Contracorrente foi o escolhido do Peru para concorrer a uma vaga no Oscar de filme estrangeiro deste ano, mas foi eliminado logo na primeira etapa de seleção – junto com Lula, o Filho do Brasil. Sem uma campanha maciça como a de um Brokeback Mountain, seria muita ousadia a academia selecionar um típico representante GLBT independente.
O filme tem como protagonista Miguel, um pescador prestes a ter o primeiro filho. Ao mesmo tempo que está feliz por construir uma família com a esposa, Mariela, vive um romance com um pintor que aportou há algum tempo na região.
Usando de fantasia à Jorge Amado e se aproximando às histórias deste também pelas locações praianas, Contracorrente funciona um pouco como um Dona Flor e Seus Dois Maridos às avessas. O diretor e roteirista Javier Fuentes León constroi uma grande metáfora do sentimento gay, de só se sentir à vontade ao lado do parceiro, perante à sociedade, quando se está a sós. A possibilidade da sociedade reagir a um casal homossexual com naturalidade e almejada indiferença é bem explorada pelo fator fantástico, que clichê ou não, piegas ou não, neste caso é útil.
Admira-se a ousadia de Cristian Mercado e Manolo Cardona em protagonizarem tórridas cenas entre si, mas infelizmente não é sempre que convencem. As coisas vão muito bem, mas só até o ponto em que a emoção precisa aflorar e tomar o público e são nestes momentos cruciais que eles falham. Ainda assim, no frigir dos ovos e com um pouco de boa vontade, releva-se.
É bom saber que o gay no cinema, ao contrário da tevê, já deixou de ser tratado estereotipadamente há algum tempo e é ainda melhor ver que bons produtos têm vindo até de terras de pouca tradição em cinema. E que bom saber que nem só de Claudia Llosa vive o cinema peruano.
Trailer:
(Contracorriente, Peru, 100 minutos, 2009)
Dir.: Javier Fuentes-León
Nota 7,0
3 comentários:
Quero ver! Muito...
Magno, tomara que encontre. É bonzinho, apesar de estar aquém de boa parte das produções GLBT têm sido lançadas atualmente.
"no frigir dos ovos" foi f...
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