Desde a chamada “Retomada” (movimento de recomeço do cinema nacional, em 1994, após a extinção da Embrafilme pelo governo Collor em 1991) que os filmes brazucas vinham crescendo em participação de público e bilheteria, até atingir seu mais alto patamar em 2003, quando o cinema brasileiro foi responsável por cerca de 15% das idas ao cubo mágico. A partir daí, essa média caiu para cerca de 11%, se manteve estagnada e no ano passado não atingimos nem a marca dos 10%.
Começava ali, uma ameaça de crise no setor, quando então chega 2009 e com ele grandes mudanças e um salvador dos números: Se Eu Fosse Você 2!
Seis milhões de espectadores sorridentes (sim, apesar de ser dirigido por Daniel Filho, o filme é divertido), segunda maior bilheteria da história no Brasil (só perde para Titanic) e maior público brasileiro desde a tal Retomada! E de repente, nossa participação subiu para surpreendentes 25% no primeiro trimestre desse ano, com a ajuda ainda de filmes de sucesso razoável, como O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes, O Menino da Porteira e em menor escala Verônica, Fiel e Surf Adventures. Prova de que basta uma boa divulgação e produtos feitos com um mínimo de cuidados para que tudo dê certo.
Tudo bem que dentre esses, não há nenhuma obra-prima, mas são programas agradáveis e feitos com um cuidado que muitas vezes não acontece nas nossas produções. À exceção de O Menino da Porteira e Fiel, que não os assisti, digo que fiz bons programas indo prestigiar o cinema brazuca esse ano.
E para aqueles que gostam de uma notícia fresquinha: Divã, de José Alvarenga Jr (Os Normais), estreou semana passada com um ótimo público (150 mil pessoas em 3 dias) e o boca-a-boca foi tão bem que em seu segundo fim de semana conseguiu a rara façanha de aumentar esse número, para cerca de 170 mil pessoas em 3 dias, provavelmente já ultrapassando a marca de 500 mil espectadores em 10 dias! Aliás, filme esse que indico a todos sem medo. Roteiro bem escrito, ótimos diálogos e a tríade Lília Cabral-diretor-montador que imprimem um timing impecável nas situações hilárias do filme. Sucesso merecido.
Com isso, até o final de abril o cinema brasileiro já terá vendido praticamente a mesma quantidade de ingressos que em todo o ano passado. Nada mal!
Nosso maior defeito talvez resida no fato de que a grande maioria dos produtores não vê nosso cinema como mercado, ficando apenas no comodismo de serem sustentados pelos editais de fomento do governo, se preocupando muito em produzir e pouco em divulgar. E pior ainda: gente como Daniel Filho (digo mesmo), que apesar de ter nas mãos uma sequência cujo sucesso era garantido, resolveu não arriscar dinheiro da sua produtora Lereby e fez o filme com verba do governo, “tomando” dinheiro de projetos independentes que sem o apoio dos editais sequer saem do papel. Mas isso é conversa pra depois.
7 comentários:
Tudo bem... tudo bem... vendamos... vendamos...
Mas a qualidade não está lá essas coisas. Se não temos agora a tal "crise de venda", temos a tal "crise de qualidade". Pouquíssimos são os que se aventuram por caminhos ousados. O mercado não deixa espaço para experimentalismos renovadores. As mesmas fórmulas em frascos novos.
Ótimo blog. Teremos espaço para muitas conversas virtuais.
Abraços
Rodrigo Fortes
Olá Fred...
Bom ver que você está de volta. Sempre motivador ver a sua paixão pelo cinema, principalmente para nós que somos do ramo, e que temos em pessoas como ti, o alento necessário para nos atirarmos neste mundo cinemático.
Mas deixando a ode de lado, vamos direto ao assunto.
Achei legal você abordar questões do mercado brasileiro de cinema, mas como Rodrigo Fortes disse acima (ainda que abordando bem superficialmente, mas eu também não pretendo expor aqui a complexidade da questão), a total imersão em um sistema de consumo ainda gera (gradativamente mais) diversos constragimentos ao ato de criação artística. É a velha questão da massificação, mas que acredito valer a pena você abordar em seus futuros comentários.
Acho que seria interessante também, partindo do prinípio de que você não foi fazer uma pesquisa de campo, citar a fonte de seus dados quanto à porcentagens e número de pessoas que assistiriam a determinados filmes.
Uma última sugestão seria você justicar certos juizos de valores expressos nos seus comentários. Quando você fala em tom pejorativo "sim, apesar de ser dirigido por Daniel Filho, o filme é divertido", nem todas pessoas podem conhecer o trabalho dele.
Mas concordo com você que Daniel Filho não é um "exímio" diretor cinematográfico, pois a forma, em seus filmes, apresenta uma estética televisiva, com planos curtos, pouca profundidade de campo e uma mise-en-scène tipicamente novelesca. A linguagem cinematográfica (algo que se espera ver no cinema) é recorrentemente negligenciada na carreira dele, provavelmente por ter adquirido vícios de linguagem dirigindo para a televisão desde a década de 60.
Enfim,
meus parabéns pela sua volta triunfante!
Abraço,
Rafael Lobo
fred, discordo do rafael, daniel filho não merece ter os juízos sobre si justificados. tanto, inclusive, que duvido que o filme possa ser divertido. (;
Fred,
Parabéns pelo blog! Adorei assistir Divã! A peça tbém foi muito boa. A Lília Cabral é uma grande atriz, impressionante como a expressão dela se transforma em cada cena, aparecem várias mulheres contidas em uma só.
Desejo sucesso em sua empreitada. Acompanharei sempre, o tema me fascina...
Grande Fredinho!
Parabéns pelo blog! Ta massa demais :)
Abs,
Guiga
1- concordo com o João que Daniel Filho não mereça justificativas.
2- essa prática de simplesmente dizer que a qualidade não está boa pra mim só cola se você vai lá e assiste (claro que tem filme que não é preciso ver pra saber q não vai dar muito certo), principalmente para aqueles que trabalham com cinema, é bom estar antenado sobre o q passa no seu país. E se um filme vai bem de boca-a-boca, não importando a classe social/intelectual, então alguma coisa tem ali para justificar tanta febre.
3- Rafa, muito obrigado pelas palavras. Estou até orgulhoso! E comente sempre, pois sei que as opiniões irão divergir muitas vezes, mas você argumenta muito bem e gosto disso, assim como o Rodrigo!
4- eu realmente ia colocar as fontes, mas confesso que esqueci. Nesse post, as fontes foram o FilmeB e a Ancine, além de dados do meu caderno de filmes de 2003, que era baseado no Epipoca. Ok assim? Prometo que vou atentar mais pra isso.
5- obrigado a todos pelos comentários. Estou surpreso com a quantidade de visitas e comentários nesse primeiro dia (mais de 100 visitas)! É isso que me estimulará a continuar postando!
\o/
Grande Fred! Que bom tê-lo de volta!
Suas análises são muito bem vindas e fico feliz que tenha retomado o blog.
Ontem assisti a divã e confesso que foi uma grata surpresa. Realmente me diverti ( o que não aconteceu com se eu fosse vc 2)e a Lília Cabral está muito bem.
Vixe! mais de 100 visitas no primeiro dia!! Ainda bem que seu blog não é sala de cinema, senão logo logo os ingressos estariam esgotados,rs!
Abração
Carlos.
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