Apesar de não ter alcançado – pelo menos por enquanto – êxito expressivo no cenário comercial, O Garoto de Liverpool tem configurado-se como a principal cinebiografia de John Lennon.
Depois de mais de uma dezena de outros filmes com o astro do rock como epicentro, esta obra emerge sob a promessa de contar “a história não contada” sobre ele. O roteirista Matt Greenhalgh, que também assinou o roteiro do elogiado Control (cinebiografia sobre Ian Curtis, do Joy Division), concentrou a trama na adolescência de Lennon, quando ele tinha dificuldades de integração nos colégios que passou e um relacionamento conturbado com a mãe e com a tia, que foi quem o criou.
O filme inicia-se quando da morte do tio, George, passando pela primeira banda (The Quarrymen), o início de amizade com Paul McCartney (interpretado por Thomas Sangster, o garotinho de Simplesmente Amor), até a ida para Hamburgo, na Alemanha, onde ele iniciou definitivamente a carreira.
Nas mãos da diretora Sam Taylor-Wood, o filme assume contornos sutis e é contado de maneira extremamente agradável, com muita música – não esperem ouvir nada dos Beatles – e ritmo constante, com os seus diversos ápices bem distribuídos, o que não deixa o espectador desviar a atenção do que se passa na tela, do começo ao fim.
Talvez por ser inglês, envolver música e uma história de determinação e crescente alcançar dos sonhos, além do dinamismo da montagem, o filme (estranhamente ou não) guarda suas semelhanças com o excelente Billy Elliot (2001).
Estranha apenas me pareceu a escolha de Aaron Johnson (Kick Ass) para interpretar o protagonista, já que o mesmo não guarda semelhanças físicas e nem entrega um estouro de interpretação que o justificasse como John Lennon. Ele apenas segura bem o rojão, mas fica a impressão de que diversos outros atores fariam melhor.
Continuando uma sequência impressionante de boas interpretações, está Kristin Scott Thomas (Há Tanto Tempo Que Te Amo), esplêndida, com uma segurança que poucos artistas chegam a ter e que cativa e torna densa e absurdamente humana a tia de John Lennon, Mimi, personagem que tinha tudo para ser retratada como a vilã da história, mas o que a motivou é tão plausível e o julgamento, tanto dela quanto dele e a mãe dele, fica aberto a discussões, o que é bastante saudável. Saudável como o desenvolvimento útil e coerente dos personagens que o cercam, não ficando limitado à figura central.
As sequências de transição, regidas por muita música boa, dinamizam a história, que segue numa linearidade paradoxalmente crescente. A vontade de ouví-lo como o famoso John Lennon vai aumentando à medida que ele faz suas descobertas musicais e conhece cada membro da banda, desde os que abandonaram a carreira, até os dois que compuseram os Beatles, Paul Mccartney e George Harrison – Ringo Star não chega a aparecer no filme.
Bem acabado tecnicamente, serve como registro de uma versão dos fatos e uma singela, divertida e interessante homenagem a um dos grandes ícones do rock mundial.
Trailer:
(Nowhere Boy, Inglaterra/Canadá, 96 minutos, 2009)
Dir.: Sam Taylor-Wood
Com Aaron Johnson, Kristin Scott Thomas, Anne-Marie Duff, Thomas Brodie Sangster
Nota 8,5
8 comentários:
Realmente estou curioso,primeiramente por ser fã não só de John Lennon,como também dos Beatles.Sem contar que o elenco é bem interessante,gosto muitissimo de Aaron Johnson e Kristin Scott Thomas despensa qualquer comentário.
Abraços
Sua cobertura do Festival do Rio por Belim tá ótima, parabéns, melhor que muito blog carioca...
bjs
Ah, estou muito afim de ver este. Gosto de cinebiografias, não perco este por nada!
Fred, muito obrigado por me alertar. Verifiquei e realmente, era o meu texto, o pior é ver que ele assinou como se fosse dele, fala sério!
Bem, comentei e espero que ele se "toque", afinal plágio é crime...
E mais uma vez, obrigado!
Fred, bem, comentando de novo ... estou olhando aqui, ele não copiou apenas um, "Gran Torino" também é meu, mas ele colocou uma linda da autoria dele, cara, que ordinário!
se for igual ao filme do Ian dury...putz !
Cara, eu também estou MUITO curioso pra ver isso. Assim que assistir volto pra dar minhas impressões.
muito dahoooooora
Leo, com todos esses quesitos que você enumerou, tenho quase certeza de que irá gostar.
Amanda, muito obrigado. A cobertura é modesta, mas o esforço é grande!
Alan, não perca. Muito bacana mesmo. E mais uma vez, de nada! Conseguimos eliminar um vírus!
Ninhodamente - vou aguardar o retorno, hein?!
Abraços
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