Dirigido por Jane Campion (O Piano), Brilho de Uma Paixão foi um dos escolhidos dos críticos como “injustiçado” pelo Oscar, por ter sido indicado apenas na categoria de melhor figurino. Sinceramente, não vi muitas razões para que fosse indicado em outras categorias.
Baseado na biografia “Keats”, escrita por Andrew Motion e adaptada para o roteiro pela própria diretora, o filme mostra o romance entre o poeta John Keats e a jovem Fanny Brawne, no século XIX. Keats nunca teve posses e sempre se considerou um fracassado. Fanny era tida como uma moça mimada, cujos únicos interesses eram suas roupas e os flertes que lhe rendiam vários pretendentes. Ao ler um dos livros de Keats, Fanny vai atrás dele para pedí-lo que lhe ensine mais sobre poesia e sobre como declamar.
O amigo de Keats, Mr Brown, por mais antipático que seja, parece ser o mais lúcido entre todos e faz uma análise sóbria sobre a personalidade de Fanny e sabe bem manipular os atos e sentimentos alheios, mesmo sendo dono de características asquerosas. Para mim, é ele o personagem mais interessante, o único interpretado com o tal “brilho” do título, por Paul Schneider. Abbie Cornish e Ben Whishaw não me convenceram nem como casal e nem como indivíduos.
A fotografia é correta, mas especialmente bela quando conta com cenários naturais, envoltos em flores, árvores ou descampados.
O roteiro é semelhante às histórias de Jane Austen, mas passa do ponto ao colocar no filme diálogos por demais artificiais e sucessivas (e por vezes enjoativas) declamações de poemas. É tanto “açúcar na receita” que nem um grande copo d'água não amenizaria a situação. Talvez devesse dar mais densidade aos personagens que cercam a protagonista, dando ao público um respiro da antipatia dela que, se vivesse nos tempos de hoje, poderia ser comparada a uma garota emo fútil e de sentimentos depressivos.
Talvez o fato de eu não me identificar com estas histórias blasé inglesas tenha contribuído para a falta de empatia com este, assim como aconteceu com Educação – e talvez seja pertinente dizer que eu prefiro aquele longa a este Brilho de Uma Paixão.
Dou o braço a torcer de que, no geral, esta é uma boa produção, mas definitivamente não me cativa. Só me enfadonha.
Trailer:
(Bright Star, Inglaterra/Austrália/França, 119 minutos, 2009)
Dir.: Jane Campion
Nota 5,0
3 comentários:
Tb tenho uma certa aversão a "histórias blasé inglesas". Dificilmente eu vá gostar desse aqui.
Abs.
Pois é, Bruno.
Não sei se você já assistiu, mas acho que você não gostaria, não...
Eu realmente não gostei desse filme, me esforcei, mas não assisti até o fim.
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