Vencedor de três prêmios no Festival de Veneza 2009 (entre eles o Leão de Ouro), Líbano foi escolhido para representar Israel no último Oscar, mas a opção não obteve êxito, principalmente por ser inevitavelmente comparada a outra produção concorrente neste ano, Guerra ao Terror (vencedora de melhor filme e melhor direção, entre outras categorias).
Utilizando a câmera como recurso narrativo primordial para atingir as sensações almejadas, o filme se passa inteiramente dentro de um tanque de guerra da tropa israelense, que invadira o Líbano na tentativa de fazer cessar os ataques palestinos da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Os quatro soldados que ocupam o tanque são submetidos a todo tipo de provação e são levados aos seus extremos psicológicos, diante do que vêem e das condições precárias que lhes são oferecidas.
A câmera limita-se a gravar o apertado espaço do interior do tanque e só mostra o exterior através da lente do atirador, que varia entre o verde da visão noturna e o branco da visão diurna.
A situação pode causar claustrofobia no espectador e dá agonia querer sair e ver o mundo pelo lado de fora do tanque, desejo nunca saciado pela câmera.
Inicialmente, o que vemos através da “mira” é o olhar vazio e revoltado de uns; desesperado e acuado de outros; o último suspiro de um burro e a cidade completamente destruída. Durante este período de apresentação do drama e reconhecimento do território, muitos planos publicitários são utilizados e é feito um dramalhão exagerado em cima de fatos que seriam dramáticos por si só, o que faz o assado passar do ponto.
A cena de uma mulher desesperada, que acabara de perder os familiares, olhando para a câmera durante quase um minuto inteiro, no intuito claro de comover quem está do lado de dentro do tanque – ou seja, os soldados e o espectador – é (com o perdão do trocadilho) de lascar o cano.
Depois de subestimar nossa inteligência, o filme engata um ritmo de thriller psicológico, pela constante possibilidade de que algo ruim pode acontecer e pela sensação de ter os braços atados, como um prisioneiro naquele pequeno interior.
Assim, o filme cresce como história e como narrativa, o que, aliados à estética assumida desde o início, resulta numa boa tentativa de inovação e o faz em relação a outros filmes de guerra, na medida do possível.
Mas, no sentido de fazer sentir o que sentiram os soldados, Guerra ao Terror saiu-se melhor. E no sentido de contar a história da Guerra do Líbano de 1982, outro filme israelense, a animação Valsa com Bashir, também saiu-se melhor.
Trailer:
(Lebanon, Alemanha/Israel, 96 minutos, 2009)
Dir.: Samuel Maoz
Nota 7,0
2 comentários:
pra mim o objetivo era passar pra quem viu a sensação q os soldados sentiram, e uma delas foi ficar preso dentro do tank, gostei muito, eu daria um 9, mas competir com o guerra ao terror é tenso
José, o objetivo era este mesmo. Só acho desnecessário fazer todo aquele drama inicial em cima de algo que já é dramático por si só. Com Guerra ao Terror fresquinho na memória, fica difícil não comparar, porque a intenção de ambos é a mesma. Assim, este aqui não poderia ter uma nota maior que 7, que já é uma nota boa.
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