Em janeiro desse ano, li o preview 2009 na Revista SET e quando vi que teríamos uma nova adaptação com Doutor Spock e cia, imediatamente pensei: “Que saco! Lá vem esse povo querendo nos enfiar guela abaixo e bolso afora mais uma 'reinvenção' medíocre". Fui cético quanto ao filme e já tinha me decidido a não assistí-lo, até que começaram a surgir tantas boas críticas a respeito e J. J. Abrams (o diretor) declarou não ter acompanhado e nem ser fã da série, portanto iria fazer algo que agradasse aos fãs, mas que não excluísse aqueles que nada entendem de Star Trek. Mudei minha decisão. E não me arrependo.
O filme conta a história do começo de tudo (que novidade nas adaptações atuais), quando o jovem James Tiberous Kirk recebe o convite para participar do treinamento para integrar a Frota Estelar. Isso porque ele é filho de George Kirk, o cara que, no dia do seu nascimento, decidiu não vê-lo nascer para salvar milhares de humanos do ataque dos Krigons (ou romulanos, os vilões), sacrificando a própria vida e tornando-se herói. No centro de treinamento, Kirk conhece aquele que será seu maior desafiador: Spock, que decidiu abandonar seu planeta por se sentir rejeitado pelo fato de ser filho de um Vulcano (espécie em extinção) com uma humana. Um é completamente avesso ao outro, mas terão que se aturar em sua primeira missão na nave Enterprise: tentar impedir os romulanos de destruir os planetas com a chamada “Perfuratriz”, parafernália usada para “implodir” os planetas.
O que se vê na telona é um show de efeitos, trilha sonora adequada (reutilizando inclusive a música original), ótima mixagem e edição de som (com ressalva apenas para o som do veículo utilizado por Kirk, extraído por completo de Star Wars), bom elenco e direção.
J. J. Abrams (diretor da série Lost e produtor de Cloverfield) prova que tem feeling para fazer sucesso. Comparando com Watchmen, por exemplo, em que Zack Snyder jogou-nos informações até o fim do filme, sobrepondo algumas e deixando outras cheias de pontas, aqui o diretor soube lidar com o emaranhado de informações, fornecendo-as quase todas no início do filme, mas desenvolvendo-as bastante até o final, quando tudo se amarra, sem deixar o espectador confuso. Além disso, fez e aconteceu na produção, teve quem quis no elenco (descartou Matt Damon para o protagonista, por achar velho demais pro papel) e concluiu o filme sem maiores interferências do estúdio, a Paramount, cuja maior intervenção foi quanto a data de estréia, seguindo o exemplo da Warner (no caso do sexto Harry Potter), adiando de novembro de 2008 para maio de 2009, já que a concorrência no verão desse ano será menor, por causa da defasagem de produção causada pela greve dos roteiristas, no ano passado.
O elenco foi bem escolhido (ao contrário de outro blockbuster da temporada, Wolverine), à exceção do papel de James Kirk (Chris Pine é um cara esquisito, de lábios leporinos que dão agonia, pele originada por vulcões e interpretação mediana), com destaque para os papéis cômicos de Anton Yelchin (russo de sotaque hilário, o mais jovem tripulante da nave Enterprise) e Simon Pegg (o desastrado Scotty, trazido para a nave por Kirk, numa de suas excursões ao futuro), além de Leonard Limoy, obviamente à vontade no papel que até então era só seu, o Dr Spock, que agora o interpreta quando velho, passando sua versão jovem para o estreante em cinema Zachary Quinto.
Ainda é cedo para dizer, mas acho muito difícil que outro filme tome o Oscar de efeitos visuais deste aqui, que são incríveis e com um acabamento invejável (ao contrário de Wolverine, de novo!). A cena de implosão de um dos planetas é belíssima. Fiquei imaginando assistí-la (assim como todas as cenas de galáxia) em 3D, pois amplificaria ainda mais a sensação de êxtase que tive, de ser devorado pela grandiosidade das imagens.
O filme se encerra com o texto que introduzia os capítulos da série e deixa um gosto de “quero mais”.
“Vida longa e próspera”, deseja o velho Dr Spock ao jovem Kirk em certa altura do filme. “Vida longa e próspera”, desejo eu à franquia que se reinicia.
Ficha:
Star Trek
(EUA/Alemanha, 126 minutos, 2006)
Dir.: J. J. Abrams
Com: Chris Pine, Zachary Quinto, Leonard Limoy, Eric Bana, Simon Pegg, Winona Ryder...
Nota: 8,2
10 comentários:
Fred, tive grandes problemas com ficção científica durante toda minha vida, tirando Stargate (há muito tempo atrás) e o LIVRO (que fique bem claro) Solares, nunca fui muito fã, mas como sempre, com seu trabalho de incentivador, você me leva ao cinema. Essa semana mesmo levarei os picuruxos daqui de casa para assistir ao filme! Obrigada novamente pelo trabalho incrível que está fazendo.
Oi, Carol!
Muito obrigado pelas palavras!
Que bom que o objetivo está sendo cumprido! Fico muito feliz!
Beijão =*
Vida longa e próspera!!
Adorei ver o filme com vc. Só uma correção: o Spock é Mr., Dr. é o McCoy, o médico.
Este´filme é belíssimo. Espero que muitos venham depois dele.
Fredzinho, como sempre,não entendo muito (alias,nao entendo nada) desses filmes que vc fala aqui... mas quero ver Madame Satã. Vc tem? E como faço para ver o Palavra Encantada? Fui com a Carol num show em homenagem à Carmem Miranda e o apresentador falou deste último filme. Onde vejo? Bjins
Oxi, desde criança escuto as pessoas dizerem Dr Spock. Vai ver sempre fui louco e escutava errado. =P
E a temporada de verão hollywoodiano só está começando...
Bethinha, tenho Madame Satã sim.
Palavra (En)cantada está em cartaz somente no CineAcademia.
Mas vale o esforço de ir lá.
Bjo!
A questão só é que o filme não é o início da série, e sim uma espécie de "realidade alternativa"(segundo alguns loucos, a série original seria a realidade alternativa do filme o.0). Algo que teria acontecido caso o pai dele tivesse morrido; Fora isso muito bem embasada a crítica. Seu blog é ótimo! Beijão!
Valeu pela ressalva, Cassi! Quanto a isso, eu realmente não poderia opinar, já que não assisti à série.
E obrigado pelo elogio também! Egos massageados rendem posts melhor escritos! rsrs
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