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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Alô, Alô, Terezinha!

Alô, Alô, Terezinha! Queremos emanar o espírito do Programa do Chacrinha!

Esta pareceu ser a intenção de Nelson Hoineff ao fazer este documentário, sobre um dos maiores comunicadores de massa que o Brasil já teve. Chacrinha era inovador, polêmico e com um apelo popular sensacional. Tudo que era lançado em seu programa virava sucesso instantaneamente. E se ele quisesse, virava fracasso na mesma velocidade.

O problema é que o filme roda, roda, mas não “avisa” nada. Apenas recapitula algumas situações do programa de calouros, registra depoimentos de ex-chacretes, jurados e até alguns candidatos que levaram diversas vezes o Abacaxi (prêmio dado aos que cantavam mal) para casa. Mas deixa de lado o que deveria ser sua razão de existir e o que atrairia a maior curiosidade das pessoas: quem foi Abelardo Barbosa, o homem por trás do Chacrinha? Se você tem esta curiosidade, vai continuar com ela.

O documentário preocupa-se mais com as fofocas que rondavam o programa, quem pegava qual chacrete, com quem o apresentador teve um caso, se havia prostituição ou não nos bastidores, quem era a tal Terezinha do bordão, etc. Todas as perguntas que já foram exploradas anteriormente e que nunca tiveram resposta definitiva. E continuarão sem resposta, porque nada é esclarecido no filme, continuando a povoar o âmbito da fofoca.

Não há sequer uma explicação sobre o que era o programa, quem era o sujeito, qual era o contexto social e político em que estava inserido, nada disso. Parte do pressuposto de que sobre isso todos já sabem, mas esquece de que o maior público de cinema é jovem e que boa parte desse público desconhece do assunto.

Depois de rever tanta gente que já fez sucesso, a imagem que fica é a imagem da decadência. Se era para ser um filme pra cima, falhou. Fiquei mais deprimido do que alegre.

Mas nem tudo está perdido: o diretor acertou ao reviver algumas situações do programa, colocando alguns artistas fazendo “pataquadas” (Elke Maravilha, Fafá de Belém, Wanderley Cardoso e Biafra, numa cena simplesmente impagável) e indo às ruas reviver o show de calouros, com os ilustres desconhecidos do programa.

De resto, salvam-se umas entrevistas preciosas e raras, como as de Roberto Carlos e Dercy Gonçalves.

Alô, Alô, Terezinha! é apenas uma pequena homenagem à figura lúdica do Chacrinha, mas este papel um programa especial da Globo cumpriria muito bem, sem precisar explorar o nosso dinheirinho para o ingresso.

Nelson Hoineff pisou em ovos para não desmistificar a figura do comunicador, mas se deu mal. Várias buzinadas e um grande abacaxi pra ele!


Trailer

Alô, Alô Terezinha!

(idem, Brasil, 96 minutos, 2009)

Dir.: Nelson Hoineff

Nota 5,7

Saiba se o filme está em cartaz na sua cidade!

3 comentários:

Michel Toronaga disse...

Oi Fred! Valeu pelo toque do FIC tbm! Adicionei seu blog nos meus links! Abraços :)

Amanda Aouad disse...

Ah, Fred, acho que você pegou pesado demais. Eu curti o filme, dei muitas risadas, há a questão de decadência, sim, principalmente das Chacretes, mas há o saudosismo e a felicidade de estar ali relembrando a época. Quanto a não ser uma biografia, foi uma opção. Um documentário não precisa, necessariamente resgatar a história, a vida de ninguém, depende da proposta. Aliás, eu pessoalmente estou cansada desses documentários biográficos brasileiros. Adorei quando veio Coração Vagabundo com outra proposta. Alô Alô Terezinha pretende exatamente recriar o clima de assistir a um programa de Chacrinha, as figuras pitorescas, o Russo (o depoimento dele foi emocionante), as brincadeiras com Elke e Fafá, as músicas, enfim. Não é o melhor filme de todos os tempos, mas eu me diverti bastante.
(sorry, falei demais, mas é que eu queria expor a minha visão :p)
bjs

Fred Burle disse...

Valeu, Michel! Tomara que você consiga. Adicionei-te aqui, mas seu blog não tem RSS. De qualquer forma, o link ficou aqui, para eu passar por lá de vez em quando.

Amanda, minha maior queixa não vem do fato de não ser uma biografia, mas sim de que, do jeito que foi (mal) feito, não precisava ser filme. Tudo bem que propunha-se a ser um revival do espírito do Programa do Chacrinha, mas nem isso conseguiu, porque de engraçado só tinha a sequência de uns 3 minutos, com Elke, Fafá e Biafra. De resto, nem o depoimento do Russo me emocionou, porque àquela altura, eu já estava achando tudo uma forçação de barra.
Aquele trecho final, com os artistas declarando amor ao cara, chorando, é praticamente implorar ao público que se emocione com o filme. Apelação desnecessária.
Não é que o filme seja péssimo (tanto que minha nota não foi tão baixa), mas é que os pontos ruins sobrepuseram os pontos bons, por isso a crítica ficou mais "pesada". Eu tinha poucos pontos bons para falar do filme.
Enfim, também falei demais! rsrs
Beijo!

P.S.: também adorei a proposta de Coração Vagabundo. Ficou um bom filme e fugiu do padrão de biografias que têm sido feitas no Brasil.

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