentário e em ambas as situações, fala sobre o “fazer filme”. Digamos que trata-se de um pseudomockumentary metalinguístico. Haja falsidade (no bom sentido)!
Começou a sessão. Somos introduzidos à Festa dos Pardieiros, com uma banda começando a tocar. A luz vai embora e depois de uns segundos, volta e a câmera estática filma o evento vazio, a música retornando ao fundo e aos poucos alguns casais tomam o pequeno espaço de dança, ao som brejeiro, espécie de bailao sertanejo portuga que rege a cena e que permeará todo o filme.
Corta para uma locutora de rádio, introduzindo as atrações e anunciando que a rádio está apoiando a produção de um filme, cuja equipe está na cidade. Dá-se início à metalinguagem, com o produtor discutindo com o diretor a má execução do projeto cinematográfico, que intenciona ser uma versão de terror de Chapeuzinho Vermelho, na Mata da Margaraça (vilarejo português).
Essa sequência inicial é genial. Particularmente, ri muito da locutora de rádio, com seus vícios de narração e a falta de controle do painel de som. Naturalmente impagável.
A partir daí, o filme desvia-se de caminho e vira um documentário musical que acompanha uma banda, a Estrela Dalva, em sua turnê pelo interior de Portugal. A música é muito chata e escutá-la por duas horas e meia é quase um tortura. A história da versão de Chapeuzinho Vermelho (que eles chamam de Capuchinho Vermelho) fica esquecida e jamais retomada.
Para gostar do filme, é preciso preencher muitos requisitos: gostar de música brega/caipira, gostar de experimentalismo (já que a estética do filme causa estranheza em quem não tem costume de assistir filmes beeem alternativos), gostar da estética de documentários caseiros interioranos e ter muita, mas muita paciência. Eu até gosto desses elementos, mas todos juntos por tanto tempo e sem um atrativo maior ficou uma mistura muito chata, quase insuportável. Muita gente saiu da sessão na metade (compreensível), mas alguns teimosos como eu, que sempre acham que algo pode acontecer e o final pode ser bom, ficaram até o final, mas as caras de cada um ao subir dos créditos não era muito satisfatória..
E toda a esperança e disposição de pôr um filme português entre os melhores do ano esvaiu-se no decorrer de longos e frustrantes 147 minutos.
Entrei no cinema com a expectativa de assistir a um top e deparei-me com um bottom. Uma pena.
Trailer
Aquele Querido Mês de Agosto
(idem, Portugal, 147 minutos, 2009)
Dir.: Miguel Gomes
Nota 3,0
4 comentários:
Tenho lido realmente ótima críticas sobre este filme, sobretudo pelo caráter experimental. Mas seu texto me desestimulou um pouco, mas ainda espero assistir, mas sem o entusiasmo de outrora.rs
Caíque, acho que o meu texto fez foi te ajudar, porque assistir esse filme esperando uma obra prima é uma furada.
Talvez por isso eu tenha rejeitado tanto, já que ele foi ovacionado como tal e não o é nem de longe.
Mas tem quem goste. Quem sabe você não seja uma dessas pessoas.
Mas olha, sinceramente, tem um monte de coisas melhores passando.
Abraço!
Esse filme tem um título tão bonito...
Mas perdi a vontade. Inclusive pq acho que já saiu de cartaz, haha.
O título é bonito, mas é só, Celina.
E infelizmente ele ainda não saiu de cartaz...
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