Inspirado na obra homônima de Jean-Jacques Sempé e René Goscinny (que também é um dos autores do roteiro), O Pequeno Nicolau trata do universo e dos medos infantis, especialmente daqueles medos advindos da escuta de conversas entre adultos, deturpadas pela mente fértil das crianças.
Neste caso, Nicolau entende errado uma conversa entre seus pais, o que o leva a crer que uma irmãozinho está a caminho e que assim que o mesmo nascer, ele será abandonado numa floresta. Começa então, execução de um plano maluco para “sequestrar” o irmão de Nicolau. Para tanto, o menino contará com a ajuda dos seus amigos de escola, um grupo cheio de tipos – ou estereótipos, chamem como quiser.
O filme inicia-se com a fórmula batida – e desta vez nada engraçada – de apresentar o personagem central (Nicolau) e aqueles que o cercam, através da narração metida a engraçadinha do próprio protagonista (interpretado por Maxime Godart, um garotinho de atuação superficial e nada convincente).
Com direção bem intencionada e divertidos cenários cubistas e multicoloridos (o que me fez lembrar da teatralidade de Jacques Tati), o que falta a O Pequeno Nicolau é timing para a comédia. Muitas piadas não funcionam, por pura inocência do roteiro e ineficiência da montagem que, se cortada no momento certo, surtiria muito mais efeito.
Além disso, a trilha sonora é inadequada e demasiadamente sombria, aspirando a megalomania das orquestras barulhentas e sensacionalistas dos filmes norteamericanos, o que não combina com o cinema francês.
Apesar disso, não deixa de ser um filme simpático, principalmente por alguns personagens carismáticos, como o “amigo burro” da turma (Clotário, interpretado por Victor Charles), os pais de Nicolau, vividos pelos competentes Kad Merad e Valérie Lemercier e uma aparição muito bem vinda, de Gérard Jugnot, repetindo brevemente o papel que fez em A Voz do Coração.
Assisti este filme com uma amiga e o que ela me disse foi: “este sim é um filme bom: não tem tragédias, as crianças não são coitadas e não há nada que agrida o público”.
Pode até ser, mas eu não posso deixar de acrescentar que O Pequeno Nicolau é mais um filme de batutinhas bem bobinho, só que com o charme e a nostalgia da França da década de 50.
Trailer:
(Le Petit Nicolas, França, 90 minutos, 2009)
Dir.: Laurent Tirard
Com Kad Merad, Valérie Lemercier, Sandrine Kiberlain
Nota 5,5
7 comentários:
Realmente não me chamou a atenção.
Parece mais uma sessão da tarde de qualidade relativa.
Devo conferir para por algo no meu blog sobre o filme.
Abraços!
Não sei se é o caso, pois não assisti ao filme em questão, mas gosto dos filmes de tratam a infância com simplicidade, mas sem gratuidade. Exemplos são as animações do japonês Hayao Miyazaki.
Bruno, é bem sessão da tarde mesmo. Engraçadinho, mas ordinário.
Mateus, este é simples e não é gratuito, mas não chega aos pés dos filmes do Myiazaki. Aliás, Ponyo vem aí e adianto-te que é muito bom!
Abraços
O filme é bom demaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiissssssssss!!!!!!!!
Amei!!!!!!!
Ri muito também!!!!!
Só tinha adultos na plateia e todo mundo ria o tempo todo!!!
Um amigo meu ficou com a boca doendo de tanto rir!!!
Recomendo para todos!!! Vi o filme 2 vezes!!!
A produção é destinada ao público infantil (pré-adolescente) e atinge seu alvo em cheio, sendo, por isto mesmo, excelente. Para poder melhor avaliar, o expectador adulto deve vestir na entrada da sala as lembranças do que ele era quando criança, para assim poder ver com estes olhos. Foi assim que consegui reviver alguns sonhos da minha infância de há muito ida.
O filme 'e mesmo destinado ao publico infantil. A historia pode ser de batutinhas, mas o charme (grande parte gracas a fotografia) do filme o torna literalmente charmoso. Gostei de ideais como a do "liquido para ficar forte", cena muito criativa e nostalgica. Tambem gostei do filme ter um plot final (quando o irmao na verdade 'e uma menina), que alem de ser imprevisivel, da algum sentido para a presenca da "amiguinha" de Nicolas no filme.
Mas nao gostei da reacao causada quando os pais revelaram que a mae nao estava esperando um filho, pois foi tudo muito rapido: grande parte do filme era apoiado no dilema de Nicolas em ter um irmao, e quando ele descobre q n tera, ele simplesmente diz que quer ter um irmaozinho (e logo dps a mae fica gravida). Achei tudo muito rapido, a resolucao da descoberta muito rapida.
Fora isso, gostei do filme.
Marcus, quanta empolgação! Que bom que você gostou. Pena não ter sido o meu caso.
Gilberto, eu costumo vestir a camisa da infância quando vou assistir esses filmes, mas neste caso, não obtive o resultado que gostaria.
Patrícia, acho ótimo que tenha gostado e acho ainda melhor que tenha percebido que o filme tem seus defeitos.
Abraços a todos!
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