Uma mulher de meiaidade (Ana Lúcia Torre), ex-taxidermista, mata o marido com a ajuda de um liquidificador falante. Vai à polícia dar queixa sobre o desaparecimento do dito cujo, com quem viveu durante 40 anos, mas logo é tida como a principal suspeita do crime.
Reflexões de um Liquidificador é uma mistura de O Cheiro do Ralo com Estômago, ambas referências muito boas, mas com características singulares e marcantes que deixam de funcionar a partir do momento que repetidas. A fotografia e os cenários de tons sépias, a trilha sonora com os assobios do liquidificador, o estilo de comédia fantasiosa, com doses altas de surrealismo, não há nada que não possa ser remetido aos aqui influentes.
A excentricidade que fez bem aos outros filmes até que fez bem a este aqui também, mas não me sai da cabeça que esta poderia ser uma ótima história de terror. A morbidez do tema, a interpretação contida e medonha – isto é um elogio – de Ana Lúcia Torre, aquela casa sombria e aquele detetive asqueroso. Mesmo com o óbvio motivo de risada que é aquele liquidificador falante, consigo ver ali uma história de terror horripilante. Mas enfim, terror brasileiro não vende. Comédia sim – o que também não foi o caso desta, com distribuição limitada, pouca divulgação e consequente baixo público.
Apesar de não fazer rir como poderia, a história criada por José Antonio de Souza e dirigida por André Klotzel é diferente e interessante. As tais reflexões do liquidificador são boas e, especialmente quando ele reflete sobre o corpo humano no fim do filme, bem organizadas, o que nos faz até levar a sério um aparelho pensante.
A dublagem do liquificador fica por conta de Selton Mello e o filme ainda conta com a participação da divertida Fabíula Nascimento (Estômago) e Germano Hauit (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias). Ah, sim! O longa ainda trás uma ponta da esquecida Gorete Milagres – aquela, do bordão “Oh, coitado!”.
Trailer:
(idem, Brasil, 80 minutos, 2010)
Dir.: André Klotzel
Com Ana Lúcia Torre, Germano Hauit, Fabíula Nascimento, Selton Mello
Nota 6,5
7 comentários:
ta na minha lista p ver em julho.
eu vi uma palestra com o diretor e fiquei desmotivada, mas as pessoas tem falado bem. vou ver!
Que loucura,
um liquidificador capaz de ter reflexões sobre as coisas ao seu redor. Muito louco mesmo! É uma pena que os filmes brasileiro, a maioria deles, não são bem divulgados.
Do novo seguidor deste blog,
Iguinho.
Submarina, agora fiquei curioso para saber o que ele disse para ter te desmotivado...
Iguinho, é uma pena mesmo. Este aí, mesmo não sendo uma maravilha, tinha potencial para um público razoável, se fosse divulgado.
Espero você por aqui mais vezes.
Abs
Eu vi e gostei muito. Concordo com a semelhança com Cheiro do Ralo e Estômago, mas acho que isso não fez mal ao filme.
Também gostei de ter descambado para a comédia. Os atos da [ótima] Ana Lúcia Torre não seriam, suponho, se vestidos com a capa do estilo terror. Bom mesmo foi vê-lo contado como história. Me pegou como espectador. Fiquei do lado dela e fiquei aliviado qdo o liquidificador conseguiu triturar até as partes mais improváveis daquele "suco" rs.
Adoro o Selton. Acho que ele foi ótimo. Mas às vezes cansa. Dá a impressão que o cinema brasileiro tem, basicamente, ele.
Um abraço!
inconstanteblog - também gosto do Selton, mas concordo que cansa. E que exagero seu! O cinema brasileiro ainda tem Lázaro Ramos e Wagner Moura - olha quanta variedade! (just kidding)
Abraço
eu apenas achei o filme sensacional, e não conseguir evitar assobiar ao sair da sala! e também fantástica a Ana Lúcia Torre, uma surpresa: sempre pensava como aquela senhorinha que faz televisão.
e confesso que o que realmente me levou a assistir o filme foi o cartaz.
Cara, vc é mesmo incrível: conta o final do filme na sua "crítica"? Que doideira é esta? REvelar o inusitado é uma sacanagem. O filme é fantástico! Merece ser visto! Mas vc tirou o suspense dele. Que coisa
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